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Relatório da Hashdex prevê 'horizonte promissor' para o mercado de criptomoedas em 2024

Aprovação de ETFs, uso de Ordinals, melhorias na Ethereum, avanços regulatórios e mudanças na política econômica dos EUA são motivos apontados pela Hashdex para otimismo

 (Reprodução/Reprodução)

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Cointelegraph
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Agência de notícias

Publicado em 26 de dezembro de 2023 às 16h30.

A gestora brasileira Hashdex publicou seu relatório “Crypto Investment Outlook 2024”. O documento traz as expectativas da empresa, para 2024, em relação ao mercado de criptomoedas.

Samir Kerbage, CIO da Hashdex, destaca no relatório que as criptomoedas demonstraram seu valor em 2023. Como exemplos, ele cita a proteção fornecida pelo bitcoin diante de uma forte crise bancária, incertezas econômicas, estresse geopolítico e guerras. Como resultado, salienta Kerbage, os ativos digitais têm mais impacto na economia global do que nos últimos 15 anos.

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“Em resumo, significa que estamos em um ponto de inflexão sem precedentes - uma oportunidade de investimento geracional que passará à medida que mais instituições ingressarem no setor e os efeitos de rede levarem a um crescimento exponencial”, acrescenta o CIO da Hashdex no relatório.

Para ilustrar esse ponto de inflexão, Kerbage elenca três tendências identificadas pela Hashdex que podem ditar os rumos do mercado cripto em 2024: a adoção de cripto por grandes investidores e corporações; o desenvolvimento das soluções de infraestrutura no mercado de criptomoedas; e um cenário macroeconômico favorável, que inclui a aprovação do primeiro ETF de bitcoin nos Estados Unidos, clareza regulatória e o halving.

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Horizonte promissor

Pedro Lapenta, Head de Research da Hashdex, deu destaque na resiliência do mercado de criptoativos após o colapso da FTX, ocorrido em novembro de 2022. Após o duro golpe na credibilidade do mercado, o setor de ativos digitais voltou a crescer ao redor do mundo.

Lapenta cita alguns dados, como: a recuperação do bitcoin em 2023; a queda na correlação entre o BTC e ativos tradicionais, como S&P 500, Nasdaq 100 e ouro; o crescimento no número de usuários de criptomoedas, que atingiu 420 milhões em 2023; avanços em infraestrutura tecnológica e regulamentação do mercado; interesse de grandes entidades, desde bancos centrais até algumas das maiores instituições privadas do mundo.

Esses avanços transformam o ano de 2024 em um “horizonte promissor”, diz Lapenta, que oferece uma oportunidade geracional no mercado de criptoativos. “Um momento raro na história em que importantes impulsionadores seculares convergem com um ponto de entrada cíclico e atraente a curto prazo”, completa.

Dois desses impulsionadores afetam diretamente a demanda por bitcoin: o halving e a aprovação do primeiro ETF de BTC indexado ao preço do varejo nos EUA. A aprovação dos ETFs pode trazer uma “enxurrada de novos investimentos” para o mercado, aumentando a demanda por BTC, enquanto o halving reduzirá a disponibilidade do ativo no mercado.

Além disso, a previsão de melhorias no cenário macroeconômico, especialmente nos Estados Unidos, podem ajudar os ativos de risco, como as criptomoedas.

“Ao adentrarmos em 2024, a transição do mercado de criptoativos de um rio para um oceano não é apenas um momento singular na história desta indústria, mas em toda a história das finanças”, avalia o Head of Research da Hashdex.

Expansão dos fundos cripto

Dramane Meite, Head de Produtos da Hashdex em seus mercados nos EUA e Europa, comenta no relatório sobre o potencial crescimento do mercado de criptomoedas através dos fundos de investimento.

Meite destaca que os ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) dos fundos de investimento com exposição a criptoativos representam percentuais muito pequenos em relação aos instrumentos tradicionais. No Brasil, por exemplo, os fundos negociados em bolsa (ETP, na sigla em inglês) são responsáveis por 1,2% do AUM total do país.

Na Europa a disparidade é ainda maior, com os fundos cripto disponíveis ao varejo através da bolsa representando apenas 0,3% do AUM total. O cenário é semelhante nos Estados Unidos, onde o AUM desses instrumentos é 0,4% do volume total.

Com base nesses números, e considerando a entrada de mais investidores interessados em cripto após a aprovação do ETF de bitcoin nos Estados Unidos, Meite estima que o AUM global total de ETPs de cripto saltará de US$ 41 bilhões, para US$ 600 bilhões. O crescimento é de quase 15 vezes.

“Agora que superamos o inverno cripto e estamos posicionados para o próximo verão dos criptoativos, continuaremos a esperar inovações de produtos que atendam às necessidades e demandas dos investidores. Conforme essa evolução se desenha, os investidores podem esperar muitas mais oportunidades neste ecossistema emergente”, avalia Meite.

Ordinals e ‘fase industrial’ do bitcoin

A utilização do Bitcoin para fins além da transferência de valores também foi citada no relatório da Hashdex. Lucas Santana, analista da área de pesquisa da gestora, comentou sobre os Ordinals, que são dados inseridos em unidades de BTC utilizando o software Ord.

Até 16 de novembro deste ano, 40 milhões de inserções de dados em frações de bitcoin, que incluem NFTs e tokens fungíveis, renderam US$ 96 milhões em taxas pagas aos mineradores da rede. Além disso, o retorno dos Ordinals no terceiro trimestre fez a rede do bitcoin superar a marca de 40 milhões de transações pela primeira vez em seus 15 anos de existência.

Santana também menciona a Taproot Assets, ferramenta criada pela Lightning Labs que permite a emissão de ativos sobre a rede de segunda camada do bitcoin. A principal aplicação para essa ferramenta, aponta o relatório, é levar stablecoins para a blockchain do bitcoin.

“O desenvolvimento destas novas utilidades é um sinal de que o bitcoin está reemergindo como uma plataforma tecnológica. Estas novas ferramentas servirão como os componentes essenciais que permitirão a criação de casos de uso reais sobre a blockchain pública mais segura e descentralizada do mundo”, aponta Santana.

O aumento no uso, por sua vez, aumentará a demanda por BTC entre investidores. Isso impacta direta e positivamente, segundo o analista, a tese de investimento do criptoativo. Além de ser uma reserva de valor, o bitcoin exibirá novas funcionalidades, podendo até mesmo tomar uma parcela do mercado de aplicações descentralizadas.

“A ‘era industrial’ do bitcoin como uma plataforma de programabilidade parece estar só começando e as suas implicações para a tese de investimento do maior criptoativo do mundo em 2024 são bastante encorajadoras”, diz o analista.

Ethereum e a economia tokenizada

Os avanços feitos no Ethereum em relação à sua escalabilidade também foram objeto de análise no relatório da Hashdex. O analista Yuri Alter Szaniecki aponta que houveram “avanços notáveis” em relação à capacidade do Ethereum de lidar com o alto fluxo de transações e demandas das aplicações descentralizadas.

Essas mudanças podem permitir que o Ethereum passe a atender mais demandas dos investidores, tanto institucionais quanto varejistas, em 2024. Uma dessas demandas é a tokenização de ativos.

“15 Bancos proeminentes como JPMorgan Chase e Deutsche Bank estão adotando essa abordagem inovadora, e um relatório recente sugeriu que a tokenização de ativos tradicionais poderia ultrapassar US$ 16 trilhões nos próximos 5 a 15 anos. Isso se deve ao fato de que a implementação da tecnologia blockchain permite uma solução mais rápida, segura e econômica para transações globais”, aponta Szaniecki.

Outro ponto destacado pelo analista é a demanda de ETH em um cenário onde mais aplicações descentralizadas são construídas na rede. Após a aprovação da Proposta de Melhoria do Ethereum 1559 (EIP-1559), uma parte das taxas de gas cobradas pela rede é tirada de circulação.

Esse fator, somado à redução na emissão de ETH após a sua migração para o modelo de consenso por prova de participação (PoS, na sigla em inglês), pode reduzir a oferta do criptoativo em um cenário de maior utilização de aplicações.

“Considerando o aspecto deflacionário do estoque circulante de ETH ao longo de 2023, vale a pena analisar como os mencionados choques de demanda exógena podem afetar os preços em 2024”, avalia Szaniecki.

Dessa vez é diferente

Nos dois últimos ciclos de alta, a aprovação de instrumentos para investimento em criptomoedas voltados aos investidores tradicionais foi seguida de queda nos preços. João Marco Braga da Cunha, Head de Gestão de Portfólio da Hashdex, lembra quando os contratos futuros de BTC e ETH foram aprovados na Chicago Mercantile Exchange (CME) em 2017. Pouco tempo depois, o bitcoin e demais criptoativos exibiram duras quedas.

A mesma coisa aconteceu em 2021, quando o primeiro ETF indexado ao preço de contratos futuros de bitcoin foi listado. O ciclo de alta perdeu gás poucos dias depois, resultando em correções significativas.

Em ambos os casos, no entanto, o mercado de criptomoedas já havia passado por um longo período de valorização, salienta Cunha.

“Em termos de preço, apesar do excelente desempenho em 2023, os preços dos principais ativos de cripto ainda estão muito abaixo das máximas históricas. Portanto, é muito difícil argumentar que existe uma bolha prestes a estourar. O ambiente macroeconômico está muito mais normal do que em 2022, quando a Fed Funds Rate, taxa básica de juros americana, subiu de quase 0% para mais de 4%, e o núcleo do CPI estava em 5,7% a/a em dezembro”, explica o Head de Gestão de Portfólio.

Além disso, Cunha destaca que a previsão dos analistas é que a taxa básica de juros nos Estados Unidos passe por reduções no ano que vem. É pouco provável, por isso, que grandes turbulências macroeconômicas apareçam para derrubar os preços dos criptoativos.

“O mercado cripto nos ensina a sermos humildes e nunca descartar a possibilidade de um ou mais cisnes negros. No entanto, mesmo sem esquecer as experiências amargas do passado, existem razões sólidas para pensar de maneira muito otimista sobre 2024”, conclui Braga ao fim do relatório.

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