Exame Logo

Ações despontam como opção em mundo cheio de riscos

O mercado acionário se recuperou em tempo recorde do choque inicial causado pela guerra na Ucrânia e seu impacto no fornecimento de commodities

Bolsa de ações: as bolsas agora têm de superar preocupações maiores à medida que a inflação prejudica a demanda (Germano Lüders/Exame)
B

Bloomberg

Publicado em 4 de abril de 2022 às 10h46.

Última atualização em 4 de abril de 2022 às 11h45.

Os investidores globais de ações podem estar aflitos, mas a situação é pior em outros mercados. E isso por si só talvez seja suficiente para sustentar a recuperação das bolsas por enquanto.

Depois de mostrar resiliência a sucessivas ondas da pandemia de coronavírus desde 2020, o mercado acionário se recuperou em tempo recorde do choque inicial causado pela guerra na Ucrânia e seu impacto no fornecimento de commodities. As ações não estão se curvando às expectativas tenebrosas do mercado de títulos de que uma recessão global está a caminho.

Veja também

Parte da resiliência recente se deve à mentalidade arraigada de “comprar na baixa”. No entanto, as bolsas agora têm de superar preocupações maiores à medida que a inflação prejudica a demanda, o crescimento econômico diminui e a era da política monetária excessivamente flexível parece estar chegando ao fim.

Embora esses fatores sinalizem que os lucros das empresas estão prestes a levar uma rasteira, há argumento para continuar investindo em ações — até porque as alternativas são escassas.

“Com os títulos e instrumentos de curtíssimo prazo oferecendo rendimentos reais negativos, os investidores ainda estão inclinados a aproveitar a baixa nas ações globais desde a chegada da pandemia, apesar da deterioração nos fundamentos”, afirmaram estrategistas do Citigroup liderados por Robert Buckland em relatório divulgado na sexta-feira.

A recuperação vista em março confirma esse entendimento. O primeiro trimestre foi o pior para as ações globais desde o início da pandemia, mas houve uma retomada no mês passado. Um indicador de volatilidade das ações de empresas com grande valor de mercado na Zona do Euro mostra que o tombo provocado pela guerra foi o mais curto do século 21 em termos de perdas no mercado.

A ação da Apple teve a maior sequência de ganhos em quase 20 anos e o mercado acionário dos EUA avançou quase 10% na segunda quinzena de março. Mesmo na Europa, epicentro da crise geopolítica, o índice Stoxx 600 recuperou as perdas iniciais sofridas após a Rússia invadir a Ucrânia.

“Mercados otimistas não vão embora discretamente. Afinal, eles enfrentaram muitas outras crises nos últimos anos”, disse Chris Beauchamp, analista-chefe de mercados do IG Group em Londres. “Velhos hábitos não morrem facilmente — a ideia de ‘comprar na baixa’ pode ser ridicularizada, mas é uma boa estratégia.”

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresIbovespaInvestidoresMercado financeiroRússia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Invest

Mais na Exame