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Bolha imobiliária e endividamento: a nova ameaça que vem da China

Gigante chinês do setor imobiliário Evergrande faz e sofre alertas de riscos de inadimplência, com consequências potenciais negativas sobre outras empresas e setores

Pedestres em Xangai: gigante do setor imobiliário pode causar crise em efeito dominó sobre outros setores | Foto: Aly Song/Reuters (Aly Song/Reuters)

Pedestres em Xangai: gigante do setor imobiliário pode causar crise em efeito dominó sobre outros setores | Foto: Aly Song/Reuters (Aly Song/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2021 às 07h16.

Por Carlo Cauti*

O gigante chinês do setor imobiliário Evergrande está mergulhado cada vez mais em uma crise de superendividamento. E se esse colosso colapsar, outras empresas podem ser varridas do mapa.

Na última quarta-feira, 8, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito da Evergrande e de duas de suas subsidiárias de CCC+ para CC. Isso por causa do risco de inadimplência iminente.

"O rebaixamento reflete nossa visão de que um problema de algum tipo parece provável", escreveram os especialistas da Fitch ao explicar a nova nota de crédito.

"Acreditamos que o risco de crédito é alto com liquidez restrita, queda nas vendas de contratos, pressões de atrasos nos pagamentos a fornecedores e empreiteiros e progresso limitado na venda de ativos."

A Evergrande é o segundo maior grupo de construções da China, mas também é a incorporadora imobiliária mais endividada do mundo.

Nos últimos dias, as agências de classificação de risco Moody's e até mesmo a chinesa China Chengxin International (CCXI) também haviam rebaixado suas notas de crédito -- e isso aconteceu repetidas vezes desde o começo do ano.

Essas revisões chegam uma semana após um alerta lançado pela própria Evergrande. A segunda maior incorporadora da China alertou sobre os riscos de liquidez e inadimplência caso não consiga retomar a atividade de construção, vender participações e renovar empréstimos.

Essa declaração aumentou a inquietação de investidores nos mercados financeiros chineses e internacionais.

O preço das ações da Evergrande, listadas em Hong Kong, caiu para o menor valor de sua história, o de 2009, quando abriu seu capital. Desde o início do mês, o preço caiu 15%; e desde o começo do ano a queda foi de 76%.

"Esperamos que o caminho de desalavancagem da empresa seja acidentado, o que pode levar a grandes descontos nas vendas de propriedades e possível alienação de ativos", escreveram analistas do Goldman Sachs em um relatório recente.

O risco percebido pelos investidores é que uma eventual falência da Evergrande desencadeie um efeito cascata e isso leve juntos outros grupos imobiliários.

Não por acaso, os preços dos títulos de outras empresas imobiliárias chinesas também caíram significativamente.

Mas o medo é que essa crise possa se tornar um choque também para o sistema bancário chinês. Isso porque a Evergrande tem US$ 104 bilhões de dívida em títulos posicionados no mercado. Cerca de um terço dos US$ 302 bilhões da dívida total.

A Bolsa de Valores de Hong Kong chegou a suspender a negociação de alguns papéis do setor imobiliário por causa da turbulência nos preços.

Embora não haja vencimentos de dívida previstos para este ano, a Fitch estima que a Evergrande terá que pagar juros sobre títulos de US$ 129 milhões em setembro e US$ 850 milhões antes do final do ano.

E em 2022 vão vencer títulos da dívida por US$ 7,4 bilhões.

Em junho, a Evergrande já não tinha honrado o pagamento dos juros, o que acelerou a queda dos preços dos títulos nas Bolsa de Valores.

É possível que a empresa decida suspender o pagamento de juros sobre empréstimos de dois bancos que vencem em alguns dias. A empresa também está lutando para evitar os pagamentos aos fornecedores.

As autoridades governamentais chinesas até agora não se manifestaram. Todavia existe há alguns anos uma preocupação forte em Pequim sobre os riscos do estouro de uma bolha imobiliária no país.

Não por acaso, o megainvestidor americano George Soros classificou há poucos os investimentos da BlackRock no setor imobiliário na China como um “erro trágico” que “vai custar dinheiro” para a maior gestora do mundo.

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