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O que é Taxa Selic e qual sua relação com a renda fixa?

Entenda o que é a taxa básica da economia e o impacto que a sua variação pode ter sobre a rentabilidade da renda fixa

Banco Central decide taxa de juros (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central decide taxa de juros (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 17h08.

Última atualização em 13 de julho de 2022 às 17h01.

A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e um dos principais instrumentos da política monetária do Banco Central. Ela serve de referência para o CDI e, por tabela, para o rendimento de muitos dos ativos de renda fixa.

O termo Selic é uma sigla que significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É um sistema utilizado pelo Banco Central para controlar a emissão, a compra e a venda de títulos públicos e, assim, conduzir a política econômica e controlar a inflação. 

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Como a Selic é definida

A meta da taxa Selic é definida em uma reunião que acontece a cada 45 dias, do Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central.

Veja o histórico de juros e inflação no Brasil:

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Como a Selic afeta os juros dos financiamentos?

A Selic é uma ferramenta de controle monetário, pois regula o fluxo de dinheiro na economia. Isso é feito de duas formas principais.

Por estabelecer o custo da dívida do governo, a taxa básica de juros tem influência sobre o volume de dinheiro público injetado na economia (seja por transferência direta de renda, como o pagamento de salários e benefícios, ou por investimento em obras e outros projetos).

Além disso, por determinar o custo de emissão de recursos no país, a Selic é a grande referência para as taxas dos financiamentos de empresas e consumidores.

Uma taxa de juros mais baixa indica que o crédito será mais barato, e uma taxa mais alta implica em um crédito mais caro.

No entanto, a Selic não é o único componente do custo dos juros cobrados pelos bancos. Além do custo de emissão, há ainda o risco de crédito (ou seja, a chance de o empréstimo não ser pago) e o spread (a margem de lucro da instituição financeira).

Financiamentos sem garantia, como o crédito pessoal, cartão de crédito e cheque especial, têm taxas de juros mais altas em razão do risco de inadimplência.

Como a Selic influencia os investimentos?

Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, ela serve de base para diversas taxas de abrangência nacional - não só as cobradas em empréstimos e financiamentos, mas também nas taxas de retorno em aplicações financeiras, como o CDI, que é o Certificado de Depósito Interbancário.

O CDI é um mecanismo de lastro (garantia) para operações realizadas diariamente por instituições financeiras. Ele reflete diretamente o custo dos empréstimos feitos entre os bancos, e por isso costuma acompanhar de perto a própria taxa Selic.

No mundo dos investimentos, o CDI é usado para calcular o retorno de diversoas aplicações pós-fixadas de renda fixa. como:

  • Certificado de Depósito Bancário (CDB);
  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letra de Crédito do Agronegócio (LCA);
  • Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI);
  • Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
  • Recibo de Depósito Bancário (RDB);
  • Debêntures;
  • Fundos de investimento;
  • Poupança.

Em geral, o rendimento dessas aplicações é apresentado como um percentual do CDI - por exemplo: 110% do CDI. Levando em conta o cenário atual, em que os juros básicos estão na casa dos 2%, uma aplicação cujo retorno é de 110% do CDI irá render 2,2% em um ano.

É importante lembrar que, em tempos de Selic baixa, os investimentos de renda fixa tendem a ter rentabilidade menor.

Se o Banco Central decidir aumentar ou reduzir a Selic, o rendimento da aplicação será diferente a partir do mês em que houve a mudança na taxa básica de juros.

Existem, ainda, ativos como os títulos do Tesouro Selic que são diretamente impactados pela variação da taxa básica de juros. 

Por fim, como a Selic tem relação direta com a inflação, os investidores que aplicam em títulos cujo rendimento é calculado pelo indicador oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), devem observar as movimentações da taxa básica de juros.

Alguns dos investimentos indexados pelo IPCA são o Tesouro IPCA+, debêntures, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e fundos de renda fixa.

Selic e CDI

Com a queda recente na taxa básica de juros, as instituições financeiras passaram a oferecer aplicações com percentuais maiores de retorno calculado pelo CDI. É possível encontrar títulos que pagam mais de 140% do CDI no mercado, algo que era raro até dois ou três anos atrás.

Mas antes de ceder aos encantos dos altos percentuais, vale lembrar que o CDI reflete a taxa básica de juros, que atualmente encontra-se no menor patamar da história. Sendo assim, dez ou vinte pontos percentuais do CDI representam, no final das contas, menos de 1% a mais de retorno em uma aplicação anual.

Em geral, as instituições que oferecem percentuais maiores de retorno são as que têm um risco maior de crédito. É importante que o investidor avalie a relação de risco e retorno da aplicação, e que não atenha-se somente ao percentual do CDI ofertado.

Selic e poupança

A taxa básica de juros também tem relação direta com a caderneta de poupança. O rendimento da poupança pode ser calculado pelo CDI, mas isso depende do valor atual da taxa Selic. Veja abaixo a regra:

  • Quando a taxa Selic estiver abaixo de 8,5%, a poupança renderá 70% do CDI + a Taxa Referencial (TR), que é determinada pelo Banco Central. Atualmente a TR está zerada.
  • Quando a Selic estiver acima de 8,5%, a poupança renderá 0,5% ao mês + a Taxa Referencial.

A regra de rendimento da poupança mudou em 2012. Todas as aplicações feitas na caderneta antes de maio daquele ano têm o rendimento mensal de 0,5% + a TR, mesmo que a taxa Selic seja maior do que 8,5%.

Selic e renda variável

Os investimentos de renda variável não contam com um indexador, como a Selic, o CDI ou o IPCA, para calcular seu retorno. No entanto, existe uma relação indireta da taxa básica de juros e as aplicações de maior risco, como ações, opções e fundos imobiliários.

Como já vimos aqui, quando os juros básicos caem, o retorno das aplicações de renda fixa também fica menor. Os investidores que desejam multiplicar os ganhos de sua carteira devem buscar aplicações de maior risco, que não se relacionam diretamente com a Selic.

Durante o ciclo de queda dos juros da economia brasileira, muitas modalidades de investimento de renda variável tiveram um importante ganho. É o caso, por exemplo, da bolsa de valores brasileira, que triplicou o número de investidores ativos entre 2018 e 2020.

Em razão da alta na procura por esses ativos, períodos de juros mais baixos tendem a gerar ganhos para investidores que têm parte do patrimônio alocado em renda variável.

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