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Tudo sobre o "Trump Trade" e sua dinâmica após as eleições nos EUA

Fenômeno apelidado de "Trump Trade" teve investidores buscando posições para se favorecer através da vitória de Trump nas eleições dos EUA

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 09h30.

Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 11h02.

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Por Gabriel Fauth, do TradingView*

Um tanto se falou de quais seriam os "Trump Trades" para essa eleição, isto é, quais posições devem se favorecer numa eventual vitória de Trump na eleição americana.

Essa não é uma pergunta assim tão difícil se você entende o que Trump defende, todavia nessa eleição vimos uma dinâmica interessante no mercado americano, pois correlações que são normalmente negativas se tornaram positivas dando um ar de grande excepcionalidade para a dinâmica dos mercados. Isso acontece devido ao número grande de variáveis como guerras, inflação, revolução da inteligência artificial (IA) e juros.

Mas porque isso aconteceu? Pode ser um sinal de que os tempos mudaram? Primeiro vamos entender as duas classes de ativos.

Classes de ativo

Normalmente o mercado é dividido em duas classes, os ativos de risco e os ativos de segurança.

O ativo de risco é aquele que performa bem em cenários de crescimento, PIB forte, inflação controlada, e possuem risco embutido pois seus resultados são variáveis, como por exemplo ações, índices, criptos e moedas.

Já os ativos de segurança são aqueles que são mais resistentes a volatilidade do mercado, e tendem a ter uma precificação mais lenta e perene, pagando baixos dividendos ou com baixa volatilidade na sua variação de preço, são esses algumas moedas, como o iene, o franco suíço e o dólar; alguns metais como ouro e as vezes a prata; e títulos de governo como as Treasuries.

De forma simplificada quando os ativos de risco sobem, os ativos de segurança caem e vice versa, salvo eventuais mudanças nos fundamentos desses ativos, podendo ser política monetária, políticas fiscais, importação/exportação, oferta e demanda, geopolítica e outros fatos que podem fazer o preço descorrelacionar momentaneamente a razão do risco vs. seguraça.

O que isso tem a ver com o playbook "Trump Trades"

No gráfico em anexo podemos observar as duas classes de ativos misturadas, pois eu trouxe ativos de risco e segurança para representar de forma ampla o movimento de mercado que vimos desde o primeiro debate entre Harris e Trump no dia dez de setembro.

De forma prática, tivemos uma alta em todos os ativos nesse recorte de data, o que é contraintuitivo. Ativos como ações (S&P500 em marrom, e bitcoin dólar em laranja) normalmente operam com correlação positiva alta, isso é, quando o S&P500 cai, representando uma realização de lucros ou até mesmo uma fuga do risco o bitcoin deve seguir o ativo principal, e por consequência os participantes do mercado passam a comprar ativos de segurança, ouro, dólar ou títulos. Então nesse os ativos de segurança vão subir enquanto os ativos de risco vão cair.

Só que o que eu chamar a atenção é que nos últimos dois meses vimos os principais ativos de segurança e ricos subirem juntos, muito intrigante.

A explicação se dá no perfil político e desejos de governar de Trump, aonde através de algumas declarações ele mencionou que diminuíra os impostos e aumenta tarifa de importação, uma medida protecionista.

O fato dele ser pró-mercado e dele apoiar as criptomoedas faz com que o mercado veja upside para o mercado de risco, mas suas medidas e o seus discursos também fazem o dólar ganhar força frente as outras moedas, e os players pedirem mais premio de risco nos treasuries.

É por isso que vimos todas as classes subindo juntas. Claro que os fatores geopolíticos e econômicos afetaram os mercados nos últimos meses, mas de forma intensificadora invés de refratora.

Conclusão

Isso quer dizer que os EUA vão produzir mais, haverá mais emprego, mais renda e mais PIB, consequentemente haverá mais inflação. Não apenas isso, dólar se valoriza com medida protecionista afinal os juros seguem altos no seu governo e o endividamento aumenta a preocupação com o fiscal, que retroalimenta a entrada de dólares despatriados para aproveitar juros altos e necessidade de cortar juros mesmo com inflação exacerbada.

Tudo isso deixa uma série de perguntas ainda sem resposta:

  • Seria o bitcoin uma saída para essa bola de neve fiscal?
  • Será que o Trump está disposto a por o dólar a prova frente as criptos?
  • Podemos afirmar que o Trump usou bitcoin apenas para sua campanha?
  • Trump estaria disposto a dividir a hegemonia monetária do dólar com as criptomoedas?

É uma bomba relógio na mão de Trump agora, vamos ver se ele realmente é pró-criptomoedas.

*Gabriel Fauth é operador de mercados futuros há 7 anos e é um dos contribuidores de análises e avaliações de mercado na comunidade do TradingView. O TradingView é uma ferramenta de gráficos para execução e análise do mercado, além da maior rede social para investidores e Traders. 

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