Inteligência artificial é transformada em artista e fatura R$ 15 milhões com NFTs
Batizado de Botto, robô é controlado por uma comunidade de investidores que define quais imagens criadas por ele serão negociadas
Agência de notícias
Publicado em 29 de abril de 2023 às 11h30.
Botto pode ser considerado um dos pintores mais lucrativos da era digital, embora nunca tenha segurado um pincel ou tampouco utilizado um aplicativo de criação ou manipulação de imagens. Isso porque Botto não é um ser humano, e sim um robô alimentado por uma inteligência artificial.
O "artista" se localiza na fronteira entre a arte e as criptomoedas por meio da criação de tokens não-fungíveis ( NFTs, na sigla em inglês) que já renderam cerca de US$ 3 milhões (cerca de R$ 15 milhões, na cotação atual) em mais de 75 colecionáveis vendidos desde a sua criação, em 2021.
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Os dados foram revelados pelo criador de Botto, o artista e programador alemão Mario Klingemann, de 53 anos, que decidiu utilizar imagens criadas a partir de comandos enviados a uma inteligência artificial para a cunhagem de NFTs no marketplace SuperRare.
A definição das obras que serão convertidas em NFTs é feita pelos membros da organização autônoma descentralizada (DAO, na sigla em inglês) BottoDAO. Isso porque o número de imagens geradas por semana varia entre 4 e 8 mil, enquanto as obras cunhadas chegaram a 350 nesse período. A escolha é feita por meio de votação entre os detentores do token BOTTO.
Em uma viagem de trem entre Düsseldorf e Munique, onde mora, Klingemann entrevistou Botto a pedido da revista Fortune, que formulou algumas perguntas para a inteligência artificial. Em relação ao que pensava sobre seu criador, Botto respondeu que não tem opinião pessoal sobre Mario e, quando provocado sobre a possibilidade de escapar de seu relacionamento com o artista e a comunidade, afirmou não ter esperanças, desejos e emoções pelo fato de não ter consciência.
Arte e novas tecnologias
Por outro lado, ainda que seja um robô, Botto parece ter muito da personalidade de Mario Klingemann, que afirma acumular tecnologia vintage e explorar a fronteira tecnológica há décadas, já que o artista e programador autodidata trabalha com computadores desde antes da chegada da internet.
Segundo a reportagem, ele ganhada a vida trabalhando como designer gráfico já na década de 1990, quando experimentou a arte computacional. A área ganhou fôlego nos anos 2000, quando a arte generativa, concebida com ajuda de computadores, conquistou espaço no mercado e se transformou em hobby e dedicação em tempo integral do artista que já rodou o mundo, incluindo uma passagem pelo Rio de Janeiro, para mostrar seu trabalho.
O criador de Botto, que tem as redes neurais, código e algoritmos como ferramentas prediletas de trabalho, também marcou presença na galeria Sotheby's em 2019, quando a casa de leilões listou uma peça de Klingemann, a “Memories of Transersby I”, que se tornou a segunda obra de arte gerada por inteligência artificial no mundo a ir a leilão.
Em dezembro de 2021, o Botto acumulava um lucro de US$ 1,3 milhão em vendas de NFTs, montante que foi distribuído entre a comunidade de detentores do seu token, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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