Karina diz que o reajuste vem em um momento de dólar menos valorizado frente ao real, “favorecendo as contas da petrolífera brasileira”, que tem grande parte de sua dívida negociada em dólar (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
O anúncio de alta de 5% no preço do óleo diesel nas refinarias, feito ontem pela Petrobras, pegou analistas e investidores de surpresa. Inesperado ou não, o reajuste é visto por analistas como um sinal de que o governo pode estar tentando fazer as pazes com o mercado.
A falta de perspectiva para o papel, diante do uso da empresa para segurar a inflação, fez boa parte dos analistas retirar a estatal de suas carteiras sugeridas deste mês.
Em relatório enviado a clientes, o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, afirma que, apesar da necessidade inquestionável, as forças por trás do aumento no preço do diesel são desconhecidas. “Poderiam os políticos estar jogando a favor da Petrobras agora? Esperamos que sim”, afirma.
De olho em 2014?
A tese de Sequeira é a de que, preocupado com a repercussão negativa dos problemas financeiros da Petrobras, o governo começou a mudar sua atitude em relação à estatal, para evitar o excesso de críticas à medida que as eleições presidenciais de 2014 se aproximam.
Para ele, a decisão inesperada abre a esperança de que novos reajustes de combustíveis possam vir a ser anunciados ao longo deste ano.
Olhar mais atento
Já a analista Karina Freitas, da corretora Concórdia, afirma que o movimento de reajuste, apesar de contrário às intenções do governo de segurar a inflação e estimular o crescimento econômico, mostra “um olhar mais atento do controlador às necessidades da companhia”.
Ela afirma que essa alta do diesel aproxima ainda mais os preços dos derivados do petróleo no Brasil e no exterior, aliviando o caixa da Petrobras. “Isso pode promover um cenário mais amigável por parte dos investidores”, afirma, em relatório enviado a clientes.
Dólar também ajuda
Karina destaca também que o reajuste proposto vem em um momento de dólar menos valorizado frente ao real, “favorecendo as contas da petrolífera brasileira”, que tem grande parte de sua dívida negociada em dólar.
Por volta das 15h50, as ações ordinárias (ON, com voto) da Petrobras subiam 13,19%, chegando a R$ 16,13. As preferenciais (PN, sem voto), tinham 7% de alta, atingindo os R$ 7,72. O Índice Bovespa subia 2,96%, chegando a 57.606 pontos.