Boa Vista: após duas aquisições, companhia está em busca de novas empresas (Boa Vista - Divulgação/Divulgação)
Karla Mamona
Publicado em 17 de agosto de 2021 às 08h34.
A Boa Vista Serviços (BOAS3) anunciou nesta segunda-feira, 16, que teve lucro ajustado de 31,029 milhões de reais no segundo trimestre de 2021, um aumento de 19,3% na comparação com o primeiro trimestre e 622,3% na comparação com o segundo trimestre do ano passado. Vale destacar que o aumento tão expressivo anual se deve ao reflexo da pandemia de coronavírus.
No segundo trimestre deste ano, a receita líquida da companhia foi de 181,649 milhões de reais, um aumento de 9,9% na comparação com o primeiro trimestre. Frente ao segundo trimestre do ano passado, a expansão é de 31,1%.
Dentro da receita, a vertical “serviços para decisão” registrou 154,857 milhões de reais, um aumento de 7,8%, na comparação com o último trimestre e de 38,8% frente ao mesmo período do ano passado. Na vertical de “serviços de recuperação”, a receita foi de 26,792 milhões de reais, um crescimento de 24,3%. Já na comparação anual, houve uma queda de 0,7%.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 77,033 milhões de reais, um aumento de 2,7% na comparação com o primeiro trimestre deste ano e de 49,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em entrevista à EXAME Invest, Dirceu Gardel, presidente da Boa Vista, comemorou os dados do trimestre. Segundo o executivo, a companhia acelerou o crescimento no período por meio da inteligência analítica, principal segmento do negócio. Este tipo de serviço cria algoritmos em programas de computador que visa facilitar a tomada de decisão pelos clientes e analisa o comportamento do consumidor e seus hábitos.
“Apesar de ser uma das gestoras de base de dados, inclusive operando o Cadastro Positivo, o nosso foco é serviço para decisão e analytics. Só no semestre, os serviços de decisões tiveram receita de quase 300 milhões de reais. As soluções analíticas empurraram nosso crescimento.” A receita deste segmento representa 85% do total.
Outro destaque do trimestre da Boa Vista foram os serviços de recuperação, que cresceram 24% na comparação com o primeiro trimestre. Segundo a companhia, a alta está atrelada às medidas que foram adotadas pelo governo para conter a inadimplência no ano passado, como a redução do compulsório dos bancos em troca de adiar as cobranças e parcelamento de débitos do consumidor e o pagamento do auxílio emergencial, inicialmente no valor de 600 reais e este ano de até 375 reais.
“Este 'colchão' de proteção social foi muito importante no segundo semestre do ano passado. O desemprego está diminuindo, mas ainda não fez todo o impacto que deveria fazer. Vai demorar um pouco ainda para sentir o arrefecimento. Mas já vemos aumento de notificações de inadimplência do segundo trimestre e aumento das nossas receitas”, acrescenta Lucas Guedes, vice-presidente de negócios da Boa Vista.
Guedes explicou ainda a importância da Boa Vista ter como fonte duas receitas distintas. Os chamados “serviços para decisão” crescem de acordo com o consumo de crédito, ou seja, quando há um crescimento econômico do país. No cenário contrário, em momentos de crise, a receita que mais cresce na empresa é a oriunda dos serviços de inadimplência. “É nosso hedge natural. Mas as receitas vindas do boom econômico são sempre melhores.”
Desde o IPO (oferta pública inicial), em setembro do ano passado, a Boa Vista anunciou a aquisição de duas companhias. A primeira foi a Acordo Certo, plataforma de renegociação de dívidas, em dezembro do ano passado, pelo valor inicial de 37 milhões de reais. A segunda, em julho deste ano, foi a Konduto, especializada em risco e monitoramento de fraudes online, por 174 milhões de reais.
A compra das duas empresas faz parte da estratégia da Boa Vista para avançar no mercado de informações analíticas. Segundo Guedes, a empresa segue atenta a novas oportunidades no mercado tanto no setor antifraude como em empresas voltadas para o consumidor. “Estamos olhando. Mas sempre analisamos se tem espaço para fazer dentro de casa ou se vamos comprar. Temos um dinheiro reservado para aquisições.”
O caixa reforçado é fruto da abertura de capital que levantou 2,17 bilhões de reais na B3. O preço saiu no centro da faixa estimada pelos coordenadores da operação, que se estendia de 10,80 a 13,60 reais por ação. A demanda de fundos e demais investidores foi equivalente a cerca de cinco vezes a oferta. Atualmente, o valor de mercado da companhia é estimado em 6,25 bilhões de reais. No ano, as ações acumulam queda de 6,42%.