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Runes no bitcoin: o que são e o porquê da euforia

Padrão de token recém-criado trouxe uma nova onda de entusiasmo à rede do bitcoin, com lançamentos de diversas memecoins e projetos que exploram a tecnologia

 (Reprodução/Reprodução)

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Felippe Percigo
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 28 de abril de 2024 às 11h00.

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Quase meia década à espera do halving e, na hora H, outro acontecimento rouba a cena no blockchain do Bitcoin. Estou falando do lançamento do protocolo Runes, de criação de tokens fungíveis, nascido justamente no bloco do tão aguardado evento quadrienal da moeda, o bloco 840.000.

A novidade estreou já deixando uma pegada histórica. Em parte do fim de semana do halving, que aconteceu na sexta-feira, 19, transacionar na rede do bitcoin foi mais caro do que em qualquer outro momento da história e os grandes responsáveis por essa explosão foram os Runes.

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A atividade no blockchain vem sendo dominada pelos tokens do novo padrão, como mostra o gráfico abaixo da Dune. Na última terça-feira, 23, foram responsáveis por mais de 81% das transações, enquanto o “bom e velho bitcoin” ficou na segunda posição.

Segundo o The Block, o protocolo gerou mais de US$ 135 milhões em taxas de transação no Bitcoin durante essa primeira semana do lançamento.

Vamos entender um pouco mais sobre o projeto e o porquê do entusiasmo.

Runes: o que é e como funciona

Runes é um protocolo que permite criar tokens fungíveis sobre o bitcoin. O idealizador é o desenvolvedor Casey Rodarmor, que já havia trazido para a rede o projeto Ordinals, de tokens não fungíveis, popularizados como os “NFTs do bitcoin”. Os Ordinals permitem a inscrição de dados digitais, como textos, imagens e vídeos, diretamente nos satoshis, que corresponde à menor unidade do bitcoin.

Pouco depois do lançamento do protocolo Ordinals, em janeiro de 2023, surgiu também um padrão pioneiro de tokens fungíveis no bitcoin, o BCR-20. Se você quiser mais detalhes sobre o que são e como funcionam os Ordinals e o BCR-20, leia aqui minha coluna sobre o tema.

Na visão de Casey Rodarmor, os Runes foram desenvolvidos para aprimorar a eficiência na criação de tokens fungíveis em comparação com o padrão BCR-20.

O BCR-20 foi o responsável por abrir a porta para uma invasão de memecoins ao ecossistema do bitcoin, resultando em episódios de congestionamento da rede e elevando as taxas.

Ao idealizar o Runes, Rodarmor pretendia atacar esses problemas com uma solução mais simples e barata usando a mesma estrutura de transação do bitcoin, UTXO (unspent transaction output/ saída de transação não gasta), e que não travasse a rede.

Outro objetivo do projeto, ele deixou bem claro em um tuíte: “tornar o bitcoin divertido novamente”. A intenção é explícita: entretenimento. Leia-se: outro berço de memecoins.

Comunidade dividida

Desde o lançamento dos Ordinals e, agora, dos Runes, a comunidade do bitcoin está dividida em torno das inovações.

Uma parte encara os novos casos de uso do blockchain de forma positiva, enquanto os mais puristas resistem. De um lado, estão os entusiastas que veem as inovações como o futuro da rede e, do outro, os tradicionalistas, que as consideram um desvio do propósito original do bitcoin, de funcionar como um sistema peer-to-peer de transferência de dinheiro.

Independentemente de opinião, o fato é que o Runes vem promovendo uma movimentação gigantesca no blockchain, como vimos pelos números trazidos no início da coluna. Já existem protocolos e projetos de NFT lançados aproveitando o seu potencial.

Deem só uma olhada no infográfico da @Coin98Analytics com o ecossistema do Runes.

O esquema categoriza as iniciativas como Pré-Runes, os projetos que anunciaram tokens antes da ativação do protocolo; Launch/Mintpad, lançamento/emissão pós-ativação; Wallets (carteiras) que dão suporte ao padrão; protocolos DeFi; marketplaces e corretoras descentralizadas (DEX), onde os investidores podem encontrar os tokens, ferramentas, pontes, etc.

Investimento e risco

Por mais que exista um enorme burburinho em torno do protocolo, ainda não se tem muito conhecimento de seus detalhes técnicos. Tenha em mente que a iniciativa é experimental e, portanto, se expor a qualquer um desses projetos é altamente arriscado.

Se você for ousado o suficiente para fazer esse movimento, aporte apenas a quantia que está disposto a perder. Não se esqueça de que estamos falando de memecoins e projetos em estágios iniciais.

Além disso, boa parte dos tokens lançados já estão supervalorizados, se você entrar agora estará comprando a euforia. Lembre-se: “Compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”. Não inverta essa lógica do mercado porque o resultado nunca é bom.

Por enquanto, o melhor a se fazer é observar. O ecossistema pode evoluir e amadurecer gerando boas oportunidades no futuro. Mas a gente deixa esse papo para mais tarde, quando pudermos enxergar o cenário de forma clara e analisar resultados palpáveis.

Algumas dessas iniciativas se destacam, como o Runestone, um projeto Ordinals do desenvolvedor de pseudônimo Leonidas, também criador do marketplace Ord.io. O Runestone promoveu um airdrop para os holders da memecoin DOG•GO•TO•THE•MOON (DOG), que atingiu impressionantes US$ 500 milhões de capitalização de mercado.

Grandes corretoras centralizadas (CEX) também estão na corrida para oferecer aos usuários tokens padrão Runes. O primeiro a ser listado em uma CEX foi o Satoshi•Nakamoto, na Gate.io.

Dito tudo isso, vamos ficar atentos ao desenvolvimento do ecossistema Runes para entender o impacto a médio e longo prazos dessas inovações. Só assim teremos base para identificar oportunidades - caso surjam - de forma fundamentada. Até lá, paciência e prudência são as palavras de ordem nesse cenário dinâmico e desafiador.

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