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'Mercado de criptomoedas ainda é emergente, o que representa oportunidade', afirma CEO de gestora

Marcelo Sampaio, da Hashdex, destacou que o Brasil possui diversas alternativas reguladas para investir no setor

CEO da Hashdex fala sobre regulação de ETFs nos Estados Unidos (Justin Tallis/Getty Images)

CEO da Hashdex fala sobre regulação de ETFs nos Estados Unidos (Justin Tallis/Getty Images)

O mercado de criptomoedas ainda é emergente, o que representa uma oportunidade de investimento mesmo com um contexto atual desafiador, afirmou à EXAME o CEO da gestora de criptoativos Hashdex Marcelo Sampaio.

Apesar dos criptoativos estarem longe do patamar recorde de valor atingido em 2021, Sampaio lembra que o mercado cripto é “cíclico”, com expansões e contrações, e que, ao olhar o todo, é possível ver que o setor está melhorando.

“A adoção cresce, a tecnologia vem cada vez entregando mais e ficando mais sólida, a regulação mais clara, cada vez tem mais usos, é algo muito parecido com a internet no passado. É algo que leva um tempo, mas o fundamento está melhorando cada vez mais, mesmo com um ciclo de preço ainda correlacionado com ativos de risco”, avaliou.

Ele observa que o quadro atual, em que as criptomoedas seguem os desempenhos de ativos de risco e acumulam perda no ano, não é novo, e ocorreu em outros momentos de baixa liquidez, como o Brexit, a crise da dívida pública na Grécia e a pandemia de covid-19.

“Em todos os casos, as criptomoedas inicialmente se correlacionaram com ativos de risco, e em algum momento quebra isso e segue o caminho”, afirma Sampaio.

(Mynt)

O CEO da Hashdex lembra que a base de investidores teve um crescimento considerável em dois anos, e que tradicionalmente os ciclos de queda de preços são puxados pelos que entraram por último nos momentos de expansão, com fuga devido à falta de costume com o funcionamento do setor.

“A adoção veio do mercado financeiro tradicional. As pessoas ainda estão aprendendo, girando posições, e têm uma memória forte do comportamento do mercado cripto como ativo de risco, pensando menos no fundamento”, pontua.

Ele acredita que, independente do tempo que essa correlação durar, uma hora ela será encerrada, seguindo as particularidades do mercado de criptoativos, com seus eventos específicos, como o surgimento de uma próxima grande aplicação que resolva problemas na sociedade e gere percepção de valor.

“É um mercado emergente, mas isso representa uma oportunidade”, diz. Sampaio afirma estar “animado” com o mercado, e que é tradicional que, em momentos de baixa, haja menos engajamento e ânimo por parte dos investidores.

Mesmo assim, defende que “não tem nada mais importante que cripto acontecendo no mundo de tecnologia, é uma das coisas que vai mais mudar, melhorar, o mundo, mas tem suas dinâmicas, tempo”.

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Investimentos e regulação

No dia 16 de setembro, a Hashdex lançou oficialmente seu primeiro ETF (Fundo Negociado em Bolsa) com exposição ao bitcoin no mercado dos Estados Unidos.

O movimento ocorre quase um ano depois da Comissão de Valores Mobiliários do país, a SEC, permitir a negociação desses ETFs, mas apenas com exposição a contratos futuros de bitcoin, não à criptomoeda em si.

Para Sampaio, o diferencial do novo ETF é que ele é 100% exposto aos contratos futuros, em uma exposição mais leve que a dos outros ETFs americanos, que têm exposição aos mesmos contratos mas com um grau considerável de alavancagem, o que pode maximizar lucros, mas também eventuais custos, tornando o produto mais arriscado.

Apesar da permissão da SEC ter sido bem recebida pelo mercado, o grande desejo dos investidores era na verdade poder investir em um ETF com exposição direta ao bitcoin. O CEO da Hashdex afirma que é difícil prever quando essa permissão ocorrerá, já que “os reguladores não dão muita informação para fora”.

“O [presidente da SEC] Gary Gensler já teve momentos que parecia que iria mais rápido, outros mais devagar, e não tem sugerido que vai aprovar isso rápido. Se for rápido, seria ano que vem, mas é especulação, hoje não dão nenhum indicativo de prazo”, afirma.

Para Sampaio, “a sensação que dá como agente de mercado é que os EUA não estão com pressa, estão fazendo as coisas com calma, talvez querem deixar o mercado se desenvolver para ter mais dados”.

É um cenário diferente do Brasil, onde a Hashdex já lançou ETFs com exposição direta a criptoativos. O CEO afirma que o país é atualmente “um dos mais evoluídos do mundo em termos de cripto e desenvolvimento do mercado”, o que dá espaço para uma diversidade de oferta de ETFs e outros produtos.

“O Brasil é o país com mais alternativas reguladas para poder investir com segurança” em criptoativos, segundo Sampaio, o que representou também uma vantagem da liberdade dada pelos agentes regulatórios, caso do Banco Central e da CVM, abrindo margem para uma economia livre e com inovação.

Ele acredita que pouco deva mudar no ambiente regulatório brasileiro. Há, atualmente, um projeto de lei já aprovado sobre o tema na Câmara, que aguarda aprovação no Senado. Sampaio avalia que o texto “podia ser melhor, mais abrangente, mas acho que é um ótimo começo, determinando quem fica responsável pelo que, dá clareza sobre crimes, e ele deve ser aprovado”.

Com o Brasil como seu principal mercado, a Hashdex planeja expandir a penetração entre investidores e a grade de produtos, mas ao mesmo tempo continuar uma expansão internacional, com foco na Europa, outro mercado mais aberto aos criptoativos.

“A ideia é explicar aos investidores a tese, proposta de valor, desbloquear canais, explicar porque vale a pena investir em cripto. É algo animador, porque tem muita abertura lá também”, afirma o CEO da Hashdex.

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