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B3: Vale a pena investir na ação após queda de 40%?

Analistas mantêm recomendação de compra, mas veem curto prazo desafiador para os papéis

 (Eduardo Frazão/Exame)

(Eduardo Frazão/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 18 de novembro de 2021 às 06h05.

Uma das principais apostas do mercado no início do ano, as ações da B3 (B3SA3) acumulam perdas de 40% desde o seu melhor momento em fevereiro. Entre os principais motivos que levaram à depreciação dos papéis está a piora das perspectivas para a economia local, que já vem reduzindo o número de aberturas de capital na bolsa e pode mitigar a entrada de novos investidores

“As ações da B3 têm uma correlação negativa com os juros. Qualquer coisa que piorar o cenário macroeconômico, como um resultado da eleição que desagrade o mercado ou um desfecho ruim para a PEC dos Precatórios, pode gerar quedas acentuadas no papel”, afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus. 

No início do ano, quando os papéis da B3 estavam próximos da máxima histórica, as projeções do Focus eram de crescimento de mais de 2% para os próximos dois anos, com Selic e IPCA abaixo de 6% e 3,25% ao ano, respectivamente.

Hoje, o consenso é que o PIB não irá crescer mais de 1% no ano que vem, a Selic terminará 2022 em 11% ao ano e o IPCA ficará acima da meta até 2023. Em meio às preocupações fiscais persistentes, quando não crescentes, as estimativas seguem piorando.

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“Com Selic bem mais alta, grande queda do Ibovespa e investidores de varejo com tendência de retomada da renda fixa, o menor giro e a capitalização de mercado deve pressionar o segmento de ações”, avaliam analistas do BTG Pactual em relatório.

Na Ativa Investimentos, o preço-alvo para as ações da B3 foi rebaixado nesta quarta-feira, dia 17, de 19,00 reais para 14,80 reais considerando os próximos 12 meses. A ação foi negociada no fechamento a 12,66 reais nesta quarta, dia 12, o que representa uma queda de 40% em relação à máxima deste ano, de 21,15 reais em 5 de fevereiro. 

'Tem que ter estômago'

Para Quaresma, os papéis devem apresentar forte volatilidade no curto prazo, influenciados por questões macroeconômicas. “O crescimento de receita da B3 depende muito de novos investidores, por isso as ações são tão inversamente correlacionadas aos juros. É uma posição mais arriscada dado o momento mais turbulento”. 

Segundo ela, porém, as ações da B3 podem ser um “ótimo investimento” para investidores com horizonte de pelo menos três anos. 

“Menos de 5% da população brasileira investe diretamente na bolsa, enquanto nos EUA, essa proporção é de 15%, sem contar aqueles que investem por meio de fundos. Se o Brasil continuar nesse ritmo, a perspectiva estrutural é muito boa para a ação.”

Quaresma também ressalta a importância da frente de negócios com dados como uma potencial avenida de crescimento. 

“É uma frente em que a B3 vem tentando crescer rapidamente por meio de aquisições, mas ainda é cerca de 10% da receita. Nas bolsas americanas NYSE e Nasdaq, esse percentual é de 30%. Pode ser que aqui isso se torne algo grande, tendo em vista como esse mercado se desenvolveu lá fora. Mas, até se tornar uma máquina de crescimento, demanda tempo. No curto prazo, o investidor tem que ter estômago para aguentar a volatilidade.”

'Mina oculta' 

A última cartada na B3 na frente de dados foi a aquisição da Neoway há um mês por 1,8 bilhão de reais, a maior operação já realizada pela companhia desde a fusão com BM&F e Cetip em 2017. Dentro da companhia, sua base de dados é tida como uma “mina de ouro”.

Segundo analistas do BTG, a expertise da Neoway na área deve ajudar a B3 a extrair esse ouro da mina, monetizando a base de dados. “A demanda por serviços de Big Data está ganhando força no Brasil, portanto, considerando o tempo de lançamento no mercado, a B3 achou que seria melhor enfrentar essa iniciativa por meio de fusão e aquisição.”

“Nossa percepção é que há mais por vir. Tendemos a acreditar que muitas notícias ruins já estão no preço das ações”, afirmam os analistas do BTG, que recomendam a compra da ação da B3, considerando um P/L de 15x para o ano que vem. 

“Com os esforços do B3 para entrar em novos caminhos de crescimento, as ações podem ser uma boa opção para 2022, apesar dos riscos potenciais de queda nos volumes de ações.” O BTG tem preço-alvo para a B3 em 17,50 reais, representando um potencial de alta de 38% em relação ao preço de fechamento desta quarta.

Ainda que com preço-alvo um pouco abaixo, Leo Monteiro, analista da Ativa Investimentos, também recomenda a compra das ações da B3. Em relatório, Monteiro pontua que a tese da empresa é uma das "mais sólidas da bolsa" e que "mais do que resiliente, a empresa se mostra antifrágil em momentos de extrema volatilidade".

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