O Banco Popular da China intensifica suporte ao yuan em meio a pressões externas e alta do dólar. (Wikimedia Commons)
Redator na Exame
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 07h06.
Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 07h06.
O Banco Popular da China (PBOC) intensificou o suporte ao yuan nesta quinta-feira, 19, utilizando a taxa de referência diária mais forte desde julho. A medida ocorre após o dólar se valorizar em resposta à cautela do Federal Reserve sobre cortes futuros nas taxas de juros, que levaram o yuan offshore a atingir seu menor valor em um ano.
A taxa de referência fixada pelo PBOC superou em 1.232 pips a estimativa média de analistas consultados pela Bloomberg, impulsionando o yuan offshore em 0,2%. A estratégia reflete o esforço das autoridades chinesas para conter a depreciação da moeda frente à resiliência do dólar e às expectativas de que a China pode permitir um yuan mais fraco para contrabalançar os impactos das tarifas dos EUA sobre suas exportações.
Desde a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, o PBOC vem utilizando fixações mais fortes como uma linha vermelha suave em torno de 7,2 por dólar, um nível considerado crítico. O banco central chinês também tem defendido a moeda no mercado onshore, limitando os movimentos da taxa de câmbio em 2% em relação à taxa diária de referência.
Além disso, bancos estatais chineses têm vendido dólares logo após a abertura do mercado onshore, enquanto suas filiais offshore reduzem empréstimos em yuan no mercado de swaps, restringindo a liquidez e estabilizando a moeda.Segundo Ken Cheung, estrategista-chefe de câmbio da Ásia no Mizuho Bank, essas medidas demonstram o forte compromisso do PBOC em limitar a desvalorização do yuan. Ele prevê que a moeda poderá se recuperar para cerca de 7,3 por dólar até o final do ano.
Embora o PBOC intensifique seus esforços, o yuan continua sob pressão devido às tensões comerciais entre China e EUA, à crise prolongada no setor imobiliário chinês e à queda no sentimento do consumidor. Na última semana, autoridades chinesas prometeram um suporte econômico mais ousado para 2025, incluindo uma política monetária "moderadamente frouxa" e medidas fiscais mais proativas.
Apesar disso, a expectativa de cortes adicionais nas taxas de juros pelo PBOC está reduzindo os rendimentos dos títulos chineses, ampliando o diferencial em relação aos títulos dos EUA e pressionando ainda mais o yuan. Analistas do BNP Paribas, UBS e Société Générale preveem que o yuan onshore pode superar o recorde de baixa de 7,3510 em algum momento de 2025.
Nesta quinta-feira, 19, em Xangai, o yuan onshore estava cotado a 7,2987 por dólar, acumulando uma queda de 0,2% no dia e registrando sua sétima sessão consecutiva de desvalorização. O yuan offshore, no entanto, mostrou leve recuperação, refletindo as ações recentes do PBOC.
Embora as intervenções mostrem o compromisso da China em estabilizar sua moeda, as previsões para 2025 indicam que desafios como a perspectiva de uma nova guerra comercial com os EUA podem trazer maior volatilidade ao mercado cambial.