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Ata do Copom reforça expectativa por novas altas de juros

Expectativa do mercado é por elevação da Selic em agosto, com possibilidade de alta também em setembro

Banco Central: ata do Copom confirma expectativa de nova alta da Selic em agosto (./Exame)

Banco Central: ata do Copom confirma expectativa de nova alta da Selic em agosto (./Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 21 de junho de 2022 às 11h39.

Última atualização em 21 de junho de 2022 às 14h43.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), divulgada nesta terça-feira, 21, pela manhã, reforçou a percepção do mercado de que a tendência de juros mais altos deve se manter por mais algum tempo. 

"A estratégia de convergência para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante”, informa a ata.

O documento é referente à decisão da última quarta-feira, na qual o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual (p.p.), levando a Selic de 12,75% para 13,25% ao ano.

O Copom já havia sinalizado no comunicado após a decisão que iria aumentar a taxa básica de juros novamente em agosto, em ajuste de igual ou menor magnitude para garantir a convergência da inflação em torno da meta. 

“Comparado ao comunicado, a ata teve um tom mais hawkish, com BC reafirmando o compromisso de trazer a inflação para próximo da meta e mais preocupado com o cenário internacional de inflação. Acreditamos que a taxa de juros deve ficar alta por mais tempo”, avaliou, em nota, Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas.

O banco prevê uma alta de 0,5 p.p. em agosto, seguida de uma nova elevação de 0,5 p.p. em setembro, levando a Selic para 14,25% ao final de 2022. A projeção da casa é de que o BC comece a cortar juros apenas a partir do segundo trimestre do próximo ano, levando a taxa para 10,50% em 2023.

Na ata, o Comitê reconheceu que o ajuste da política monetária feito até agora foi intenso, mas alertou para a deterioração das perspectivas globais, que, somadas aos riscos fiscais, podem continuar a pressionar os preços.

“O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais”, diz o documento.

“É uma ata que destaca bastante o cenário externo, desde a política de covid zero na china, até a guerra na Ucrânia e a desaceleração da economia global. Reforça em vários parágrafos que o cenário é incerto, gerando cautela adicional na atuação do Copom. Interpreto que o Copom deve continuar subindo juros para além de agosto”, afirmou Gustavo Cruz estrategista da RB Investimentos.

Os analistas do BTG Pactual, por outro lado, acreditam que a ata trouxe um tom contracionista, com sinalização de fim da alta de juros. “O Banco Central brasiliero foi o primeiro a começar e deve ser o primeiro a terminar [o ciclo de alta] mesmo com BCs desenvolvidos subindo juros, usando como tese à defasagens dos efeitos da política monetária e que, implicitamente, o centro da meta não será perseguido em 2023”, afirmaram os analistas liderados por Álvaro Frasson em relatório.

O banco projeta uma alta de 0,5 p.p. em agosto e manutenção da taxa em setembro, levando a Selic para 13,75% ao final de 2022.

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