EXAME/IDEIA: para 70% dos brasileiros, auxílio deve ser prorrogado
População também não está satisfeita com o aumento do salário mínimo; 96% dos brasileiros consideram o atual valor, de 1.100 reais, insuficiente
Carla Aranha
Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 08h02.
Se há um consenso geral entre os brasileiros, é que o auxílio emergencial deve ser prorrogado neste ano. É o que afirmam 70% dos entrevistados na última pesquisa EXAME/IDEIA ,projeto que une Exame Research , braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento, inédito, também mostra que apenas 26% dos brasileiros são contrários à continuidade do auxílio e 4% não souberam opinar.
A pesquisa foi realizada com 1.200 pessoas entre os dias 11 e 14 de janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
As duas regiões com maior número de pessoas que apoiam a medida são o Norte e Nordeste. Entre aqueles que moram na região Norte, 74% defendem a prorrogação do auxílio. Já entre os que vivem no Nordeste 73% são favoráveis à medida. Ambas as regiões foram as que mais receberam o auxílio no ano passado.
Com o fim do benefício, a massa salarial dos moradores do Norte e Nordeste deve cair quase 10% neste ano ano, segundo a consultoria Tendências. O pagamento do benefício proporcionou em 2020 um aumento de 2,8% da massa salarial ampliada dos brasileiros, que incluí salários e benefícios sociais do governo, de acordo com um estudo do banco Santander.
O apelo pela continuidade do benefício é maior entre a população mais vulnerável: 77% dos que ganham até um salário mínimo e 78% dos que não conseguiram completar o ensino fundamental defendem a extensão do auxílio.
Os que apoiam o governo Bolsonaro também são os mais favoráveis à renovação do benefício. Entre os que avaliam o governo como ótimo e bom, 72% concordam com a necessidade da extensão. Já entre os que consideram o governo ruim ou péssimo, 69% apoiam a medida.
O levantamento EXAME/IDEIA também aponta que os grupos de maior renda e escolaridade são os que consideram que o auxílio deve ser suspenso para não afetar a economia do país. Entre os que têm ensino superior, 29% são contra novas parcelas do auxílio. No grupo dos que ganham cinco salários ou mais, 34% também são contrários à extensão.
Salário mínimo
A pesquisa também perguntou como os brasileiros avaliam o aumento do salário mínimo, que passou de 1.045 reais para 1.100 reais no início do mês: 96% dos entrevistados consideram esse valor insuficiente.
"Esse resultado é um indicador da defasagem entre as expectativas de renda da população e o aumento corrente dos preços", diz Maurício Moura, fundador do IDEIA.
A inflação dos alimentos, que atinge em cheio o bolso da população mais pobre, chegou a 11% no ano passado. Neste ano, o aumento no preço internacional das commodities, como o milho e a soja, que servem de ração para o gado e as aves, devem provocar novas remarcações nos supermercados, em um cenário desafiador principalmente para as famílias menos favorecidas economicamente.