Marcelo Sales: diretor geral de Field Engineering na América Latina (Marcelo Sales/Reprodução)
Repórter
Publicado em 28 de julho de 2023 às 11h16.
Última atualização em 23 de agosto de 2023 às 15h26.
Como um carro autônomo aprende a dirigir? Forneça o manual do automóvel, as leis de trânsito, os cuidados importantes ao conduzir e então deixe a inteligência artificial (IA) praticar em um ambiente controlado, talvez até mesmo em um simulador.
Com o tempo, o carro começa a entender como se comportar na estrada, ajustando as ações com o que aprendeu. O resultado, por fim, pode chegar muito próximo de como um motorista humano pilota, afinal, os dois aprenderam quase do mesmo jeito.
Mas nessa jornada de aprendizado da máquina, há uma parte importante do desenvolvimento que é criar os caminhos para os dados corretos, para o nosso exemplo seriam os sinais de trânsitos e ruas, serem levados na hora que a IA requisitar.
Uma das empresas que oferece essa estrada, por assim dizer, é a americana Databricks, por meio do software SQL, um conhecido programa de desenvolvedores e analistas de sistemas.
A Databricks e suas soluções navegam em uma onda de crescimento, tendo ultrapassado a marca de US$ 1 bilhão em receita no último ano fiscal. Com o balaço robusto, a empresa agora mira em expansão, e o Brasil se tornou um dos focos de ação da empresa.
Nesta semana, a companhia anunciou a abertura de um escritório em São Paulo. A movimentação visa fortalecer o ecossistema de inovação da companhia na América Latina, e ampliar o quadro de colaboradores em 50% até o final do ano fiscal.
"A inteligência artificial tem um potencial significativo na personalização de soluções e produtos das empresas. Uma presença mais forte da Databricks vai incrementar o cenário de IA do Brasil e vai permitir que as organizações trabalhem com modelos abertos, refinando-os com seus próprios dados. Isso possibilita uma maior democratização da IA e proteção da propriedade intelectual", afirma Marcelo Sales, diretor geral de Field Engineering da Databricks.
Situado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, o novo escritório de São Paulo servirá para o fortalecimento das operações da Databricks no país.
A empresa tem planos de continuar a investir no mercado latino-americano, com uma equipe local em expansão focada no desenvolvimento de negócios, field engineering, professional services e marketing.
A ascensão dos modelos de linguagem em grande escala (Large Language Models - LLMs) colocou o vasto potencial da IA em evidência global.
No momento em que o mercado de sistemas de inteligência artificial voltados para o consumidor, como ChatGPT e Bard, emerge, previsões da Bloomberg Intelligence sugerem que esse segmento, que gerou US$ 40 bilhões no ano passado, deve expandir para US$ 1,3 trilhão até 2032.
Fazendo jus a essa tendência, a Databricks recentemente adquiriu a MosaicML, uma plataforma líder em IA generativa.
Com essa aquisição, a empresa pretende incrementar a cartela de clientes que já passa de 10 mil globalmente, com nomes de destaque como Adobe, Atlassian, Condé Nast e Shell. Mais da metade das empresas listadas na Fortune 500.
Ainda que os resultados sejam positivos, a Databricks segue atrás da sua principal competidora, a Snowflake, companhia quente no nicho de data cloud, que abriu uma subsidiária no Brasil em 2022.
No ano passado, a rival da Databricks registrou receita de US$ 1,219 bilhão, com US$ 1,14 bilhão advindos da receita de produtos da companhia, conforme reporta o site ZDNet.
Além de expandir seu alcance global, a Databricks já estabeleceu parcerias com empresas brasileiras orientadas por dados, como o iFood, PicPay e Bradesco.
No caso do Bradesco, a plataforma Databricks Lakehouse auxiliou na entrada do banco no segmento de Open Finance.
Com mais de 180 casos de uso de analytics e IA na ferramenta da Databricks, o banco conseguiu diminuir o tempo de desenvolvimento de novos aplicativos de dois dias para menos de duas horas. Sinal de que a estrada da Databricks consegue acelerar os negócios.