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Real Digital será lançado no segundo semestre, afirma Campos Neto

Em evento, o presidente do Banco Central afirmou que uma espécie de versão beta da CBDC será lançada no segundo semestre desse ano para usuários selecionados

O presidente do BC não forneceu mais detalhes sobre o funcionamento do Real Digital e nem se às provas de conceito que estão sendo desenvolvidas pelas empresas ligadas ao mercado de criptomoedas também serão lançadas (Priscila Zambotto/Getty Images)

Cointelegraph Brasil

Publicado em 12 de abril de 2022 às 10h30.

Durante um evento promovido pela TC, nesta segunda, 11, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, anunciou que o Real Digital, criptomoeda do BC, será lançado ainda em 2022, provavelmente no segundo semestre do ano.

No entanto, como afirmou Campos Neto, este lançamento será ainda uma versão piloto e não estará disponível para toda a população do país. Ainda segundo o presidente, a CBDC nacional, será uma versão digital da moeda nacional o REAL e, portanto terá seu valor com base no STR (Sistema de Transferência de Reservas).

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Segundo aponta o portal do Banco Central, o STR, é o sistema que realiza a transferência de recursos entre instituições financeiras. É o sistema central do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), responsável pela transferência de fundos com liquidação bruta em tempo real (LBTR). Para utilizar o STR, é necessário que a instituição financeira tenha conta no BCB.

“A gente tem o STR, um sistema que liquida todos os ativos e tem como garantia o Real. Então a gente vai ter como se fosse um sistema em cima desse, um STR digital, onde vai ser garantido pela moeda digital, o Real Digital, e os bancos vão conseguir emitir stablecoins em cima dos seus depósitos”, explicou Campos Neto.

O presidente do BC não forneceu mais detalhes sobre o funcionamento do Real Digital e nem se às provas de conceito que estão sendo desenvolvidas pelas empresas ligadas ao mercado de criptomoedas também serão lançadas, em versão piloto, junto com o Real Digital, no entanto, disse que o CBDC nacional terá um limite de emissão, ou seja, um suprimento fixo com uma quantidade máxima a ser emitida tal qual o bitcoin.

"Isso (usar o STR no Real Digital) é uma forma de criar a digitalização da moeda sem criar uma ruptura no balanço dos bancos. Esse projeto deve ter algum tipo de piloto no segundo semestre”, disse.

Conforme anunciou no começo de março, o Banco Central, selecionou a exchange de criptomoedas , Mercado Bitcoin, para desenvolver uma prova de conceito com o Real Digital. Além do MB, entre as empresas de criptomoedas, o protocolo de DeFi Aave também foi selecionado e a ConsenSys  em parceria com a Visa e Microsoft.

Embora não tenha abordado o assunto no evento, Campos Neto já declarou também que entre os objetivos do Real Digital está habilitar contratos inteligentes efinanças descentralizadas na plataforma de CBDC do Banco Central.

"A iniciativa do Real Digital é uma resposta ao rápido progresso de transformação digital e à demanda da sociedade por meios nativos de liquidação em um novo ambiente. Avançamos muito desde a criação do grupo de trabalho sobre moedas digitais em 2020 e a cada passo dado amadurecemos as condições para que importantes ganhos de eficiência possam ser concretizados", afirmou no ano passado Campos Neto.

-(Future of Money/Laatus/Divulgação)

BC e criptomoedas

Ainda no evento da TC, Campos Neto também voltou a declarar que não vê as criptomoedas sendo usadas como pagamento e sim como veículos de investimento. No entanto, destacou que isso pode mudar na medida que a adoção das criptomoedas também aumente.

“O que a gente pensa é que existe uma curva na qual você começa como veículo de investimento e em algum momento aquilo passa a ser um meio de pagamento porque tem um processo dos agentes financeiros se acostumarem e aceitarem isso em pagamentos”.

Campos Neto também destacou que a digitalização da economia é um movimento natural e irreversível já que o mundo caminha para a integração de novas tecnologias na sociedade como a Internet das Coisas e o 5G e que, nesse debate, mais importante que as criptomoedas são as inovações que elas promovem no sistema financeiro.

“Mais do que a criptomoeda, o importante é olhar o network que ela trafega. Acho que temos grandes avanços. Temos networks que são construídos de tal forma que onde quanto mais você aumenta o tráfego, melhor o network fica”, exemplifica.

Ainda sobre o tema CBDC e criptomoedas, Campos Neto destacou que é preciso haver uma coordenação maior entre os Bancos Centrais sobre o tema, algo que vem defendendo publicamente desde o ano passado.

“Vejo um pouco uma corrida, mas é saudável. Tem espaço para todo mundo, para a moeda digital e para criptomoedas.”, afirmou.

O presidente do BC, que em breve, caso o atual texto de regulamentação das criptomoedas seja aprovado pelo poder legislativo e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, deve ser o responsável por ditar as regras para o mercado de criptoativos disse que o tema da regulamentação é complexo já que as criptomoedas e seu ambiente, estão em constante mudança.

“O tema da regulamentação é super complexo.... Os BCs estão nesse processo de entender como eu faço uma regulação hoje em um ambiente que deve mudar completamente em dois anos”.

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