Portabilidade da previdência: como mudar seu plano
Está insatisfeito com o investimento? Entenda o que é preciso analisar antes de trocar de previdência privada sem fazer o resgate e sem pagar imposto
Vanessa Daraya
Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 18h14.
Última atualização em 6 de outubro de 2021 às 19h10.
Engana-se quem pensa que para ter uma boa previdência privada basta escolher entre os planos PGBL ou VGBL , entre o modelo de tributação progressivo e o regressivo, estipular o valor investido mensalmente e só se preocupar com esse patrimônio na hora da aposentadoria. Sim, estamos falando de um investimento de longo prazo, mas isso não significa que você pode esquecer que sua previdência existe.
É recomendável fazer avaliações periódicas dos investimentos, pelo menos uma vez ao ano. E o erro que muitas pessoas cometem é não inserir nessa análise a previdência privada. “Não podemos separá-la dos outros investimentos. Se você tem ações, CDBs, fundos, entre outros, você precisa observar a previdência da mesma maneira como faz com eles”, explica Gabriel Escabin, head de Previdência do BTG Pactual digital .
“A dinâmica da taxa de juro do país é muito grande. Passamos de dois para um dígito de maneira muito rápida. Então, é importante que o investidor faça essa verificação na mesma velocidade”, afirma. É a melhor forma de avaliar o andamento dos investimentos, entender onde é preciso mexer e como fazer isso.
Fique atento à rentabilidade e às taxas cobradas pela previdência. Verifique com sua instituição financeira o histórico de rendimentos periodicamente. Caso esteja abaixo do CDI, atrelado à Selic (hoje, em 2% ao ano), é hora de buscar opções mais vantajosas.
Como funciona a portabilidade entre fundos?
Caso esteja insatisfeito com a previdência escolhida, sacar o recurso pode não ser uma boa opção. Isso porque será preciso encarar os descontos do imposto de renda de acordo com a tabela escolhida: progressiva — com alíquota de IR proporcional ao valor do resgate — ou regressiva, em que ela é reduzida conforme o tempo de aplicação, começando em 35% até chegar a 10%.
Vale buscar produtos na instituição onde está sua previdência ou em outras e pedir a portabilidade entre os fundos. O banco ou a corretora escolhida ficará responsável por todo o processo. No caso do BTG Pactual digital, por exemplo, depois de o cliente receber um comparativo dos produtos e indicar o mais adequado ao seu perfil, ele recebe a solicitação da mudança pelo aplicativo. Após o aceite, o recurso é movimentado entre os bancos em até dez dias úteis.
Mas atenção: não é possível mudar de Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) para Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Mesmo ao trocar de instituição, por uma restrição regulamentar, o PGBL seguirá sendo PGBL, e o VGBL continuará como VGBL.
“O que é possível fazer é mudar o perfil de investimento. O cliente pode buscar produtos mais sofisticados ou conservadores e taxas de administração mais eficientes”, explica Escabin. Além disso, o cliente pode mudar a tabela de tributação do plano de progressiva para regressiva. Mas não consegue alterar de regressivo para progressivo.
Como avaliar qual é o melhor plano de previdência?
Gabriel Escabin destaca a importância de avaliar três pontos. O primeiro deles é o citado acima, relacionado à análise de seu perfil de risco para identificar um produto adequado a seu objetivo. “Se não estiver bem alinhado com isso, o investidor vai achar que a previdência é um produto ruim. E isso não necessariamente é verdade”, explica.
O segundo ponto é entender as taxas cobradas. A de administração é a mais comum, pois é ela que remunera a seguradora, o gestor e o administrador do produto de previdência. Há também a taxa de carregamento, em que um percentual é cobrado sobre cada depósito ou retirada feita no plano. Nesse caso, Escabin faz um alerta: “O ideal é que a taxa de carregamento seja sempre zero, sem custos para o cliente”.
São as taxas que vão ditar parte da rentabilidade de sua previdência. Por isso, o cliente precisa observar se o custo da administração está alinhado a seu perfil de risco. Por exemplo, se o investidor tiver um produto mais sofisticado e uma taxa de administração que cabe nesse processo, de até 2%, ele terá uma rentabilidade satisfatória.
Mas, se ele tiver um produto de renda fixa, a taxa precisa ser inferior aos 2% da Selic. Caso contrário, o investidor não terá ganhos. “No BTG , o fundo Tesouro Selic de Previdência, por exemplo, tem taxa de administração de 0,20%. Então, com certeza, migrar desse produto para um conservador como o nosso já vai trazer um ganho financeiro ao cliente”, afirma Escabin.
Por último, o investidor deve ter em mente que a previdência é um produto de longo prazo. “É preciso estar de acordo com os objetivos de previdência, de usufruir do patrimônio após dez anos ou mais. Senão, uma tabela de imposto de renda regressiva não vai surtir efeito, e o investimento não trará a rentabilidade esperada para o cliente”, finaliza.