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Após disparada do dólar, especialistas já falam em guerra cambial

Moeda chinesa bateu menor preço desde a crise financeira de 2008; Trump acusou China de “manipulação cambial”; entenda

dólar real (NurPhoto/Getty Images)

dólar real (NurPhoto/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de agosto de 2019 às 07h30.

Última atualização em 6 de agosto de 2019 às 07h30.

Os novos episódios da disputa comercial entre China e Estados Unidos adicionaram mais insegurança aos mercados. No mercado chinês, o preço do dólar subiu 1,4% e ultrapassou a marca de 7 iuanes pela primeira vez desde a crise financeira de 2008. A desvalorização da moeda local faz com que os produtos e bens chineses ganhem competitividade no mercado internacional.

A escalada de tensões entre os dois países teve reflexos em mercados emergentes, inclusive no Brasil, onde a moeda fechou o dia em 3,9572 reais. Essa foi a sexta alta consecutiva.

Especialistas atribuem a alta às tensões comerciais entre americanos e chineses. “A China começou uma guerra cambial e desvalorizou o iuane. Permitiram o dólar ultrapassar 7 iuanes. Isso mexeu com todo o mercado”, afirmou Sidnei Nehme, especialista do mercado de câmbio da NGO Corretora.

A queda do iuane ocorreu dias após o presidente americano Donald Trump ter anunciado novo aumento de tarifas sobre produtos chineses. Nesta segunda-feira (5), pelo Twitter, Trump acusou a China de praticar “manipulação cambial”.

Apesar das acusações, o banco central da China disse estar confiante e ser capaz de manter o iuane estável. Segundo o Banco do Povo da China, a queda do preço do iuane se devem ao protecionismo comercial e às tarifas sobre produtos.

Saída de dólares do país

Outro fator que, segundo especialistas, também reforça o cenário de queda do preço do real frente ao dólar são os fluxos cambiais negativos que o Brasil vem apresentando neste ano. “Não tem fluxo de capital estrangeiro. O estrangeiro ainda não comprou o cenário Brasil”, afirmou a Fernanda Consorte, especialista em câmbio do banco Ourinvest.

Para Consorte, uma resposta rápida do Congresso pode desacelerar a alta do dólar. “Se [a tramitação da reforma da Previdência] for rápida e voltar a discussão de incluir estados e municípios, o investidor volta a olhar para dentro”, disse Consorte.

Já Nehme, não acredita que o cenário político por si só possa reverter o cenário da alta do dólar. “A gente tem consciência que nenhuma dessas reformas [previdenciária e tributária] vai fazer voltar a atividade econômica. A população está endividada”.

Segundo Nehme, o dólar já vinha de alta e “a guerra cambial cria aversão ao risco”. Para ele, é “quase certo” que o Banco Central faça leilões de linhas para atenuar a alta do dólar e dar liquidez. “Vender moeda é a última possibilidade e o Banco Central vai relutar sempre. Mas, essa hipótese não está descartada”.

Na visão de Fernanda Consorte, o Banco Central pode fazer leilão de linhas e swap cambiais, porém, é pouco provável que façam venda de reservas. Para ela, “tudo depende do Congresso”.

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