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Real Digital vai democratizar acesso a serviços financeiros, diz Banco Central

Coordenador do projeto destacou importância da CBDC brasileira, que vai fornecer uma infraestrutura para tokenização de ativos

Real Digital tem previsão de lançamento para o público no fim de 2024 (Priscila Zambotto/Getty Images)

Real Digital tem previsão de lançamento para o público no fim de 2024 (Priscila Zambotto/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 6 de junho de 2023 às 15h02.

Com lançamento ao público previsto para o fim de 2024, o Real Digital é a próxima etapa no processo de digitalização da economia que tem sido liderado pelo Banco Central. E a expectativa é que a moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) ajude a democratizar e facilitar o acesso a diferentes serviços e produtos financeiros, segundo o coordenador do projeto, Fabio Araújo.

Araújo, que participou do evento Criptorama Brasília 2023, destacou que a versão digital da moeda brasileira terá como grande novidade "trazer programabilidade e eficiência em contratos", avançando em um processo de digitalização de serviços financeiros. Para o executivo do Banco Central, "o Pix abriu um canal de relacionamento digital para diversos serviços junto à população", que se aprofunda com a CBDC.

"O Pix foi o primeiro passo, e tomou conta da área de pagamentos para o usuário final. O Open Finance começa uma integração, mostra os serviços financeiros disponíveis e permite essa escolha, aí abre um leque de serviços que hoje a maior parte da população não tem acesso, de forma acessível e barata. Mas a inclusão tem que ir além disso", destaca Araújo.

O executivo explica que "o Real Digital traz um ambiente único, onde a ideia do Open Finance está ativa na tecnologia, facilita o acesso. É um ponto em comum para todos os serviços. Ele permite fazer uso das tecnologias de tokenização para democratizar o acesso da população a serviços financeiros. A ideia de uma CBDC é algo amplo, cada país fala sobre algo, mas o Real Digital tem duas características muito importantes, a tokenização de depósitos e de ativos".

Segundo Araújo, a tokenização de depósitos será mais importante os bancos, trazendo um ambiente em blockchain que servirá como uma plataforma de inovação. Já a tokenização de ativos será necessária para "poder construir toda a camada de serviços" e será voltada para usuários de varejo. Com isso, o Real Digital deverá ter duas versões, uma para atacado e outra para varejo.

"Ele foi construído para levar serviços de varejo, mas percebemos que precisa ter um sistema por trás para que ele chegue no consumidor", justifica Araújo. O foco agora, ressalta o executivo, será em resolver problemas de privacidade e segurança em torno da adoção da tecnologia blockchain, uma etapa necessária para a implementação do Real Digital. Esse ponto, explica o executivo, será o foco da fase de piloto da CBDC, que ocorrerá ao longo de 2023.

Quando o Real Digital vai ser lançado?

A projeção mais recente do Banco Central é de que o Real Digital será lançado para a população até o fim de 2024. A expectativa é que a fase de teste piloto termine entre o fim de 2023 e o primeiro semestre do próximo ano. Atualmente, o Real Digital está na segunda fase do seu projeto de desenvolvimento, com o teste de um piloto aplicado em um caso de uso prático.

O principal uso do Real Digital deverá ser na área de programabilidade para operações financeiras, em especial as realizadas por grandes agentes do mercado e envolvendo montantes maiores de dinheiro. Outro elemento importante no uso do Real Digital é a chamada tokenização de ativos - a inclusão de ativos financeiros e físicos em redes blockchain, buscando facilitar seu registro e negociação.

Em abril, o Banco Central também realizou um evento em que os participantes da primeira fase de desenvolvimento do Real Digital apresentaram possíveis casos de uso para a CBDC que foram estudados. Entre as aplicações, estão trocas de remessas internacionais, compra de imóveis e carros e acesso ao crédito.

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