Como a Bolsa de Valores funciona? 3 motivos para começar a investir
De 2017 a 2019, 800.000 pessoas físicas se registraram para começar a aplicar na B3; entenda porque você deveria fazer parte deste grupo
Redação Exame
Publicado em 23 de outubro de 2020 às 10h00.
Última atualização em 26 de março de 2024 às 15h51.
Além de futebol, das novelas e da política é cada vez mais comum a troca de ideias sobre empresas de capital aberto -- que têm ações negociadas na bolsa de valores - nas rodas de conversa. Perguntas que antes só eram feitas por investidores com muitos recursos, principalmente com o perfil de homens mais velhos, agora estão na boca dos jovens, das mulheres e até de quem tem o orçamento mais apertado.
De 2017 a 2019, 800.000 pessoas físicas se registraram para começar a aplicar na B3, a bolsa de valores brasileira. Neste ano, apesar da pandemia, mais 500 mil entraram no mercado.
No total já são mais de 2 milhões de brasileiros que investem em ações.
Como funciona a bolsa de valores?
A bolsa de valores é o ambiente em que são negociados valores mobiliários como ações, contratos de produtos como câmbio e juros, além de títulos. Esse ambiente, o Mercado Financeiro, é formado, basicamente, por três figuras principais: emissores, intermediadores e investidores.
Por que de repente todo mundo quer comprar ações?
Mas o que aconteceu para de repente todo mundo querer comprar ação? E por que você deveria aprender agora como a Bolsa de Valores funciona? Confira os principais motivos:
1. Febre de IPOs
Abrir o capital na bolsa de valores é um dos atestados de sucesso que uma companhia pode desejar. É um reconhecimento de que o crescimento acumulado por anos a tornou atraente para uma base mais ampla de investidores.
Mas, no Brasil, chegar à bolsa é um privilégio. Enquanto nos Estados Unidos existem mais de 6.000 companhias com ações negociadas, a quantidade de empresas listadas na B3, a bolsa brasileira, é atualmente uma das menores da história: 337.
O cenário pode estar mudando. Em um ano tão atípico como 2020 o Brasil já registrou até agora mais de 15 estreias de empresas na bolsa. São as ofertas públicas iniciais, conhecidas pela sigla em inglês IPO.
Parece pouco, mas essa quantidade perde apenas para os anos de 2006 e 2007, quando o país se beneficiava do boom de commodities e crescia 5% ao ano. A estimativa realista é que o país fechará o ano com 30 estreantes. Atualmente existem cerca de 50 companhias na fila para abrir o capital.
Especialistas não se cansam de apontar o milagre que isso representa para o país: o dinheiro sai do modelo rentista da aplicação em título público e vai para a economia real.
A corrida à bolsa de investidores em busca de melhores retornos animou mais empresas a abrir o capital. Com um número maior de potenciais compradores no mercado, as companhias conseguem vender as ações por preços melhores e os investidores têm mais oportunidades.
2. Juros baixos
Há razões macroeconômicas. O mundo vive novo período de extrema liquidez de recursos com as taxas de juro próximas de zero ou até negativas nos países desenvolvidos. É dinheiro abundante que encontra na renda variável uma expectativa de retorno.
No Brasil não é diferente. A queda da taxa de juro de curto prazo para seu menor patamar histórico, 2% ao ano, levou uma enxurrada de recursos para o mercado. A maioria não é nova, mas uma migração da renda fixa.
O impressionante resultado dessa corrida é que as transações da pessoa física já respondem por quase 20% de tudo o que é negociado na bolsa por dia; em maio, a média total foi de 11 bilhões de reais.
Volume de investimentos de pessoas físicas sobe
O volume que essa classe de investidor tem aplicado diretamente em ações no momento equivale a quase 260 bilhões de reais, o que representa 14% de tudo o que está disponível para negociação na bolsa. O perfil do investidor também mudou bastante nos últimos anos, segundo uma pesquisa divulgada em maio pela B3. Em 2013, 56% dos investidores tinham acima de 60 anos.
Esse percentual caiu para 23% agora. Enquanto isso, a fatia de aplicadores de 25 a 39 anos subiu de 19% para 49%. O investidor entendeu que não é uma questão de estar ou não aplicado na bolsa, mas, sim, de quanto do patrimônio está alocado.
Mulheres investidoras em ações
As mulheres investidoras em ações, apenas 100.000 em 2013, agora somam 500.000. Em março, 30% dos investidores que fizeram sua primeira compra de ações aportaram até 500 reais na bolsa. Outros 40% investiram de 500 a 5.000 reais, indicando que até o público de renda mais baixa começa a fazer suas aplicações.
3. Melhora na economia
Quando um investidor aplica na bolsa, nem sempre ele tem consciência do que isso significa para o país. Na prática, ajuda as empresas a se financiarem. Capitalizadas com o dinheiro da venda de suas ações, as companhias conseguem investir mais, gerar mais emprego e renda, num ciclo virtuoso para o país. Desde que a revitalização do mercado brasileiro ocorreu, já foram realizadas 365 ofertas de ações — dessas, quase 190 foram IPOs.
Essas operações movimentaram um total de 625 bilhões de reais e, desse volume, quase 410 bilhões de reais foram recursos que as companhias conseguiram obter dos investidores para pagar dívidas, investir em crescimento orgânico ou na compra de outras empresas (a diferença são ações que eram dos donos ou sócios e foram vendidas no mercado, sem resultar em dinheiro para o caixa dos negócios).
3 motivos para estudar e investir na Bolsa de Valores:
- Febre de IPOs
- Juros gaixos
- Melhora na economia
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