Repórter do Future of Money
Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 10h00.
A Consensys, empresa de Web3 por trás da carteira digital MetaMask, divulgou nesta terça-feira, 10, os resultados da sua pesquisa anual sobre o mercado de criptomoedas. E os brasileiros estão entre os destaques positivos, mostrando uma alta sofisticação e conhecimento sobre o setor.
É o que avalia Daniel Lynch, diretor sênior da Consensys, em entrevista exclusiva à EXAME. "Fiquei bem impressionando com a sofisticação do mercado, da população brasileira. Entre os entrevistados, 96% falaram que já ouviram falar de cripto e 56% acham que entendem o que é Web3 e cripto. Só África do Sul, Turquia e Índia superam".
Lynch pontua que o mercado brasileiro alia um "grau de sofisticação alto" com uma "diversidade geográfica" na adoção de ativos digitais, assim como uma paridade de gênero difícil de encontrar em outros mercados.
Os dados indicam que o Nordeste é a região do Brasil com maior adoção de criptomoedas, com 43% dos entrevistados da região afirmando que já investiram ou possuíam criptomoeda, acima da média mundial de 42%. O Sul ficou em segundo lugar, com 43,4%, seguido do Sudeste, com 40,7%.
O executivo da Consensys avalia que a liderança do Nordeste pode estar ligada à capacidade dos criptoativos de atingirem pessoas que, antes, não tinha acesso a diversos serviços financeiros, incluindo pagamentos e empréstimos. O resultado converge com dados globais, com regiões mais economicamente desfavorecidas liderando na adoção desses ativos.
A conscientização sobre cripto no Brasil, em 96%, também está acima da média mundial de 93%. Ao mesmo tempo, 47% afirmaram que consideram investir em criptomoedas nos próximos 12 meses. Entre os que investiram e saíram do mercado, 70% cogitam retornar.
Lynch avalia que a penetração dos ativos em termos de investimento é menor porque "é um setor novo. As primeiras moedas apareceram há 7 mil anos. A ideia de um valor monetário, como o regulado pela CVM, apareceu em 1500, nos Países Baixos. Cripto chegou em 2009, a Ethereum em 2015, e as stablecoins ainda depois".
"É um processo de aprendizado normal. Mas acho que cripto, blockchain, apresentam uma oportunidade de fazer uma autocustódia, ser o seu próprio banco, e isso exige alguns conhecimentos mais específicos", pontua.
O foco do mercado, acredita Lynch, deve ser em programas de aprendizado e também em formatos que facilitem a experiência do usuário, exigindo menos conhecimentos específicos.
O relatório da Consensys aponta ainda que os brasileiros entrevistados mostram preocupações com temas de privacidade, recompensa por fornecimento de dados e concentração da internet atual em poucas grandes empresas.
A combinação faz com que Lynch avalie que "o Brasil é o futuro. A população é altamente educada, sofisticada".
"Cripto permite fazer pagamentos, tomar empréstimos, são coisas interessantes, mas os brasileiros têm adotado cripto de outras formas também, em redes sociais, jogos. Então acho que é a população ideal para cripto, porque as pessoas entendem mais que em outros países que contribuem para a internet ser o que é e não recompensadas devidamente por isso", comenta.
"Blockchain não é só para mudar o mundo de finanças, mas a internet toda, e já vemos no Brasil essa questão das redes sociais. 55% acham que agregam um valor à internet, e em todas as mídias sociais quem mais contribui com fotos, posts, são os brasileiros, e apenas 35% acham que recebem uma recompensa justa por isso", destaca.
Nesse caso, o executivo da Consensys projeta uma "revolução que vai acontecer com novos experimentos que tornam as redes mais democráticas, com uma recompensa mais justa. E o Brasil está muito bem posicionado para isso".
"A população brasileira é uma das mais prontas para usar blockchain em todas as suas aplicações, indo além inclusive do mundo financeiro", ressalta.