2º round? Mercado já precifica nova rodada de oferta da Arezzo pela Hering
Com a disparada de 28% das ações ontem, a Hering passou a ser negociada na Bolsa em quase 3,6 bilhões de reais, acima da oferta da Arezzo, rejeitada pela empresa; para o mercado, essa história está longe do fim
Paula Barra
Publicado em 16 de abril de 2021 às 08h08.
Última atualização em 16 de abril de 2021 às 08h23.
No pregão de quinta-feira, 15, as ações da Hering (HGTX3) dispararam 28,13%, indo para 21,91 reais, no maior avanço em 17 anos. A disparada levou o valor de mercado da varejista para quase 3,6 bilhões de reais.
Com a movimentação, os papéis da companhia já são negociados acima do valor que a Arezzo (ARZZ3), que também teve um salto expressivo ontem de 8,35%, renovando máxima histórica na Bolsa, se propôs a pagar em sua oferta de fusão – mesmo tendo sido rejeitada pela Hering. A oferta da Arezzo avaliava a companhia em 3,3 bilhões de reais.
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“Os papéis negociam acima do preço proposto porque o mercado está acreditando que a empresa pode receber uma nova rodada de oferta da Arezzo. Além disso, o fato da Hering ter divulgado o comunicado sobre a oferta mostra que as ações da companhia (que estavam depreciadas no mercado) tem valor”, avalia Eduardo Rebouças, sócio da Helius Capital. A gestora possui posição nas ações ARZZ3.
No limite, explica Rebouças, qualquer oferta que a Arezzo fizer abaixo do múltiplo em que é negociada geraria valor para os acionistas. No fechamento do pregão de quarta-feira, antes do fato ser comunicado ao mercado, a Arezzo negociava, no consenso de mercado, a 31 vezes o lucro estimado para este ano, enquanto a Hering, a 16 vezes.
“Não que necessariamente o mercado vá gostar se a Arezzo pagar o teto, mas as sinergias que essa operação pode gerar para ambas as empresas são muito óbvias, do ponto de vista de pessoal, omnicanalidade”, apontou.
“Para o acionista da Arezzo, faz muito sentido, e para o da Hering também, porque vai acelerar o processo de turnaround (recuperação) da companhia. Talvez esse seja o grande motivo para a Hering estar andando tanto, com o mercado tentando avaliar quanto que ela pode valer na mão de outra pessoa”.
Com a operação, a Hering poderia ganhar em termos de digitalização, além de melhorar o segmento de franquias, com uma maior profissionalização, enquanto a Arezzo daria continuidade ao seu plano de ter uma plataforma de marcas, comentou Rebouças. Nos últimos anos, a companhia adquiriu a operação da Vans, marca de tênis, no Brasil, a Reserva, especializada em moda masculina, entre outras, “era natural que a companhia se voltasse para um mercado mais casual”.
Para ele, esse investida da Arezzo agora reforça a visão de que a empresa está indo atrás de virar uma plataforma de marcas.
“Por isso, as ações da Arezzo também subiram bem ontem. Mesmo se não for a Hering, a cabeça da companhia está na direção correta, buscando ampliar sua atuação no varejo. E o mercado, que quer crescimento, recebeu bem a notícia”.