O anúncio da união entre Honda e Nissan pode acontecer antes do Natal (Francois Lenoir/Reuters)
Repórter colaborador
Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 11h13.
As ações da Nissan dispararam até 24% nesta quarta-feira, o maior salto em pelo menos 50 anos, com a possibilidade de uma parceria com a Honda salvar a montadora japonesa da crise financeira.
Os problemas da Nissan, cujas ações vinham apresentando o pior desempenho em cinco décadas com a atual gestão, ganharam destaque no início de novembro quando a empresa reduziu drasticamente sua previsão de lucro e anunciou que precisaria eliminar 9.000 empregos em todo o mundo. A montadora também disse que faria um corte de 20% em sua produção à medida que vem percebendo uma falta de entusiasmo dos consumidores por seus modelos.
A Honda está avaliando várias opções, incluindo uma fusão, parceria de capital ou a criação de uma holding, disse o vice-presidente executivo Shinji Aoyama nesta quarta-feira. A possível fusão com a Nissan criaria a terceira maior montadora do mundo. O anúncio da união entre Honda e Nissan pode acontecer antes do Natal, já no dia 23 deste mês, inclusive, de acordo com a Bloomberg.
Na opção da holding, sob a qual Honda e Nissan operariam de forma combinada, haveria a possibilidade de incluir a Mitsubishi, que tem lanços com a Nissan. As ações da Mitsubishi também registraram alta, subindo até 20%, o maior aumento desde 2013. Por outro lado, as ações da Honda caíram até 3,4% com a preocupação sobre os impactos financeiros da operação.
Ainda de acordo com a Bloomberg, as discussões entre as duas empresas parecem ter acelerado após a Hon Hai Precision Industry, produtora de iPhones sediada em Taiwan e conhecida como Foxconn, ter abordado a Nissan para adquirir uma participação na empresa.
Não está claro se a Nissan segue em negociações com a Foxconn ou se já rejeitou a proposta da empresa. A Foxconn tem investido fortemente em fábricas para construir veículos elétricos.
A medida seguiria uma decisão das duas empresas no início deste ano de trabalharem juntas no desenvolvimento de baterias e software para veículos elétricos. Naquela ocasião, o CEO da Honda, Toshihiro Mibe, falou da possibilidade de uma união de capital com a Nissan.
Se o acordo for fechado, a união das duas montadoras daria uma posição melhor para competir no Japão e no exterior com a Toyota, a maior montadora do mundo. A Toyota adquiriu participações na Subaru, Suzuki Motor e Mazda, o que só fortaleceu sua presença no mercado.
Já a Renault está aberta à ideia da Nissan prosseguir com negociações com a Honda. A montadora francesa busca maneiras de se proteger da crise que afeta sua parceira de longa data.
De acordo com a Bloomberg, a montadora francesa está ansiosa para que a japonesa encontre formas de se fortalecer, já que não está disposta a injetar dinheiro na Nissan. Com uma participação de 36%, a Renault continua sendo a maior acionista da montadora japonesa.
As montadoras de uma forma geral estão enfrentando desafios crescentes, incluindo a queda na demanda por veículos elétricos na Europa e a crescente concorrência na China no setor, principalmente pela BYD.