Mais da metade dos jovens brasileiros usa bancos digitais, aponta pesquisa
Apesar do crescimento dos chamados "neobancos", população ainda opta por produtos financeiros tradicionais, como a poupança
João Pedro Malar
Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 11h26.
Os jovens brasileiros possuem a maior adesão aos chamados "neobancos", que incluem principalmente os bancos digitais, entre as maiores economias da América Latina. Segundo um levantamento da fintech Mambu, 52% desse grupo no Brasil já usam esse tipo de instituição financeira como a principal, ao invés dos bancos tradicionais.
A pesquisa - que entrevistou pessoas entre 18 e 35 anos do Chile, Brasil, Argentina, Colômbia, Peru e México - mostra que o uso de neobancos como bancos primários por jovens no Brasil é mais que o dobro do segundo colocado, a Argentina, com 21%. A Colômbia possui 13%, o México, 5%, e o Chile e o Peru, 3%.
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Além da alta adesão a bancos digitais, os jovens brasileiros também possuem a maior média de uso de produtos financeiros oferecidos por instituições na América Latina, de 3,09. Ele é seguido de perto pela Argentina, com 3,06, e pelo Peru, com 2,83. A menor média é do México, de 2,2.
Entretanto, a adesão aos neobancos não trouxe grandes mudanças em relação aos tipos de produtos financeiros mais usados. De acordo com a pesquisa, os produtos mais usados são cartões de débito (69%), conta-corrente (55%) e conta-poupança (52%), já oferecidos por bancos tradicionais.
Já em relação a serviços, os mais usados no Brasil por jovens são pagamentos de contas (69%), pagamentos em geral (67%) e serviços de aplicativo bancário (67%). Considerando todos os países pesquisados, o serviço mais usado é o de aplicativo bancário (55%), seguido por recebimento de salário (51%). O cartão de débito (74%) e a poupança (57%) lideram entre os produtos.
Para a Mambu, a alta adesão a bancos digitais no Brasil indica uma "maturidade tecnológica do mercado brasileiro", o que ajuda também no acesso maior da população aos serviços e produtos bancários. Entretanto, o país vai contra uma tendência tradicional: mesmo com alta parcela da população bancarizada, os usos de produtos e serviços seguem elevados.
Laércio Fogaça, head de engenharia de soluções da Mambu na América Latina, atribui esse cenário a fatores como hiperinflação, fechamento do mercado de importação, congelamento de preços e confiscos, fatores que "moldaram os comportamentos dos brasileiros até os dias de hoje, como no caso do hábito de fazer compras de mês".
Com isso, o país presenciou a criação de mecanismos financeiros complexos enquanto o mercado buscou inovar em seus produtos e serviços: "O crescimento dos bancos digitais e neobancos se dá nesse contexto. Além disso, são instituições que normalmente não têm uma agência física e tendem a fazer mais vendas cruzadas de produtos do que os bancos tradicionais".
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