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Caos em Brasília: bolsa pode enfrentar turbulência no curto prazo

Analistas esperam apreensão nos mercados e veem Lula fortalecido após ataques antidemocráticos

Manifestantes invadiram Congresso, STF e Palácio do Planalto no último domingo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Manifestantes invadiram Congresso, STF e Palácio do Planalto no último domingo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 06h03.

Última atualização em 9 de janeiro de 2023 às 15h19.

O último domingo, 8, foi um dia de caos em Brasília, com bolsonaristas invadindo e depredando o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) – sedes dos três poderes da República. Os invasores foram retirados e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu a responsabilização dos envolvidos em um tom duro, que foi seguido pelo ministro da Justiça Flávio Dino.

Mesmo com a resposta do governo, analistas avaliam que os ataques, ao menos no curto prazo, podem aumentar a incerteza e o risco de se investir no Brasil. E a preocupação, por sua vez, é o principal ingrediente para gerar turbulência nos mercados.

“Neste cenário é razoável supor que a percepção de risco se eleva e assim juros devem subir com efeitos [negativos] na bolsa e outros ativos”, afirmou, em nota, o economista André Perfeito.

Ainda assim, o impacto deve ser controlado – nesta segunda, o Ibovespa opera em leve queda. 

"Nossa visão é que os patamares dos valores dos ativos não mudam muito a partir dos episódios de ontem, vai depender mais dos desdobramentos. Ou seja, não esperamos uma queda muito forte da bolsa ou alta muito forte do dólar só pelos eventos de ontem", diz Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

E para o longo prazo, a expectativa é de fortalecimento de Lula, segundo o JPMorgan. “O impacto político pode ser mais prolongado. Com o fortalecimento do presidente e o enfraquecimento da oposição, percebe-se uma maior radicalização da esquerda, talvez levando a agenda mais longe do que se imagina, ainda que o Congresso continue dominado pelos partidos de centro que, ao menos em tese, seriam uma força contra a radicalização", escrevem os analistas Emy Shayo Cherman, Cinthya M Mizuguchi e Pedro Martins Jr em relatório distribuído ontem.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou a primeira semana do governo Lula em queda de 0,7% depois de forte volatilidade.

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