Matt Garman, CEO da AWS: veja as principais novidades do braço de nuvem da Amazon (Noah Berger)
Repórter
Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 15h19.
Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 16h53.
LAS VEGAS — Enquanto gigantes como Google e OpenAI expandem sua atuação em inteligência artificial (IA), focando em chatbots para o consumidor final, a Amazon utiliza seu braço de nuvem, a AWS, para criar uma aposta B2B bastante singular.
É o que detalha o CEO da empresa, o americano Matt Garman, que anunciou nesta terça-feira, 3, uma série de novidades durante o AWS re:Invent, evento da companhia realizado anualmente em Las Vegas, nos Estados Unidos. A convenção, que reúne desenvolvedores, clientes e parceiros, vai até o dia 6 de dezembro e concentra as principais novidades da marca.
Ano passado, a AWS deu o primeiro passo em direção ao mercado de inteligência artificial. Um pouco atrasado, apostou numa lacuna que ainda não tinha sido totalmente preenchida: o foco em atender empresas, que precisam de uma IA que garante segurança e privacidade dos dados. O chatbot do ChatGPT, por exemplo, armazena informações como endereço IP, localização e a própria conversa com o usuário, o que o distancia do uso das empresas.
Isso não quer dizer que a Amazon não tenta ter o próprio chatbot de sucesso, nos seus próprios termos. A novidade de 2024, ainda não disponível no Brasil, é o Rufus. O assistente virtual está presente no site e app da Amazon para ajudar os clientes a "tomar decisões de compra mais informadas".
A AWS também anunciou a própria versão do Google Lens. O Amazon Lens é um mecanismo de busca por imagens, ao invés de texto. O consumidor tira uma foto do produto que almeja e pode pesquisar diretamente no site da Amazon.
Vale ressaltar que a Amazon também investe fortemente em startups como a Anthropic, que detém a IA generativa Claude. Até o momento, a rival da OpenAI já captou US$ 8 milhões da empresa de Jeff Bezos e tem todo o serviço hospedado na nuvem da AWS.
Na edição deste ano, o foco do primeiro dia de novidades foram dois dos principais produtos da AWS: o Amazon Q, assistente de IA para desenvolvedores e empresas, e o Amazon Bedrock, plataforma para aplicações de inteligência artificial.
O que fica claro é que a Amazon está se aprofundando em soluções cada vez mais especializadas e escaláveis. Ambos focam em facilitar a adoção e o uso de IA generativa, mas com funcionalidades bem específicas, dependendo do perfil da empresa.
A grande promessa por trás dessas ferramentas é que elas possam reduzir o tempo de desenvolvimento de software, aumentar a produtividade corporativa e otimizar o uso de dados de forma mais eficaz.
O Amazon Q é um assistente de IA generativa desenvolvido para atender a diferentes demandas corporativas, com duas versões principais. A Q Developer é a versão destinada a desenvolvedores e busca facilitar o desenvolvimento de software por meio da IA generativa.
Suas funcionalidades incluem a geração de sugestões de código em tempo real, automação de testes de unidade e documentação, além da transformação de código legado, como a migração de COBOL para .NET/Linux. Também disponibiliza agentes capazes de reduzir tarefas complexas, promovendo a modernização de aplicações e o aumento de produtividade no setor de TI.
Já o Q Business foca em automatizar tarefas repetitivas e aumentar a produtividade operacional. Suas capacidades incluem integrar dados de diferentes sistemas, criar índices para decisões mais rápidas e oferecer análises de dados com insights relevantes.
A integração com o Amazon QuickSight também permite a visualização de informações estratégicas de forma acessível.
Outra atualização apresentada pela Amazon foi o Bedrock, ferramenta que tenta agregar diferentes aplicações de IA em uma mesma plataforma. Em um modelo de "IA as a service", a ideia é simplificar a criação e a escalabilidade de aplicações de IA generativa[/grifar].
Entre os destaques, está a personalização de modelos com dados específicos, permitindo que as empresas adaptem as soluções às suas necessidades sem precisar realizar um treinamento completo do modelo.
Agora, também é possível criar agentes individuais projetados para tarefas específicas. Os agentes podem determinar se as tarefas precisam ser disparadas sequencialmente ou se precisam ser feitas em paralelo. Se vários agentes retornarem com informações, ele pode decidir em tempo real qual priorizar, por exemplo.
"O BedRock pega o que seria uma tarefa de engenharia de coordenação quase impossível e a torna simples de fazer", resume Garman.
Outro recurso essencial é a destilação de modelos, uma técnica que transfere o conhecimento de modelos grandes e robustos para versões menores, mais leves e eficientes, o que torna possível, por exemplo, operar parte do banco de dados de uma IA direto de um smartphone.
O Bedrock também traz o razonamento automatizado, projetado para validar a precisão das respostas da IA, reduzindo o risco de erros conhecidos como "alucinações", um problema comum em tecnologias generativas.
*A jornalista viajou a convite da Amazon Web Services (AWS)