Nestlé lança nova coleção de cards do chocolate Surpresa com versões em NFTs
Artes foram criadas por cinco artistas brasileiros e retratam animais ameaçados de extinção, e valor arrecadado será destinado para a SOS Mata Atlântica
Repórter do Future of Money
Publicado em 20 de junho de 2023 às 11h39.
Última atualização em 20 de junho de 2023 às 11h58.
A marca de chocolates Surpresa, da Nestlé , ficou famosa por vir acompanhada de cards com retratos de animais de diferentes regiões, da Mata Atlântica à Floresta Amazônica, e que se tornaram uma febre entre os jovens nas décadas de 1980 e 1990. Agora, a Nestlé lança uma nova versão da coleção, no formato de tokens não-fungíveis ( NFTs , na sigla em inglês) como parte de uma campanha social em parceria com a SOS Mata Atlântica.
O projeto envolveu a produção de 10 artes originais feitas por cinco artistas brasileiros: Helena Cintra, Larissa Constantino, Rômolo D’Hipólito, Carla Barth e Vilson Vicente. Os trabalhos retratam animais ameaçados de extinção no Brasil e que fazem parte da fauna da Mata Atlântica , um dos biomas mais devastados do país .
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As artes foram convertidas em NFTs e, agora, estão disponíveis para compra em um site especial criado pela Nestlé para a ação. Ao todo, são 10 artes originais e 40 réplicas, que podem ser adquiridas porvalores entre R$ 500 e R$ 25. Em entrevista exclusiva à EXAME, Denis Chamas, gerente de Inovação e Modelos de Negócios da Nestlé Brasil, explicou que "a ideia é que todo mundo que queira possa dar um primeiro passo nesse mundo dos NFTs e ajudar uma causa. A gente tentou ser o mais democrático nos valores, para que quem queira experimentar um mundo novo posso entrar".
Revivendo os cards Surpresa
Mariana Marcussi, head de marketing de chocolates da Nestlé, afirma em entrevista à EXAME que a escolha da coleção do Surpresa foi "meio que natural". Nas discussões sobre o projeto, ficou clara a necessidade de trazer algo que fosse colecionável, e os cards do chocolate eram "basicamente isso, mas no mundo analógico, as pessoas colecionavam, trocavam, com diversas edições, montavam álbuns".
"A gente deu essa proposta e isso vira arte muito fácil, ligando com os artistas corretos e ligando com uma causa tanto que tem a ver com a Nestlé quanto com a coleção", explica. Para ela, os cards Surpresa são um "gigante adormecido", com muito potencial e constantemente citados por clientes. Por isso, a coleção de NFTs é um "primeiro passo" para avaliar o alcance desses itens.
Marcussi destaca que a conversão dos cards para o universo cripto foi um "processo de constante aprendizado, entender o valor. Eu entendo que existe um potencial de investimento, uma contraposição do mundo virtual com o físico. Tudo está ficando fluído, e a gente também tem que aprender a ser também. O desafio foi tangibilizar algo muito intangibilizado, mesmo que muito natural".
Ela acredita que a Nestlé, como marca líder no segmento, precisa "puxar a fila" de inovação, o que inclui testar os NFTs e entender seus potenciais e resultados. "É algo novo, e toda inovação gera muitos questionamentos que começam dentro de casa, e isso só fortalece para levar aos clientes, consumidores. Quanto mais dificuldade no começo, mais redondo fica no final".
Além disso, ela cita a importância de trazer para o projeto aspectos de ESG (Meio Ambiente, Social e Governança). Todo o valor arrecadado com as vendas será destinado para a SOS Mata Atlântico, e o projeto também conta com uma parceria para realizar a compensação das emissões de carbono geradas pela criação dos NFTs.
"Trazer o ESG é um tema de diferenciação nesse universo [cripto], algo que linka com o propósito, com a causa. Devolver de alguma forma o dinheiro para proteger esse bioma, onde está o cacau, é essencial. E o ESG é uma ótica que nem deveria ser chamada de moderna e vanguardista, mas que só algumas empresas fazem e não está acontecendo na velocidade que deveria. A gente usa para chamar atenção para uma causa e dar a diferenciação", explica.
Afra Balazina, Diretora de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, destaca que "os NFTs modificaram o cenário da arte e ainda estamos numa fase de aprendizado. É um mercado novo e estamos descobrindo seu potencial, mas os NFTs têm sido bem aceitos pelo público na internet e podem também ser utilizados para apoiar causas sociais e ambientais".
"Estamos otimistas de que essa campanha poderá contribuir para que evitemos que a casa de muitas espécies de animais e plantas seja destruída e, melhor ainda, seja recuperada para poder abrigar com qualidade essa rica biodiversidade", comenta.
A diretora destaca que a iniciativa é a primeira da ONG envolvendo os NFTs, e que "justamente por isso, não temos de antemão uma ideia do impacto positivo que pode gerar e de quanto a venda dessas artes digitais pode atingir. Mas decidimos apostar e esperamos que as pessoas se apaixonem pelas artes e as queiram para si, assim como gostavam de colecionar os cards que vinham nos chocolates".
Escolhendo os NFTs
Chamas, gerente da Nestlé, destaca que a marca "acredita muito em NFTs e na tokenização como assunto geral". Para ele, esse tema não é uma moda, por mais que sua popularidade possa ter "idas e vindas": "essa questão de gravar algo único, atribuir valor em blockchain é muito interessante. O NFT é o meio para cruzar a questão dos cards".
Por isso, a escolha foi a união da "fome com a vontade de comer", fazendo uma ponte entre os cards originais, analógicos, e os novos tipos de colecionáveis digitais. Por isso, os NFTs são "o lugar mais natural pra isso. É a ponta do iceberg para tokenização, de engajar usuários". O blockchain escolhido para hospedar os NFTs é o Polygon, que se tornou conhecido por abrigar projetos de marcas tradicionais , como da Starbucks.
Para o executivo, a campanha da Nestlé também servirá como um aprendizado para a marca, ajudando a entender o potencial desse novo recurso e seus resultados concretos: "é um tijolo na estrada que a Nestlé está construindo para estar mais perto do consumidor, em especial em espaços mais novos".
Ele destaca, ainda, a contribuição positiva que os NFTs podem ter para o mundo da arte, ao "redefinir como olha o futuro, de troca de ativos, comercialização, é muito legal participar disso". Ele enxerga a campanha com a SOS Mata Atlântica como "um primeiro passo que significa muito pra gente, de experimentar, validar, mas que pode permitir ganhar escala mais pra frente. É muito animador".
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