Enfrentar o desconforto e avaliar de forma honesta as próprias finanças é o primeiro passo para fazer um orçamento pessoal. (verba0711/envato)
Publicado em 24 de setembro de 2024 às 14h00.
Última atualização em 26 de setembro de 2024 às 10h21.
Muitas pessoas acreditam que fazer um orçamento pessoal é algo complexo. No entanto, a maioria dos especialistas destacam que criar um planejamento financeiro pessoal pode ser algo bastante simples. Para Luciana Ikedo, educadora financeira e autora do livro ‘Vida Financeira: descomplicado, economizando e investindo’, o segredo para acertar o planejamento é ter uma visão bem clara sobre quais são os seus ganhos e gastos.
“Infelizmente, 90% das pessoas que eu atendo diariamente não sabem exatamente quanto ganham e nem quanto gastam”, explica a especialista. Um dos problemas em fazer esse levantamento é que ele pode expor a falta de controle financeiro do indivíduo.
“Pode ser difícil do ponto de vista emocional, já que a pessoa terá que encarar de frente o próprio fluxo de caixa, avaliando e elegendo o que pode ser cortado ou por não caber mais no orçamento, ou por não fazer mais sentido”, avalia Luciana.
Enfrentar o desconforto e avaliar de forma honesta as próprias finanças é o primeiro passo para fazer um orçamento pessoal. No entanto, outros pontos contribuem para a criação de um plano realmente efetivo.
Segundo a especialista, o primeiro passo é organizar as finanças fazendo um levantamento sobre quanto dinheiro entra e quanto sai mensalmente. “O ideal é levantar as receitas e despesas do último ano para que seja possível avaliar os gastos e compromissos pontuais, como IPTU, IPVA e matrícula escolar, por exemplo”, indica.
Luciana destaca que, muitas vezes, não é possível fazer esse levantamento de forma detalhada, seja porque o indivíduo não tem o hábito de guardar notas e comprovantes, ou até mesmo por haver algum bloqueio psicológico sobre o tema. Nestes casos, o conselho é começar com a projeção do próximo mês.
Sabendo qual é sua realidade financeira, é importante definir quais as metas desejadas. Vale começar definindo objetivos de curto prazo, como quitar as dívidas ou economizar para uma viagem. Em seguida, desenvolva os objetivos de médio e longo prazo, como comprar uma casa ou se aposentar.
Neste ponto, os especialistas são unânimes: é fundamental que as metas sejam mensuráveis (possível de serem acompanhadas dentro do prazo estabelecido) e com prazo definido.
Com as metas definidas, é hora decidir quais serão os gastos a serem cortados da rotina. Segundo Luciana, o segredo é identificar as áreas nas quais é realmente possível reduzir os gastos, sendo realista com hábitos e padrões de consumo, por exemplo.
“O que leva um orçamento pessoal a fracassar é não incluir a previsão de gastos que já fazem parte do nosso hábito e que não estamos dispostos a cortar, com a falsa ilusão de que eles não existirão mais. É importante prever os gastos com lazer, cuidados pessoais, viagens, alimentação fora de casa e estabelecer limites”, explica a especialista. “Quando respeitamos esses limites, e entendemos que para exceder será preciso fazer uma troca, deixando de lado algo que havíamos previsto, o orçamento funcionará de forma muito mais eficiente”.
4 - Utilize ferramentas de gestão
A tecnologia pode ser uma aliada para controlar o dia a dia financeiro. Diferentes aplicativos e ferramentas de gestão têm como objetivo ajudar no alinhamento das finanças, desde o monitoramento das despesas até o planejamento de meta a longo prazo.
Essas ferramentas também ajudam a ‘retomar as rédeas’ em caso de exceder o planejamento – o que pode acontecer.
“Entender o que o levou a exceder o planejado é o primeiro passo, por isso o controle do orçamento é essencial. Quando percebemos rapidamente o que aconteceu, é possível retornar imediatamente para a rota antes que o orçamento saia completamente de controle”, explica Luciana. “Com uma vida corrida e repleta de compromissos, é muito fácil passarmos a viver sem objetivos claros. Se não sabemos aonde queremos chegar, as nossas escolhas refletirão isso”.