Metaverso: um futuro não tão distante
O conceito de realidade virtual totalmente integrada à vida real parece distante, mas pode não estar tão longe assim. Descubra o impacto do investimento de grandes empresas no metaverso
Mariana Maria Silva
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 15h01.
Última atualização em 21 de dezembro de 2021 às 16h06.
*Por Lucas Schoch
Há poucos dias, o assunto “ metaverso ” ganhou grande relevância, já que a Facebook Inc., controladora de Facebook, Instagram, WhatsApp e outras empresas, atraiu olhares de todos os entusiastas da tecnologia para anunciar a mudança do seu nome para “Meta”. O conceito de “metaverso”, ao qual o novo nome faz referência, era de total interesse de Zuckerberg desde 2014 quando o empresário adquiriu a empresa Oculus, criadora do headset de realidade virtual Oculus Rift, atual Oculus Quest. Enquanto o criador do Facebook busca tornar o conceito mais palpável e acessível à realidade, o mundo ainda aborda o tema do metaverso como um episódio futurístico, nutrido de conjecturas e possibilidades inimagináveis de uma realidade disruptiva.
Manifestado primeiramente pelo autor Neal Stephenson em 1992 no livro Snow Crash, o termo foi baseado em uma narrativa de estrutura caótica que contém referências a assuntos pouco explorados. Na história, Hiro, o protagonista, não está presente na realidade em que vivemos. Ele se encontra em um universo criado por meio da tecnologia, um mundo informaticamente produzido a partir de um computador, onde, mediante o uso de óculos e fones de ouvido, ele é transportado para uma outra realidade chamada de metaverso.
Mas, afinal, o que é o metaverso? O conceito aborda um enredo utópico futurista que envolve a conciliação entre o mundo real e o mundo virtual. Aplicado a partir de inovações tecnológicas, sua prática funciona da seguinte maneira: as imagens são produzidas por meio de hologramas e uso de óculos de realidade virtual, conectado com as interações humanas.
Uma das primeiras tentativas de criação de um metaverso, porém, sem a conexão virtual, ou seja, sem interação do usuário entre o mundo real e o virtual, foi o jogo Second Life. Criado em 2003, o game simula a vida social de um ser humano em um ambiente virtual e tridimensional com a interação entre avatares.
O jogo cresceu tanto que alçou voos maiores, ao ponto de disponibilizar imóveis virtuais e um marketplace com moeda própria, a Liden Dollar, em que os usuários recebiam 50 LD por semana para apenas se logarem no jogo. Essas moedas também eram conquistadas por meio de um “emprego virtual” do avatar e só tinham validade dentro do jogo.
Anos depois, o Facebook trouxe o conceito de volta e compreendeu que o metaverso é um mundo virtual que pode ser utilizado na vida real. Em agosto deste ano, o Zuckerberg surpreendeu e desenvolveu um serviço que oferecia uma sala de reuniões online para as empresas. Nessas salas, cada usuário tem seu personagem virtual, um substituto para a chamada de vídeo convencional.
Agora, Mark Zuckerberg está se propondo a realizar um feito muito maior que apenas reuniões online. Sua nova ideia é criar um mundo novo completamente virtual em que as pessoas possam interagir entre si e com marcas, empresas e propriedades virtuais, emulando todo seu cotidiano.
Relação de metaverso com o mundo cripto
Para implementar essa realidade virtual utópica, o Facebook assume a dianteira desta corrida disruptiva e está prestes a mostrar algo concreto. E, desta vez, seu concorrente não será uma rede social, mas sim os aplicativos DeFi (finanças descentralizadas) e criptoativos.
As primeiras concorrências, que confrontam o universo em construção do Meta (antigo Facebook Inc.), são as empresas Decentraland e MetaHero, ambas plataformas de metaverso. Durante o evento Future Blockchain Summit 2021, que ocorreu em outubro em Dubai, a MetaHero apresentou um protótipo onde mais de 200 câmeras Sony fotografam pessoas e itens, tornando-os modelos 3D perfeitos, inseridos como objetos e avatares dentro do universo que construíram.
Uma outra possibilidade de entrada nesse mundo é por meio do Star Atlas, um jogo em blockchain que está em desenvolvimento na Solana, uma plataforma rival do principal sistema operacional para apps descentralizados, a Ethereum.
O jogo ainda não foi lançado, entretanto, já está dando o que falar, atraindo 24 milhões de dólares nos primeiros dias de captação de investimento. Na ocasião, seus dois ativos digitais emitidos no blockchain dispararam 5.000% apenas na data de abertura do mercado secundário.
Em vez de servidores como o do Facebook, os apps rodam no blockchain e possuem código aberto, podendo ser melhorados pela coletividade. Eles também funcionam de acordo com um sistema de incentivos similar à rede do bitcoin, que remunera com um token que ajuda a manter a rede estável 24 horas por dia.
Outros tokens como Axie Infinity e Yield Guild Games também subiram entre 13% e 20% na expectativa de que a nova tendência levará mais usuários para jogos em blockchain que não são necessariamente potenciais metaversos, mas que bebem da mesma fonte.
*Lucas Schoch é CEO e fundador da Bitfy, primeira carteira para custódia própria de criptomoedas do Brasil. Schoch marcou presença na Future Blockchain Summit 2021 e teve a experiência de ter seu avatar criado por meio do Metaverso
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