Real Digital será lançado na Hyperledger Besu: existe diferença entre blockchain e DLT?
Anúncio do Banco Central deixou brasileiros confusos sobre tecnologia; conheça a rede que irá abrigar a moeda digital brasileira, chamada de “pix dos serviços bancários”
Publicado em 6 de março de 2023 às 18h57.
Última atualização em 7 de março de 2023 às 16h35.
Na tarde desta segunda-feira, 6, o Banco Central do Brasil anunciou detalhes sobre o lançamento do teste-piloto com o Real Digital. Além de explicar os motivos para a criação da CBDC (sigla em inglês para "moedas digitais de bancos centrais"), a entidade também anunciou a rede onde o ativo digital nacional vai circular: a Hyperledger Besu, que é uma aplicação que permite a implementação e desenvolvimento da blockchain do Ethereum dentro da DLT da Hyperledger. O anúncio provocou dúvidas em muita gente sobre as diferenças entre uma DLT e um blockchain.
Embora muitas vezes os termos sejam utilizados como sinônimos, blockchain e DLT (sigla para “Distributed Ledger Technology” ou "tecnologia de registro distribuído") têm particularidades específicas e, enquantotodo blockchain é uma DLT, nem toda DLT é um blockchain.
Em comum, os dois geralmente se requanferem a um registro de informações que são distribuídos por uma rede e promovem um maior grau de transparência de informações do que o permitido por bancos de dados centralizados ou registros digitais tradicionais.
No entanto, o tema tem gerado muita confusão na compreensão dessas tecnologias e definitivamente é algo que precisa ser esclarecido, já que os conceitos nem sempre são os mesmos.
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Distributed Ledger Technology (DLT)
Uma DLT é um livro-razão distribuído por vários nós ou dispositivos de computação, que se atualizam de forma independente. A parte interessante deste sistema está no fato que a contabilidade distribuída não é mantida por nenhuma autoridade central, como governos ou bancos.
Tudo é construído e registrado pelos nós participantes da rede, que podem votar sobre atualizações e outros assuntos. Uma vez que o consenso é atingido, tudo se atualiza de forma automática e salva em cada nó separadamente.
Desta forma, não é necessário confiar em nenhuma instituição, banco ou advogado, pois tudo é feito de forma programada e com menos custo. A transparência também é uma de suas principais vantagens.
Um estudo da Accenture revelou que até 2025, os bancos de investimento podem economizar cerca de 30 a 50% com compliance ao utilizar DLTs.
Quanto à escolha do Banco Central, um dos critérios foi o cumprimento do sigilo bancário através de uma rede permissionada, aquelas nas quais apenas usuários autorizados têm acesso, diferente da maioria dos blockchains, que são públicos e qualquer pessoa pode monitorar e rastrear todas as informações que circulam da rede.
No caso do Real Digital na Hyperledger Besu, serão os reguladores como o Banco Central e outros bancos ou instituições financeiras que terão acesso às informações.
Blockchain
O blockchain é um tipo de DLT, mas nem todas as DLTs são blockchains. Isso porque a tecnologia blockchain utiliza uma cadeia de blocos para ordenar suas transações em um sistema peer-to-peer (P2P).
As transações são agrupadas em blocos, que são verificados por mecanismos de consenso como prova de trabalho (PoW) ou prova de participação (PoS), entre outros. Os blocos, então são ligados entre si usando a criptografia. É por conta disso que muitos especialistas acreditam na segurança do blockchain, já que todos os blocos contêm a mesma informação e para mudar algo, seria necessário alterar todos eles. Na DLT, a mudança nos registros não é tão impossível assim.
Os outros tipos de DLT não usam uma cadeia de blocos para armazenar os dados. Ao invés disso, eles usam outras estruturas de dados. Essas estruturas de dados são usadas para armazenar as transações em um formato distribuído. A validação das transações é realizada de forma diferente, como por meio de contratos inteligentes, verificação de assinatura digital, etc.
Em resumo, o blockchain e as DLTs são dois tipos diferentes de tecnologias de livro-razão distribuído. O blockchain usa uma estrutura de cadeia de blocos para armazenar os dados. Já os outros tipos de DLT usam outras estruturas de dados e podem usar diferentes sistemas de consenso.
Hyperledger Besu
A Hyperledger Besu, rede escolhida pelo Banco Central para abrigar o Real Digital, a ser disponibilizado em 2024, é uma aplicação ligada ao blockchain Ethereum.
“O ponto é que a Hyperledger Besu é uma aplicação híbrida, podendo funcionar como nó na rede Ethereum registrando transações públicas, e de maneira privada registrando transações em uma camada de privacidade da sua rede permissionada”, explicou Gustavo Matos, especialista em criptoativos e blockchain da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual.
“No fim do dia a Hyperledger Besu é como se fosse um banco de dados que processa e registra as transações normalmente, mas só publica o registro final na rede pública. Todos os detalhes continuam na camada privada”, concluiu Matos.
Entre as vantagens citadas pelo Banco Central para a escolha da Hyperledger Besu estão a compatibilidade com Ethereum Virtual Machine (EVM), suporte à privacidade de transações, código aberto, diversos fornecedores de TI no Brasil e no exterior, além de ser uma plataforma com projetos em produção.
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