Radar: mercado repercute novos estímulos fiscais na China ((Photo by Peter PARKS / AFP)/AFP)
Repórter de finanças
Publicado em 14 de outubro de 2024 às 08h51.
Última atualização em 21 de outubro de 2024 às 08h42.
Os mercados internacionais operam mistos na manhã desta segunda-feira, 14. Nos Estados Unidos, com exceção do Dow Jones, os índices futuros avançam, na expectativa dos resultados dos bancos americanos. Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em alta, com as da China registrando ganhos após o anúncio de mais estímulos por parte do governo chinês. Na Europa, as bolsas operam mistas, de olho também nos estímulos fiscais da China e na decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, 17.
Neste final de semana, mais medidas de estímulos fiscais, tão aguardadas pelo mercado, foram anunciadas pelo governo chinês. Segundo o ministro das Finanças, Lan Foan, haverá a emissão de 2,3 trilhões de yuans (cerca de R$ 1,83 trilhão) em títulos de dívida pública até o final do ano, com foco no apoio ao setor imobiliário, bancos e no aumento do consumo.
O objetivo é impulsionar uma economia que tem enfrentado desafios persistentes, como a crise no setor imobiliário e o aumento do desemprego, especialmente entre os jovens. A taxa de desemprego entre aqueles com idades entre 16 e 24 anos subiu para 18,8%, uma das mais altas em anos. Essa combinação de fatores tem levado à retração do consumo interno, já que os chineses têm preferido poupar em vez de gastar.
No domingo, os dados de inflação reforçaram essa percepção de fragilidade econômica. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) desacelerou, de uma alta de 0,6% (agosto) para uma alta de 0,4% (setembro). As expectativas eram que o índice viesse igual a agosto.
Já o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) recuou 2,8% na comparação anual, superando as expectativas de queda de 2,5%, segundo economistas consultados pelo Wall Street Journal, e ante os 1,8% registrados em agosto.
O mercado recebeu positivamente as notícias de estímulo, com as ações das principais bolsas da Ásia apresentando altas nesta segunda-feira, especialmente os índices ligados ao setor imobiliário. O CSI300 Real Estate saltou 4,1%, enquanto o índice Hang Seng Mainland Properties subiu 1,37%.
Em meio a esse contexto, o Goldman Sachs revisou sua previsão de crescimento para o PIB chinês em 2024, elevando a expectativa de 4,7% para 4,9%. A meta oficial de crescimento do governo chinês para 2023 é de 5%, e as novas medidas são vistas como cruciais para garantir esse patamar, ao mesmo tempo que se busca um 2025 mais promissor.
O mercado avalia a divulgação do Boletim Focus desta semana.
O Banco Central (BC) elevou pela segunda semana consecutiva a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024, de 4,38% para 4,39%. Já a de 2025 foi revisada para baixo, de 3,97% para 3,96%, enquanto as projeções da inflação para 2026 e 2027 se mantiveram em 3,60% e 3,50%, respectivamente.
A única estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) que foi alterada foi a de 2024, de 3% para 3,01%. As de 2025, 2026 e 2027 se mantiveram em 1,93%, 2% e 2%, respectivamente.
O BC ainda projeta uma Selic em 11,75% ao final de 2024. Para 2025, a estimativa saltou de 10,75% para 11%. As projeções para 2026 e 2027 se mantiveram inalteradas em 9,50% (2026) e 9% (2027).
Por fim, o câmbio de 2025 foi o único revisado para cima, de R$ 5,39 para R$ 5,40. Já nos demais anos, não houve alterações: R$ 5,40 (2024) e R$ 5,30 (2026 e 2027).
Na semana passada, os bancos JP Morgan e Wells Fargo deram início à temporada de balanços do terceiro trimestre nos Estados Unidos.
Nesta semana, os bancos americanos continuam a divulgar seus números, com o Bank of America (BofA), Goldman Sachs e Citigroup apresentando seus resultados na terça-feira, 15, antes da abertura do mercado.
Na quarta-feira, 16, será a vez do Morgan Stanley e da United Airlines, enquanto a Netflix divulgará seu balanço na quinta-feira, 17, após o fechamento dos mercados.
Nesta segunda-feira, os Estados Unidos comemoram o Columbus Day. O feriado irá fechar o mercado de Treasuries em Nova York, mas as bolsas operam normalmente.
Entre a agenda de indicadores desta segunda-feira, destaque para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br) de agosto, conhecido como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), que pode apontar ou não para uma desaceleração da atividade econômica.
A Genial Investimentos estima que, na comparação anual, o IBC-Br irá avançar 2,9% ante os 5,3% anteriores. Já na comparação mensal, a expectativa é de uma alta de 0,10%, ante a queda de 0,40% de julho.
Ainda hoje, o mercado também acompanha a agenda de executivos que participam do evento do Itaú. Entre eles, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o atual diretor de política monetária e próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo. Além deles, o diretor do BC, Otávio Damaso, participa de uma live sobre Open Finance.
Já nos Estados Unidos, o mercado acompanha falas do membro do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Christopher Waller, assim como a participação em evento do diretor do Fed Minneapolis, Neel Kashkari.
De olho na semana, na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) decide seus próximos passos da política monetária da zona do euro. Há expectativas que a instituição volte a reduzir os seus juros. Na sequência, Christine Lagarde, presidente do BCE, discursa.
Na China, o mercado acompanhará dados do PIB, vendas no varejo e produção industrial também na quinta. No domingo, o Banco Popular da China (PBoC, banco central chinês) decide sobre seus juros longos (LPRs).