Apple e Facebook apresentam fortes resultados; como ficam os BDRs?
De acordo com o analista de BDRs da EXAME, Bernardo Carneiro, o lado político e econômico neste momento pode mexer mais com o mercado do que os resultados das empresas
Juliano Passaro
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 21h08.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 13h34.
A Apple e o Facebook anunciaram nesta quarta-feira, 27, seus respectivos resultados trimestrais referentes ao período de setembro a dezembro de 2020.
A Apple obteve pela primeira vez em sua história um faturamento acima de US$ 100 bilhões em um trimestre, atingindo R$ 111,4 bilhões. Em relação ao mesmo intervalo de 2019, o aumento da receita foi de 21%.
O Facebook também apresentou um resultado positivo, com lucro líquido de US$ 11,22 bilhões no período. O valor foi 52,6% maior do que o apresentado no mesmo intervalo do ano anterior, quando a companhia teve lucro de US$ 7,35 bilhões.
Como isso pode influenciar o bolso do investidor brasileiro?
De acordo com o especialista em BDRs da EXAME Research, Bernardo Carneiro, CFA, apesar da divulgação dos resultados das empresas, o que pesa mais neste momento é o lado político e o macroeconômico quando se trata da bolsa.
"Como o Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros, talvez isso tenha repercutido negativamente no mercado. A atividade econômica no Estados Unidos também está fraca, veio um pouquinho abaixo do esperado, e isso afetou bastante o mercado", afirmou Carneiro.
No Brasil, há muitos investidores que possuem BDRs (que são recibos de ações listadas em bolsas no exterior) como uma alternativa para a carteira de investimentos. Isso porque este tipo de ativo pode proteger a carteira em alguns momentos, já que o seu risco é diversificado ao aportar parte de seu capital em frações de empresas estrangeiras.
Os BDRs também possibilitam que os brasileiros invistam em empresas que não possuem nicho na bolsa brasileira ainda, como provedoras de streaming, fabricantes de celulares, marcas famosas de refrigerantes etc.
A Apple surpreendeu em seu resultado trimestral do quarto trimestre de 2020, assim como o Facebook. Durante parte do ano passado, a gigante americana de eletrônicos sofreu com o fechamento de lojas e o atraso no lançamento de seus novos modelos de iPhone (seu principal produto).
A pandemia de coronavírus foi responsável pelo adiamento da produção e, consequentemente, pelo lançamento dos smartphones. A demanda global pelos aparelhos da marca também foi enfraquecida pela pandemia.
A receita do Facebook também veio forte, ficando em US$ 28,07 bilhões, um crescimento de cerca de 25% em relação ao resultado do quarto trimestre de 2019, de US$ 21,08 bilhões. Apesar dos bons números das empresas, o Facebook teve leve alta de 0,86% no after market da Bolsa de Nova York, enquanto a Apple teve queda de 2,86%.
"A queda das ações na noite desta quarta nada tem a ver com os resultados das empresas. Está ocorrendo um movimento de aversão a risco nos EUA, com bolsas caindo e investidores embolsando os lucros das fortes altas do final de 2020 e início de 2021. Se o mercado estivesse em condições normais, as ações da Apple e do Facebook estariam subindo no after market", salientou Carneiro.
Segundo o especialista em BDRs da EXAME Research, apesar de haver muita história pela frente em relação à situação econômica e política, é fato que o S&P 500 subiu muito desde março de 2020, quando a pandemia de coronavírus foi desencadeada em grande parte do mundo.
"O índice subiu 70% e é um momento de realização, um momento de venda. Pode ser que mesmo as duas empresas que divulgaram resultados acima do esperado -- a Apple, principalmente -- de repente não tenham alta nesta quinta porque o mercado inteiro pode cair. Tem que ver o mercado inteiro, se vai ser um dia bom ou ruim."
"Facebook também teve um resultado bom, não tão forte e impactante como a Apple, mas, em condições normais, as ações do Facebook e os BDRs têm tudo para ir bem nesta quinta. Mas depende do mercado como um todo", concluiu Carneiro.
O analista ainda destacou que a decisão do Fed desta quarta e outros fatores importantes como a segunda onda de Covid-19 e o desemprego nos Estados Unidos podem fazer com que os BDRs tenham alta ou não nesta quinta, 28.