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BDRs: dados da Johnson mantêm fabricantes de vacina no radar de investidor

Johnson & Johnson abre temporada de balanço das farmacêuticas que atuam com vacinas contra a Covid-19

A J&J apresentou uma receita de 12,9 bilhões de reais em sua operação farmacêutica, um aumento de 9,6% em relação ao ano passado (Dado Ruvic/Illustration/File Photo/Reuters)

A J&J apresentou uma receita de 12,9 bilhões de reais em sua operação farmacêutica, um aumento de 9,6% em relação ao ano passado (Dado Ruvic/Illustration/File Photo/Reuters)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 21 de abril de 2021 às 07h20.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 11h09.

Em dezembro de 2020, uma britânica de 90 anos foi a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no mundo. Quatro meses depois, as produtoras dos cobiçados imunizantes começam a divulgar os primeiros resultados financeiros consolidados já com o impacto das vendas do imunizante.

A Johnson & Johnson primeira do grupo a divulgar seu balanço surpreendeu o mercado nesta terça-feira, 20, com resultados trimestrais turbinados pela venda de vacinas. A empresa apresentou uma receita de 12,9 bilhões de reais em sua operação farmacêutica, um aumento de 9,6% em relação ao ano passado. 

Os ganhos são resultado dos 100 milhões de dólares gerados pela venda de sua vacina contra a Covid-19 nos três primeiros meses do ano. Após a divulgação, as ações da empresa avançaram 2,33% no mercado internacional e subiram 1,88% na bolsa brasileira através de um BDR (JNJB34) que espelha os papéis da companhia na B3. 

Outra notícia que pode continuar a beneficiar os papéis da Johnson & Johnson é a retomada do uso de suas vacinas na Europa. A aplicação do imunizante da Janssen, braço farmacêutico da J&J, estava suspensa no continente desde a semana passada após a descoberta de uma condição adversa rara envolvendo coágulos sanguíneos e supostamente ligada à vacina. 

Nesta terça, porém, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) disse que os benefícios do imunizante superam os riscos. A vacina ainda está suspensa nos Estados Unidos, e a expectativa é que as autoridades do país reavaliem o uso do imunizante até o final desta semana. O número de casos é pequeno: entre 7 milhões de pessoas vacinadas com o produto da J&J, foram só 8 relatos de coágulos sanguíneos – cerca de 0,0001% da amostra.

Enquanto a J&J esteve escanteada, as ações das principais concorrentes se beneficiaram. O BDR da alemã BioNTech (B1NT34), parceira da Pfizer na produção do imunizante, disparou 21,65% desde o anúncio do revés da vacina da Janssen. Já os BDRs de Moderna (M1RN34), Pfizer (PFIZ34) e AstraZeneca (A1ZN34) têm alta acumulada no período de 6,28%, 2,37% e 1,84% respectivamente.

O diretor financeiro da J&J, Joseph Wolk, disse em entrevista à CNBC nesta terça-feira, 20, que a empresa espera entregar outras 100 milhões de doses ainda no primeiro semestre de 2021, caso a investigação sobre os casos de coágulos sanguíneo indiquem um bom custo-benefício do imunizante.

Caso tudo corra como esperado, o lucro, as ações e o BDR da empresa podem apresentar bons resultados. Ao analisar os papéis da companhia, no entanto, os investidores devem ficar atentos a um porém: a Johnson & Johnson não atua exclusivamente na produção de vacinas, e seus resultados contam com muitas outras variáveis além do sucesso do imunizante contra Covid-19.

“A J&J não é um laboratório, é uma empresa que atua também no mercado de higiene pessoal, tem produtos de consumo. Alguns podem dizer que ela está cara ao comparar seus múltiplos [métricas de avaliação de resultados] com o de outras farmacêuticas, mas isso se deve a suas outras operações. Não é um papel comparável com os demais”, explica Bernardo Carneiro, analista de BDRs da EXAME Invest Pro.

EmpresaEstimativa de P/L para 2022*Valorização acumulada do BDR no ano**
AstraZeneca

16

10,12%

BioNTech

10,2

95,39%

Johnson & Johnson

16

14,41%

Moderna

10,2

50,40%

Pfizer

12,7

13,52%

*Segundo consenso de mercado Bloomberg
**De acordo com dados do Investing

Entre as demais farmacêuticas, os BDRs da BioNTech são os que apresentam maior valorização no ano. Carneiro reforça, no entanto, que os papéis já estão caros. “A BioNTech é um laboratório pequeno que se beneficiou muito da vacina, subiu acima do preço-alvo dos analistas da empresa no exterior. Os lucros podem continuar a crescer se houver necessidade de reforço ou terceira dose da vacina”. 

A Moderna também se beneficiaria de uma receita recorrente caso a vacina contra a Covid-19 exigisse necessidade de reforços periódicos, como atualmente são as da gripe. Na opinião de Carneiro, a Pfizer é a farmacêutica com menor exposição aos altos e baixos da vacina contra a Covid-19. 

“É uma empresa muito sólida, não assusta o investidor. É boa pagadora de dividendos e promove recompra de ações, trazendo um retorno médio de 7,5% ao acionista”, afirma. A Pfizer é a única do setor de saúde a compor a carteira recomendada de BDRs da Exame Invest Pro.

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