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A Suécia digitalizou dados de transporte e concluiu: bicicleta é a solução

Para Östen Ekengre, responsável pelos projetos de cidade inteligente do país, é preciso replanejar a infraestrutura das metrópoles

Ciclista sueca em Estocolmo: a maior parte das viagens na cidade é de curta distância (olaser/Getty Images)

Ciclista sueca em Estocolmo: a maior parte das viagens na cidade é de curta distância (olaser/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 09h44.

Não é exagero dizer que a Suécia é uma referência no conceito de cidades inteligentes. O uso avançado de tecnologias para gerir o dia a dia da municipalidade é uma estratégia de governo, inclusive com o objetivo de exportar soluções para outros países. Um dos principais benefícios da tecnologia é a possibilidade de reunir dados sobre tudo, como o trânsito das metrópoles. E, após anos de coleta de informações e estudos, os suecos descobriram uma tecnologia imbatível para melhorar a fluidez do tráfego de veículos: a bicicleta. 

Para Östen Ekengre, conselheiro sênior do IVL Swedish Environmental Research Institute, órgão criado pelo governo em 1966 para conduzir estudos sobre meio ambiente, a experiência sueca demonstra que a tecnologia é uma ferramenta para organizar a cidade, mas ela, sozinha, não resolve os problemas. “Se o tráfego depende de carros individuais, a digitalização não vai funcionar”, afirma Ekengre, que está à frente dos estudos sobre planejamento urbano no país. 

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Em Estocolmo, maior cidade sueca, o que os dados mostram é que a maioria das viagens é de curta distância. A infraestrutura da metrópole, no entanto, não favorece o transporte cicloviário como deveria. “Precisamos replanejar”, afirma Ekengre. “A bicicleta, além de ser um transporte eficiente, melhora a saúde das pessoas.” 

Os planos suecos para o transporte público não se resumem às ciclovias. Um ponto importante é o metrô. “Nem tudo pode ir por cima da terra”, diz Ekengre. O país também vem aumentando a eletrificação dos transportes e, onde não é possível confiar nas baterias, o uso de combustíveis alternativos. A produção de biocombustíveis, por sinal, resolve outro problema: o lixo. 

A Suécia produz boa parte do seu biogás a partir de resíduos orgânicos (mais especificamente, esgoto), garantindo uma destinação adequadas aos rejeitos urbanos. A demanda é tamanha que o país chegou a importar lixo para produzir biogás -- Ekengre, entretanto, afirma que essa não é uma solução sustentável. 

No Brasil, o governo sueco mantém uma parceria com a cidade de Curitiba desde 2013 focada em mobilidade. A iniciativa está entrando em uma nova fase, este ano, que irá explorar maneiras de usar plataformas tecnológicas para coletar e analisar dados. Ekengre elogia o sistema de ônibus da cidade, idealizado pelo urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito da capital paranaense. “O sistema de ônibus leves brasileiro é muito eficiente”, diz ele. O que falta, no entanto, é eletrificar. 

Desde a semana passada, o governo sueco promove no país uma série debates sobre tecnologia, no evento Semanas de Inovação Brasil-Suécia. Nesta segunda-feira, 16, a produção de biogás estará em destaque. As inscrições para participar do evento, que será online, podem ser feitas no site da iniciativa.

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