Renato Nobile, sócio e gestor da Buena Vista (Buena Vista/Divulgação)
Repórter
Publicado em 31 de julho de 2023 às 10h40.
Última atualização em 31 de julho de 2023 às 12h03.
Idealizadora do que pode ser o primeiro ETF de distribuição de proventos do Brasil, a gestora Buena Vista concluiu mais um passo para colocar seu produto na rua: a formação do índice de referência. Será o NEOS U.S Equity High Income Index, desenvolvido pela provedora de índices americana MerQube. É com base nesse índice que está ancorada a atuação do ETF da Buena Vista, que seguirá a estratégia de cobertas de opções de compra (covered call). As operações serão feitas com base em ações das maiores empresas dos Estados Unidos.
O ETF da Buena Vista foi inspirado no ETF americano NEOS S&P 500 High Income ETF (SPYI), da Neos Funds, com histórico de distribuição de 12% em dividendos no último ano. Nos últimos trinta dias, seu rendimento foi de cerca de 1%. É essa rentabilidade que o Renato Nobile, gestor e sócio da Buena Vista, espera entregar a seus cotistas no Brasil.
Nos Estados Unidos, o SPYI funciona como um ETF ativo, sem que haja a necessidade de seguir um índice de mercado. No Brasil, porém, a regulamentação exige que ETFs sigam índices de referência. Por isso, foi necessária a criação de um índice para o lançamento do produto no mercado local. O índice NEOS U.S Equity High Income Index será de uso exclusivo da Buena Vista.
Em testes realizados pela MerCube aplicando a mesma estratégia desde 2006, o índice de referência para o ETF da Buena Vista teria rendido 368% aos cotistas contra 265% do S&P 500. O índice calcula tanto o rendimento da cota quanto o pagamento de proventos. Na prática, porém, a cota do ETF tende a ser mais estável devido à distribuição dos dividendos.
O índice desenvolvido pela MerCube considera a aplicação da mesma estratégia desde o início de 2006 em comparação com o S&P 500. Nesse período, a estratégia que será empregada pelo ETF
Além da parceria com a MerCube, a Buena Vista selou contrato com a Vórtx, que irá atuar como banco administrador do ETF. À Exame Invest, Nobile comentou que chegou a conversar com bancos tradicionais para que pudessem fazer a administração do fundo. Mas questões tecnológicas envolvendo a distribuição dos proventos ainda estavam sendo desenvolvidas, o que poderia adiar o lançamento do ETF. Com a parceria já fechada com a administradora e a provedora do índice, o próximo passo da Buena Vista será na frente de distribuição do fundo para a realização da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do ETF na B3.
O fundo, basicamente, venderá no mercado a opção para que outro investidor compre uma determinada ação a um preço de exercício preestabelecido (strike) -- e, para ter essa opção, o investidor paga ao fundo um valor (ou um "prêmio", na língua do mercado).
Se a ação cair abaixo do strike, o investidor pode escolher não exercer a opção de compra. Nesse caso, o fundo ganharia todo o prêmio, mas perderia em valor de cota, já que a desvalorização do ativo afetaria seu patrimônio. Isso ocorre porque a venda coberta de opção de compra é feita sempre com as ações no bolso. Por outro lado, se a ação subir acima do strike e o investidor decidir realizar a opção de compra, o fundo perderia a diferença entre o preço de exercício da opção e a atual cotação do papel. Mas, o prêmio recebido anteriormente pela opção de compra suavizaria a perda com a operação.As operações de covered call serão feitas com base nas ações que compõem o principal índice de ações dos Estados Unidos. Além dos ganhos obtidos por meio das operações feitas no mercado de opções, eventuais dividendos pelas empresas também serão pagos aos cotistas do ETF da Buena Vista.
A compra e venda dos ETF de proventos serão, como de todos os outros já listados, feitas por meio de aplicativos de corretoras ou homebrokers. O prazo de resgate seguirá o da própria bolsa, de D+2. Sua listagem foi liberada pela B3 no início do ano
Nenhum ETF lançado até agora faz a distribuição de dividendos aos cotistas. Todo os proventos recebidos eram reinvestidos no fundo, Ou seja, o valor do investimento aumentava sem a necessidade de novos aportes, mas o dinheiro não caía diretamente na conta dos cotistas.