Fábrica da TSMC em Nanjing, província de Jiangsu, China: replicar o modelo ambicioso fora da Ásia tem sido um desafio (Future Publishing/Getty Images)
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Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 14h20.
A construção de fábricas da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) em Phoenix, no Arizona, uma das iniciativas mais ambiciosas de produção de chips fora da Ásia, está enfrentando desafios significativos. Apesar do apoio governamental e dos investimentos substanciais, o projeto de US$ 165 bilhões, destinado a produzir chips avançados e impulsionar a indústria de inteligência artificial nos Estados Unidos, enfrenta entraves burocráticos e dificuldades em encontrar trabalhadores qualificados.
Cobrindo uma área maior do que o Central Park de Nova York, a instalação simboliza o esforço dos EUA para alcançar autossuficiência na produção de semicondutores, um setor vital para o avanço tecnológico. No entanto, o processo de construção e operação se revelou mais complexo do que a TSMC e seus parceiros esperavam.
A falta de experiência local na construção de fábricas de chips e a necessidade de obter múltiplas permissões de diferentes níveis governamentais – um problema mais comum em países com regulação europeia – têm gerado atrasos e custos elevados.
Acostumada a operar em Taiwan com um sistema regulatório mais simplificado, a TSMC teve que se adaptar a um emaranhado de exigências em Arizona. Para obter as autorizações necessárias, a empresa precisou até desenvolver regras para algumas localidades, já que estas não existiam previamente. No total, a criação das 18.000 normas custou US$ 35 milhões. Além disso, a TSMC tem enfrentado longos processos de licenciamento que triplicaram o tempo estimado para concluir cada etapa.
Pressionada pelo governo Trump para aumentar a produção doméstica de chips nos Estados Unidos, a TSMC já tem uma fábrica operacional, duas em construção e planos para mais três na área de Phoenix, além de duas instalações de embalagem. Quando estiverem prontas, um terço dos chips avançados da TSMC deve ser fabricado nos EUA.
A TSMC não desenvolve os chips, mas fabrica versões para empresas como Apple e Nvidia, a qual está no centro do boom da IA. Dada a proximidade com a China e as tensões territoriais envolvendo o país, há preocupações de que uma eventual tomada de controle pelo gigante asiático possa interromper toda a cadeia de suprimentos desse ativo central para diversos setores da economia.
Outro obstáculo significativo tem sido a escassez de mão de obra qualificada. A TSMC precisou importar centenas de trabalhadores de Taiwan, recebendo críticas de sindicatos locais e enfrentado disputas legais sobre o emprego de trabalhadores estrangeiros.
Além disso, a falta de treinamentos especializados nos EUA também é alvo de críticas, com a alegação de que a empresa dá preferência à importação de trabalhadores em vez de treinar os locais.