Jensen Huang: CEO da Nvidia (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / Colaborador/Getty Images)
Redator
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 09h01.
Jensen Huang, CEO da Nvidia, conseguiu uma vitória estratégica em Washington ao garantir que sua empresa possa vender para a China chips para inteligência artificial do modelo H200. A liberação foi anunciada na última semana, após meses de lobby, pelo próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conhecido por seu estilo agressivo e domínio na arte da negociação.
A decisão representa uma reversão parcial da política anterior de restrições à exportação de semicondutores de alto desempenho para o mercado chinês, imposta por razões de segurança nacional. Com isso, a Nvidia, avaliada em mais de US$ 4 trilhões, evita perder espaço para concorrentes como a chinesa Huawei. Em contrapartida, o governo dos EUA ficará com 25% do valor das vendas realizadas ao país asiático.
Inicialmente cético sobre a utilidade do lobby em Washington, Huang intensificou sua atuação após o retorno de Trump à Casa Branca. Até então, a Nvidia mantinha uma presença mínima na capital norte-americana. Desde o início do ano, o executivo participou de pelo menos seis reuniões privadas com o presidente, além de conversas por telefone e viagens conjuntas ao exterior.
Huang também representou a Nvidia na cúpula da Casa Branca sobre IA, em julho, e, em outubro, contribuiu financeiramente para a construção de um novo salão de festas na residência presidencial.
O contato inicial foi facilitado por Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, que classificou Huang e a Nvidia como “tesouros nacionais” e ofereceu acesso direto à administração. O CEO também contou com o apoio de Robert O’Brien, ex-assessor de Trump para segurança nacional, na formulação dos argumentos da empresa junto ao Congresso.
Em sua, por enquanto, bem-sucedida negociação, a empresa adotou uma estratégia fora do padrão: evitou grandes firmas de lobby e montou uma equipe interna, liderada por Tim Teter, diretor jurídico, com nomes ligados ao círculo republicano.Huang defende que bloquear a venda de chips dos EUA para a China apenas aceleraria o desenvolvimento da indústria chinesa. Segundo ele, a presença da Nvidia no país é essencial para manter a liderança norte-americana no setor e, ao mesmo tempo, assegurar a dependência tecnológica das empresas chinesas em relação aos Estados Unidos.
No entanto, apesar da vitória, a liberação enfrenta resistência de parlamentares de ambos os partidos. Um projeto bipartidário tenta limitar futuras permissões, principalmente temendo que a Casa Branca autorize, no futuro, a exportação de modelos mais potentes, como os chips Blackwell.