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Corretora falida com R$ 25 bilhões em bitcoin começa a pagar clientes e preocupa mercado

Mt. Gox declarou falência em 2014 e investidores aguardam ressarcimento desde então, mas há temores sobre impacto no preço da criptomoeda

Mt. Gox declarou falência em 2014 (Reprodução/Reprodução)

Mt. Gox declarou falência em 2014 (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 14h01.

A corretora falida de criptomoedas Mt. Gox avançou nesta semana em um processo de pagamento para seus clientes, após a exchange quebrar em 2014. Após anos de espera, os pagamentos são ansiosamente aguardados por investidores, mas também preocupam o mercado por um potencial de influencia nos preços do bitcoin e outras criptomoedas.

As novidades sobre os pagamentos da Mt. Gox começaram em dezembro de 2023, quando os primeiros investidores relataram o recebimento de valores devidos pela corretora. Já nesta semana, outros clientes também relataram que a exchange entrou em conta com eles para confirmar seus dados bancários e pedir a inscrição na fila para recebimento de criptomoedas.

Em setembro de 2023, a Mt. Gox chegou a adiar o prazo máximo de pagamento dos clientes, que passou de 31 de outubro de 2023 para 31 de outubro de 2024. À época, ele explicou que, para os credores de reabilitação que forneceram as informações necessárias, os reembolsos começariam no final do ano passado, o que se confirmou.

João Galhardo, analista da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual, explica que "a preocupação do mercado em relação à distribuição de fundos pela Mt. Gox deriva da incerteza sobre a fração dos bitcoins sob sua custódia que será alocada aos credores".

Atualmente, estima-se que a corretora falida tenha cerca de 141 mil bitcoins em custódia, que seriam equivalentes a mais de R$ 25 bilhões, considerando a cotação atual da criptomoeda. A quantia coloca a Mt. Gox entre as maiores detentores do ativo no mundo. Além disso, Galhardo pontua que ela possui "dezenas de milhões de dólares" na criptomoeda bitcoin cash e cerca de US$ 460 milhões na moeda fiduciária japonesa, o iene.

"Segundo as diretrizes de reembolso da Mt. Gox, os primeiros US$ 1362 do valor reivindicado por cada credor serão pagos através da moeda fiduciária japonesa. Para reivindicações que excedam esse valor, a opção por reembolsos mistos em criptomoeda e dinheiro resultará em uma distribuição aproximada de 71% em criptomoeda e 29% em dinheiro, subsequente ao pagamento inicial", comenta.

O analista da Mynt avalia que "a potencial pressão vendedora ocasionada pela liquidação desses criptoativos acaba sendo uma fonte de preocupação para os investidores". O motivo é que, dependendo de como os pagamentos ocorrerem, poderá haver um aumento repentina na oferta de bitcoin no mercado, desvalorizando o seu preço.

Entretanto, Galhardo diz que "a Mt. Gox aparenta ter iniciado a execução de pagamentos em iene, através de transferências bancárias, para alguns credores, embora ainda não tenha se pronunciado oficialmente sobre o início da distribuição dos fundos".

"As quantias distribuídas até agora aparentam ser pequenas, dificilmente impactando os preços devido à liquidez prevalente no mercado. Significativamente, a Mt. Gox postergou o prazo para o envio de fundos aos credores para o final de outubro deste ano, após um adiamento anterior de 2023 para 2024. Dado este histórico, existe a possibilidade de uma nova extensão do prazo", ressalta. Nesse sentido, ao menos por enquanto, os pagamentos não deverão ter impactos significativos no preço do bitcoin.

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