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Biden anuncia cancelamento de dívidas de empréstimos estudantis

O mandatário vai cumprir com uma promessa de campanha e perdoar US$ 10 mil em dívidas estudantis federais para cada mutuatário

O Presidente dos EUA, Joe Biden (Evelyn Hockstein/Reuters)

O Presidente dos EUA, Joe Biden (Evelyn Hockstein/Reuters)

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira, 24, que vai cancelar as dívidas federais de empréstimos estudantis para dezenas de milhões de cidadãos americanos.

O mandatário vai perdoar US$ 10 mil em dívidas estudantis federais para os americanos que ganham menos de US$ 125 mil por ano ou US$ 250 mil por ano para casais ou chefes de família.

Esse cancelamento poderá chegar aos US$ 20 mil para os beneficiários do Pell Grants, os empréstimos do governo americano para os estudantes com necessidades financeiras.

Além disso, Biden estendeu a moratória no pagamento da maioria dos empréstimos estudantis federais até dia 31 de dezembro de 2022. O pagamento tinha sido suspenso durante a fase mais aguda da pandemia do novo coronavírus, mas as parcelas voltariam a serem pagas no dia 31 de agosto.

“De acordo com minha promessa de campanha, meu governo está anunciando um plano para dar espaço para as famílias trabalhadoras e de classe média enquanto se preparam para retomar os pagamentos de empréstimos estudantis federais em janeiro de 2023”, escreveu Biden em seu perfil no Twitter.

O perdão presidencial poderia beneficiar entre nove e quinze milhões de americanos, cujas dívidas poderiam ser zeradas.

O custo para o governo federal dessa decisão será de cerca de US$ 244 bilhões. Mas poderiam ter outros US$ 120 bilhões de custo adicional caso o cancelamento das dívidas do Pell Grant seja confirmado.

Valor dos empréstimos estudantis nos EUA supera valor do PIB do Brasil

O montante total dos empréstimos estudantis nos Estados Unidos superou os US$ 1,7 trilhão. Um valor muito maior aos das dívidas com cartões de crédito ou de automóveis, e maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021, que foi de US$ 1,6 trilhão.

Mais de 40 milhões de americanos estão endividados por causa de gastos que enfrentaram durante seu período universitário.

Além disso, os custos crescentes do ensino superior e os salários estagnados levaram para uma disparada da dívida estudantil, com o saldo médio que mais do que dobrou, passando de US$ 12 mil em 1980 para US$ 30 mil em 2021.

Antes do começo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), apenas a metade dos mutuatários estavam em dia com os pagamentos, enquanto cerca de 25% - ou mais de 10 milhões de pessoas - estava inadimplente. Números parecidos com a crise dos subprimes de 2008.

A questão se tornou tão grave que no debate público dos Estados Unidos se começou a falar da “crise dos empréstimos estudantis”.

Críticas por parte dos Republicanos e dos Democratas

A decisão de Biden gerou fortes críticas por parte dos políticos do Partido Republicano.

“Quem terá que pagar pelo calote da dívida decidido por Biden? Os trabalhadores americanos que já pagaram suas dívidas ou nunca assumiram dívidas de empréstimos estudantis”, escreveu no Twitter o líder do Partido Republicano da Câmara dos Deputados de Washington, Kevin McCarthy.

Entretanto, o cancelamento das dívidas gerou críticas também entre muitos políticos do partido Democrático que pediam pelo menos o cancelamento de todas as dívidas estudantis ou de, pelo menos, US$ 50 mil por cada mutuatário.

No entanto, segundo alguns economistas, um corte maior das dívidas oriundas de empréstimos estudantis poderia piorar ainda mais as taxas de inflação já muito elevadas.

Mesmo economistas geralmente alinhados com a Casa Branca, incluindo o ex-secretário do Tesouro do governo de Bill Clinton, Larry Summers, e o ex-economista do governo Obama, Jason Furman, criticaram o custo de um possível cancelamento de dívida estudantil e alertaram que isso poderia forçar futuros cortes de gastos ou aumentos de impostos.

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