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Justiça argentina julgará pela 1ª vez vice em exercício

Decisão, que transformará Boudou no primeiro vice-presidente em exercício a ser julgado no país, foi anunciada após sua participação na Cúpula do Clima em Lima


	Amado Boudou: vice-presidente teria falsificado documentação de veículo Honda após 10 anos de uso
 (Jose Cabezas/AFP)

Amado Boudou: vice-presidente teria falsificado documentação de veículo Honda após 10 anos de uso (Jose Cabezas/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 15h47.

Buenos Aires - Em uma decisão sem precedentes na Argentina, a Justiça determinou nesta quinta-feira que o vice-presidente Amado Boudou seja julgado pela suposta falsificação de documentos públicos, enquanto aumentam as vozes na oposição para que o político seja afastado e a presidente Cristina Kirchner permanece em silêncio.

O juiz Claudio Bonadío, que investiga supostas irregularidades em uma das empresas de Cristina, determinou a abertura de um julgamento após rejeitar os recursos apresentados pela defesa do vice-presidente para encerrar o caso, informou hoje o Centro de Informação Judicial.

A decisão, que transformará Boudou no primeiro vice-presidente em exercício a ser julgado no país, foi anunciada um dia após sua participação na Cúpula do Clima em Lima, onde o político lidera a delegação argentina.

Segundo o Código Penal argentino, a pena para o crime de falsificação de documentos é de entre um a seis anos, delito mais leve do que as outras acusações contra Boudou.

O vice-presidente teria falsificado a documentação de um veículo Honda após 10 anos de uso.

O carro está incluído em uma disputa legal entre Boudou e sua ex-exposa Daniela Andriuolo, que exige metade do valor do veículo como parte na divisão de bens do divórcio.

O juiz também determinou o julgamento de Agostiniana Seguin, ex-mulher do vice-presidente e que utilizava o carro, de uma chefe da Direção Nacional de Registros de Propriedade Automotiva (DNRPA) e de dois funcionários do órgão.

Segundo a decisão de Bonadío, o promotor considerou provado que os acusados atuaram "associadamente com a finalidade de conseguir a transferência irregular -mediante documentação falsa- do automóvel".

O vice-presidente terá que comparecer no Tribunal Oral Federal 1 de Buenos Aires, embora ainda não se saiba a data de início do julgamento.

O novo golpe contra o vice-presidente chega após um longo calvário, no qual seus advogados viram rechaçados todos os recursos apresentados na Justiça e a oposição endureceu as críticas contra o político.

"Quero que Boudou seja preso", afirmou a deputada opositora Elisa Carrió à emissora "TN".

"O que mais deve ocorrer em uma república séria para que um vice-presidente deixe o cargo e use todo seu tempo para resolver os problemas judiciais?", disse ao mesmo canal o senador Luis Juiz, da Frente Cívica.

Já o radical Gerardo Morales pediu ao governo que deixe de proteger Boudou.

Além disso, o vice-presidente é investigado em outras causas e está sendo processado por suposto suborno passivo e negociações incompatíveis ao seu cargo em um processo de maior envergadura, que investiga a compra irregular de uma prensa de papel-moeda quando ele estava à frente do Ministério da Economia (2009-2011).

Apesar de ter se mantido em um discreto segundo plano nos últimos meses, a decisão judicial representa um golpe para Cristina Kirchner, principal defensora de Boudou, a menos de um ano para as eleições presidenciais.

Bonadío tem em suas mãos outras causas que incomodam o Executivo argentino, especialmente a investigação aberta sobre a Hotesur, a companhia que administra o hotel Alto Calafate e da qual a presidente é acionista.

O juiz investiga irregularidades nas apresentações da Hotesur para a Inspeção Geral de Justiça (IGJ) e contratações fictícias de companhias do empresário Lázaro Báez, próximo ao kirchnerismo.

Após o avanço desta causa, o senador kirchnerista Marcelo Fuentes abriu no final de novembro uma denúncia penal contra Bonadío por suposto enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, abuso de autoridade e descumprimento dos deveres de funcionário público.

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