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Aéreas disparam até 10% entre rumor de compra e prévia; há mais por vir?

Azul lidera ganhos do Ibovespa após notícias sobre possível compra das operações da Latam no Brasil; já Gol, que aparece em segundo lugar, sobe com prévia otimista para o segundo trimestre

Ação da Azul lidera ganhos do Ibovespa com mercado de olho em possível compra da Latam Brasil | Foto: Getty Images (Paulo Fridman/Getty Images)

Ação da Azul lidera ganhos do Ibovespa com mercado de olho em possível compra da Latam Brasil | Foto: Getty Images (Paulo Fridman/Getty Images)

PB

Paula Barra

Publicado em 26 de maio de 2021 às 16h08.

Última atualização em 26 de maio de 2021 às 16h12.

As ações do setor aéreo ganham destaque no pregão desta quarta-feira, 26, liderando os ganhos do Ibovespa, em meio a rumores sobre possível compra pela Azul (AZUL4), que salta 9,75%, das operações da Latam no Brasil, e após perspectivas preliminares do segundo trimestre e semestre mais animadoras da Gol (GOLL4), que sobe 6,25%.

Em relação à Azul, o Valor informou nesta manhã, citando fontes não identificadas, que a companhia estaria em conversas com credores da Latam em busca de apoio para comprar as operações brasileiras do grupo, já que tratativas com a aérea, com sede no Chile, não têm surtido efeito.

Como a Latam tem até julho para apresentar seu plano de recuperação aos credores, uma das estratégias da Azul poderia ser entrar nesse processo e mostrar uma nova proposta, apontou o jornal, indicando que a companhia poderia financiar a aquisição com dinheiro, oferta de ações ou assumir as dívidas.

A notícia anima os investidores uma vez que a possível fusão resultaria em boas sinergias, como o aumento de participação no mercado para a Azul, embora ainda haja resistência por parte da Latam em considerar a proposta, comentaram os analistas da Ativa Corretora. Ao Estadão, o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, disse que o grupo não pretende se desfazer de sua operação brasileira.

Em relatório de julho do ano passado, quando começaram a surgir especulações no mercado sobre uma possível compra, analistas do Bradesco BBI apontaram que, com a aquisição, a Azul poderia alcançar uma participação no mercado doméstico de 62% (frente aos 25% atuais), além de aumentar sua presença em aeroportos restritos no Brasil, como o de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

"O mercado reage à discussão de consolidação no setor, mas tem também um pouco de 'short squeeze' (pressão nos vendidos), uma vez que os papéis de ambas companhias têm elevada posição 'short', com o aluguel representando cerca de 5% das ações em circulação no mercado", comentou Bruno Lima, head de análise de ações da EXAME Invest PRO. Com a alta, investidores estão recolhendo um pouco esse "short", isto é, buscando zerar uma parte da posição vendida.

Uma das consequências da fusão seria deixar o setor mais concentrado e, consequentemente, com maior poder de barganha, passagens aéreas mais caras e margens maiores, uma vez que todo o tráfego doméstico estaria concentrado nas duas companhias, destacou Lima. "Qualquer setor mais concentrado leva a margens operacionais maiores no futuro".

Em relação à Gol, investidores repercutem também suas prévias para o segundo trimestre e semestre, que trouxeram expectativas otimistas da companhia, além de mostrar melhora nas vendas de maio.

Os analistas do Goldman Sachs, comentaram, em relatório, que, embora ligeiramente abaixo de suas estimativas, o guidance de receita da companhia apontou para uma recuperação significativa nos números do segundo semestre, apoiando uma visão de retomada acentuada após a crise da covid. Eles mantiveram a recomendação de compra para a ação.

Há mais espaço para altas?

Apesar da disparada hoje, os papéis das duas empresas ainda estão longe do patamar pré-covid.

Os papéis da Azul operam 17% abaixo da cotação registrada no dia 21 de fevereiro do ano passado, antes de iniciar a derrocada na Bolsa, enquanto a Gol acumula queda de 19% de lá para cá.

"Embora tenha uma demanda reprimida por viagens, assim como estamos vendo com imóveis e carros, esse não é um setor trivial. Provavalmente vamos ver um aumento na demanda quando tudo voltar ao normal, da mesma forma como está acontecendo lá fora, e essas empresas podem apresentar números mais relevantes à frente. Agora, quanto isso já está no preço é difícil dizer. Acho que já tem uma parte importante precificada", avaliou Lima.

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