Roubos de criptomoedas ultrapassam US$ 1 bilhão em 2023, aponta pesquisa
Valor ainda está bem abaixo do total roubado em ataques durante 2022, mas número de ocorrências cresceu significativamente
Agência de notícias
Publicado em 10 de setembro de 2023 às 10h00.
No dia 4 de setembro, os ataques hacker que resultaram em roubos de criptomoedas ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão em 2023. Os dados são do relatório da CertiK, publicado no dia 7 de setembro, chamado “Resumo de Bilhões de Dólares”. Além disso, o número de ataques aumentou significativamente em comparação ao ano passado. Hugh Brooks, da CertiK, comenta que a métrica preocupa.
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Terceiro trimestre agitado
Embora ainda não tenha chegado ao fim, o terceiro trimestre de 2023 já é o que registra o maior volume de roubos de criptomoedas viabilizados por ataques hacker. Ao todo, foram extraídos US$ 398,7 milhões de diferentes aplicações. Além disso, este foi o trimestre com menor número de ataques, com 177 ocorrências registradas.
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Em 2023, hackers exploraram 576 brechas de segurança, com média de 71 ataques por mês entre janeiro e agosto. O número de ocorrências é 42% maior em relação à média mensal de 2022 no mesmo período.
“O que intriga é que esse aumento na frequência de incidentes não foi replicado em termos de ramificações financeiras. Na mesma conjuntura, em 2022, as perdas da indústria já tinham atingido US$ 2,4 bilhões. Se a tendência atual se mantiver, as perdas da indústria em 2023 podem acabar em menos da metade do total exibido em 2022”, aponta o relatório.
Possíveis razões para a diferença
De acordo com os analistas da CertiK, existem duas razões para o aumento no número de ataques sem o crescimento do montante extraído nos ataques hacker.
A primeira delas é o atual ciclo de baixa, no qual os preços dos criptoativos estão significativamente abaixo dos patamares exibidos no início de 2022. Mesmo que a mesma quantidade de criptomoedas seja roubada, o valor em dólar será menor, avaliam os analistas.
O segundo motivo é a queda em valor total alocado (TVL, na sigla em inglês) das aplicações descentralizadas. Em 2023, o TVL total do setor de finanças descentralizadas (DeFi) não conseguiu ultrapassar a marca de US$ 65 bilhões. No ano passado, contudo, o topo do TVL foi de US$ 205 bilhões.
“Quando as valorizações dos ativos digitais e o TVL estão em baixa, as recompensas de um ataque ou golpe caem proporcionalmente, mesmo que a frequência desses eventos permaneça a mesma ou aumente”, diz Hugh Brooks, Diretor de Operações de Segurança da CertiK, ao Cointelegraph Brasil.
“Existem outros motivos possíveis [para o encolhimento nos valores roubados], como adoção de melhores medidas de segurança para mitigar ataques, e mais educação sobre medidas preventivas”, acrescenta Brooks.
Cinco grandes ataques
A rede BNB, da Binance, é o blockchain onde foi identificado o maior número de ataques hacker, somando 326 casos. Enquanto isso, no Ethereum, 148 ocorrências são apontadas no relatório. Somadas, ambas as redes representam 82% dos ataques.
Além disso, os analistas da CertiK apontam que mais de 50% do total extraído através de ataques a aplicações do mercado cripto foram fruto de cinco ataques:
Euler Finance, ocorrido em 13 de março, que resultou na perda de US$ 197 milhões;
Multichain, ocorrido em 6 de julho, que resultou na perda de US$ 125 milhões;
Atomic Wallet, ocorrido em 3 de junho, que resultou na perda de US$ 100 milhões;
Alphapo, ocorrido em 23 de julho, que resultou na perda de US$ 60 milhões;
Vyper, ocorrido em 30 de julho, que resultou na perda de US$ 52 milhões.
As exceções da tendência de “mais ataques, menos valores” é vista nas execuções de flashloans, ou empréstimos relâmpago, e de ataques de reentrância. Este ano, pouco mais de 100 empréstimos relâmpagos extraíram quase US$ 375 milhões. No ano passado, por outro lado, o total extraído foi de US$ 250 milhões através de quase 150 ataques.
Já nos casos de reentrância, os valores extraídos por esse tipo de ataque superaram os US$ 60 milhões em 2023. O valor é superior ao triplo exibido no ano passado.
Preocupação para o ciclo de alta?
O crescente número de ataques hacker e golpes, quando imaginado dentro de um ciclo de alta, cria um cenário preocupante, avalia Hugh Brooks. Ele destaca, no entanto, que a indústria blockchain evolui e amadurece a cada dia, e o mesmo acontece com os usuários.
“A especulação sempre será um fator, mas o capital mais substancial, especialmente de investidores institucionais, almejará plataformas mais seguras, funcionais e que atendam parâmetros de segurança que utilizam benefícios da Web3. Essas organizações possivelmente não investirão em plataformas que não levem segurança como prioriedade”, avalia Brooks.
O Diretor de Operações de Segurança da CertiK cita ainda um relatório do BNY Mellon, que aponta para 97% investidores institucionais concordando que a “tokenização revolucionará a gestão de ativos” e “será boa para a indústria”.
“Para capturar parte deste valor, que está na casa de trilhões de dólares, cabe aos criadores da Web3 desenvolver produtos e serviços que utilizem ao máximo as vantagens de segurança inerentes à blockchain, enquanto também fornecem ferramentas e educação para que usuários explorem o mercado”, conclui Brooks.
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