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Ações dos bancos caem em bloco após suspensão do crédito consignado

Instituições suspenderam a oferta do crédito após redução do limite máximo de juros que pode ser cobrado na categoria

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 17 de março de 2023 às 12h33.

Última atualização em 17 de março de 2023 às 17h37.

O pregão foi turbulento para as ações dos bancos, que recuaram em bloco nesta sexta-feira, 17, depois que diversas instituições suspenderam a concessão do crédito consignado. A reação veio após o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) ter reduzido o limite máximo dos juros que os bancos podem cobrar de aposentados e pensionistas no consignado do INSS

A avaliação das instituições é que a nova taxa não vale a pena. O teto de juros caiu de 2,14% para 1,70%, reduzindo as margens dos bancos com o produto. Em reação, os papéis do setor caem em bloco.

  • Bradesco (BBDC4): - 4,17%
  • Santander (SANB11): - 3,97%
  • Itaú (ITUB4): - 2,87%
  • Banco do Brasil (BBAS3): - 1,71%

“Os bancos já vinham reclamando que o teto para o consignado estava baixo, e a decisão foi tomada para atender pressão de sindicatos, sem comunicação com os bancos. O risco é voltar ao cenário do governo Dilma, onde os bancos públicos subsidiaram muitas taxas, ‘expulsando’ os privados do mercado”, avalia Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.

Vale destacar que os bancos públicos Caixa e Banco do Brasil também suspenderam a concessão sob as novas condições. 

Entre os bancos listados em bolsa, o BB é o que tem a maior exposição ao consignado, com 20% de participação de mercado. O Bradesco lidera o segmento entre os privados.

Carteira de crédito consignado dos maiores bancos brasileiros
Banco do Brasil: R$ 115 bilhões
Bradesco: R$ 89,2 bilhões
Itaú: R$ 73,4 bilhões
Santander: R$ 59,6 bilhões

"O perfil consignado é um tomador praticamente fixo de dívida para períodos de mercado bom ou ruim. Mas, com o novo teto, fica totalmente desinteressante fazer esse empréstimo — a taxa anterior já era próxima de zero. É possível ter redução de consumo, afetando empresas do setor, e afetando também as linhas de crédito dos bancos", afirma Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research.

Em um momento onde os bancos vinham aumentando a participação em linhas mais seguras de crédito para proteger seus balanços, a notícia caiu como uma bomba. "Outras linhas de negócios dos bancos já estavam com margens pressionadas, então a vaca leiteira era a operação de consignado. Se isso perdurar, devemos ver alguns trimestres de resultado impactado. Na sequência, os bancos vão buscar outras formas de rentabilizar o cliente", completa Lopes. 

Suspensão pode levar consumidor para crédito mais caro

A suspensão da oferta do crédito consignado pelos bancos, como a Caixa e o Banco do Brasil, pode levar o consumidor a migrar para um crédito mais caro. É o que afirmam as entidades que representam os bancos, a Associação Brasileira de Bancos e a Federação Brasileira de Bancos.

Para a Associação Brasileira de Bancos, a redução do teto pode comprometer as condições para a oferta das modalidades empréstimo e cartão consignado. Também ressalta que essa decisão obriga o público a migrar para modalidades com taxas mais elevadas, como o empréstimo pessoal, que tem taxa média de 5,24% a.m. Para ter uma ideia, a taxa média cobrada pela Caixa na modalidade de crédito pessoal é de 2% ao mês, enquanto no BB é de 2,23%.

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