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Arábia Saudita quer completar uma missão: 'comprar o mundo'

O Fundo de Investimento Público saudita, liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, aposta alto em investimentos globais para diversificar a economia além do petróleo

Mohammed bin Salman (MBS) controla o fundo soberano da Árabia Saudita desde 2015. (BERTRAND GUAY/Getty Images)

Mohammed bin Salman (MBS) controla o fundo soberano da Árabia Saudita desde 2015. (BERTRAND GUAY/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 08h07.

Nos meses que antecederam o 30º aniversário de Mohammed bin Salman, quase uma década atrás, o ainda não coroado príncipe herdeiro da Arábia Saudita recebeu uma responsabilidade crucial para o futuro do reino: o controle total do Fundo de Investimento Público (PIF). Em 2015, MBS tornou-se presidente do fundo soberano, que havia sido estabelecido em 1971 e estava pronto para ser transformado. De uma engrenagem lenta do estado, o PIF estava prestes a se tornar uma potência de investimento com presença global. As informações são da Business Insider.

Sob a liderança de MBS, o PIF, oficialmente comandado pelo governador Yasir Al-Rumayyan, intensificou sua missão de investir em ativos de alto perfil ao redor do mundo nos últimos anos, com o objetivo de reduzir a dependência econômica da Arábia Saudita em relação ao petróleo. Essa missão é parte fundamental do ambicioso programa Vision 2030, liderado por MBS, que depende do sucesso do PIF em gerar retornos de suas apostas internacionais e alavancar esses investimentos para construir novas indústrias dentro do país.

A carteira de investimentos do PIF é uma vitrine de nomes proeminentes no cenário empresarial global. No setor de tecnologia, o fundo investiu US$ 3,5 bilhões (R$ 19,15 bilhões) na Uber, US$ 45 bilhões (R$ 246 bilhões) no SoftBank Vision Fund, adquiriu 60% da Lucid Motors, uma concorrente da Tesla, e tornou-se majoritário na startup de realidade aumentada Magic Leap. Além disso, injetou bilhões de dólares na LIV Golf, liderou a aquisição do Newcastle United por US$ 415 milhões (R$ 2,2 bilhões), apoiou um fundo de infraestrutura da Blackstone com US$ 20 bilhões (R$ 109 bilhões) e investiu na Carnival, a maior operadora de cruzeiros do mundo. Em junho de 2024, o PIF expandiu sua participação no aeroporto de Heathrow, em Londres.

Segundo Steffen Hertog, professor associado da London School of Economics, em entrevista para a Business Insider a atração do PIF por marcas de destaque não se resume a aumentar sua visibilidade no Ocidente. "Essas são, em sua maioria, empresas ativas em setores que o PIF e MBS consideram essenciais para a diversificação econômica doméstica da Arábia Saudita", afirmou Hertog.

Investimento e risco altos

No entanto, embora a Arábia Saudita continue expandindo seus investimentos globais, o PIF enfrenta alguns riscos significativos. Alguns dos investimentos de alto perfil do fundo no exterior têm enfrentado dificuldades financeiras. Por exemplo, a Lucid Motors, que levantou mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,47 bilhões) dos sauditas em 2018, teve que receber um aporte adicional de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,2 bilhões) este mês devido à baixa demanda por veículos elétricos.

O PIF também teve que sustentar a Magic Leap, investindo US$ 750 milhões (R$ 4,1 bilhões) na empresa desde o início de 2023, já que a startup de realidade aumentada luta para popularizar seus headsets. Apesar das dificuldades, Hertog ressalta que é cedo para avaliar o desempenho geral do fundo, já que muitos dos investimentos ainda estão em estágios iniciais.

Além dos desafios financeiros, as ligações do PIF com figuras políticas também levantam preocupações. Jared Kushner, genro de Donald Trump, recebeu um compromisso de US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) do PIF para seu fundo de private equity, o que gerou uma investigação por parte do Comitê de Finanças do Senado dos EUA.

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