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Mineração de criptomoedas com placas de vídeo deixa de ser lucrativa após atualização da Ethereum

Depois que o 2º maior blockchain do mundo concluiu sua transição e abandonou a mineração, procedimento deixou de ser lucrativo

Mineração de criptomoedas com placa de vídeo caiu 96,5% (Bloomberg/Getty Images)

Mineração de criptomoedas com placa de vídeo caiu 96,5% (Bloomberg/Getty Images)

Cointelegraph Brasil

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Publicado em 23 de setembro de 2022 às 17h23.

A atualização da Ethereum marcou o fim de uma era para os usuários da rede e para o mercado de criptomoedas de forma mais ampla. Porém, nem todos se beneficiaram da mudança. Inclusive porque os impactos de curto prazo sobre a ação de preço do ether não foram positivos.

Para a classe específica dos mineradores, a transição da rede líder de contratos inteligentes de um mecanismo de consenso baseado em Prova de Trabalho (PoW) para um algoritmo baseado em Prova de Participação (PoS) teve consequências econômicas negativas adicionais, visto que o equipamento utilizado para adicionar blocos à rede e obter criptomoedas em troca de poder computacional perdeu a utilidade.

(Mynt/Divulgação)

Em um primeiro momento, acreditou-se que a migração para redes alternativas como a Ethereum Classic, ou mesmo os hard forks de Prova de Trabalho da rede original, como o Ethereum POW e o Ethereum Fair, poderia se configurar como uma solução. No entanto, uma reportagem publicada pelo portal Tom's Hardware, especializado em equipamentos e infraestrutura de computação, revelou que a mineração de criptomoedas com placas de vídeo (ou GPUs) deixou de ser lucrativa depois da mais recente atualização da Ethereum.

Apenas um dia depois do The Merge, a lucratividade da mineração com placas de vídeo teria entrado em colapso, de acordo com dados do portal WhatToMine. Adotando o padrão de US$ 0,10 por kWh, os melhores resultados obtidos com a atividade dependem de placas como a GeForce RTX 3090 e a Radeon RX 6800 ou 6800 XT. Tecnicamente, são as únicas que apresentam resultados positivos, na proporção de US $ 0,06 por dia, descontados os custos de energia e sem levar em consideração o desgaste do equipamento.

Apesar do lucro líquido, o investimento não compensaria, pois, com essa margem, o minerador levaria mais de 20 anos para reaver o valor empenhado para a aquisição de uma placa RX 6800. Deve-se levar em consideração nessa conta também o estágio atual do mercado de criptomoedas. A queda acentuada desde novembro do ano passado limita os ganhos com a mineração. Em um mercado de alta, possivelmente a situação seria diferente. Mas quem se arriscaria a esta altura a fazer previsões sobre o futuro desta classe de ativos emergentes?

A opção de minerar acumulando prejuízos visando lucros futuros em caso de uma eventual reversão de tendência do mercado é viável, mas não é exatamente uma opção inteligente. Afinal, não basta apenas uma placa de vídeo e uma conexão com a rede elétrica para minerar criptomoedas. Há toda uma série de itens adicionais, como a refrigeração das máquinas, o espaço físico e os custos de manutenção do equipamento, que, hoje, fazem da mineração de criptomoedas caseira uma atividade pouco atrativa.

Para aqueles que esperam o fim do atual ciclo de baixa e uma renovada corrida de touros rumo a novas máximas históricas poderiam utilizar o dinheiro a ser investido em uma placa de vídeo para comprar criptomoedas diretamente no mercado à vista.

Ainda que faça sentido para aqueles que já possuem o equipamento necessário, das 21 placas gráficas da da série AMD RX 6000 e da série Nvidia RTX 30, apenas as duas mencionadas acima não estavam gerando prejuízos aos mineradores em 18 de setembro. Mesmo tomando por padrão o custo de US$ 0,10 por KWh (equivalente a pouco mais de R$ 0,50) – um valor extremamente baixo e irreal para a realidade brasileira. No Rio de Janeiro, por exemplo, o custo médio do kWh é de R$ 6.

O mercado de placas de vídeo usadas indica que há excesso de oferta e queda nos preços, uma tendência que deve se acentuar no curto prazo, à medida que muitos mineradores estão optando por se desfazer dos seus equipamentos.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, a própria Nvidia disse não ter parâmetros para mensurar os impactos do The Merge sobre o mercado de placas de vídeo e o tamanho da redução da demanda pelos seus produtos.

No final de agosto, a empresa divulgou seus resultados financeiros para o trimestre encerrado em 31 de julho, revelando uma queda das receitas de 19% no período, enquanto o lucro líquido recuou 59%. Apenas a receita de sua divisão de jogos, que inclui as vendas de suas GPUs utilizadas na mineração de criptomoedas, caiu 44% em relação ao trimestre anterior.

Embora tenha atribuído a retração a “condições de mercado desafiadoras”, a CFO da Nvidia, Colette Kress, afirmou “não poder quantificar com precisão até que ponto a redução da demanda por mineração de criptomoedas contribuiu para o declínio na demanda dos produtos."

Algoritmos de consenso alternativos

Dados adicionais do site AsicMinerValue mostram que, atualmente, a lucratividade máxima para mineradores de EtHash, o algoritmo de Prova de Trabalho utilizado pela Ethereum antes do The Merge, é de US$ 2,74 por dia, desde que utilizando um modelo Asic para mineração de Ethereum Classic.

Atualmente, as alternativas à Ethereum para os mineradores PoW não utilizam o antigo algoritmo da rede líder de contratos inteligentes. O algoritmo mais lucrativo é o da Kandena, que rende aos mineradores US$ 65,38 ao dia.

Em seguida vem o Scrypt, mecanismo de consenso utilizado pelo Litecoin e o Dogecoin. No caso de ambas as moedas, no entanto, a lucratividade cai bastante e chega ao máximo de US$ 12,21 por dia, de acordo com os dados do AsicMinerValue.

Ainda segundo dados do AsicMinerValue, cinco dias antes do The Merge, mineradores de Ethereum obtinham lucros da ordem de US$ 79,53 por dia. Desde então, a queda chega a 96,5%.

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