Início dos testes com o Real Digital é adiado pelo Banco Central após greve
Líder do projeto de criação do Real Digital explica que greve de servidores do Banco Central provocou adiamento do início dos testes com a CBDC brasileira; confira a nova data
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 1 de junho de 2022 às 10h27.
O Banco Central do Brasil (BC) decidiu adiar o início dos testes com o Real Digital, nome dado à moeda digital desenvolvida pela instituição. Anteriormente previsto para 2022, a primeira fase de testes com a CBDC brasileira ficou para o ano que vem.
“Tínhamos a intenção de começar o [teste] piloto talvez ainda no final deste ano, mas a greve atrasou bastante o cronograma”, disse Fabio Araújo, um dos líderes do projeto do Real Digital, em um evento promovido pela Febraban no início da semana, citando a greve dos servidores do BC como motivo principal para o atraso.
O economista, entretanto, garantiu que a CBDC (sigla em inglês para "moedas digitais emitidas por bancos centrais") brasileira começará a ser testada no ano que vem: “De toda forma, no ano de 2023 e boa parte do ano de 2024, nós teremos o piloto rodando e esperamos ter as condições para o lançamento da moeda digital, para termos certeza que vamos fazer o lançamento na segunda metade de 2024”.
A mudança de planos vem cerca de um mês e meio depois do próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmar que o piloto do Real Digital seria lançado no segundo semestre de 2022. Ele também explicou que a CBDC não deverá provocar grande ruptura inicialmente, já que os primeiros testes seriam realizados a partir de uma moeda digital de valor estável (stablecoin) e com base no Sistema de Transferência de Reservas (STR), rede central do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), onde são feitas as transações entre instituições financeiras.
O projeto de uma versão digital do real não é novo, e é aguardado ansiosamente por participantes do mercado financeiro e, claro, de criptoativos. O "real digital" começou a ser desenvolvido há quase cinco anos, mas o projeto ganhou fôlego na gestão de Campos Neto à frente do BC.
O desenvolvimento da CBDC brasileira foi acelerado nos últimos dois anos, com uma série de manifestações de Campos Neto sobre o impacto positivo que uma versão digital da moeda nacional poderia causar. O BC também criou, no início do ano, um laboratório para começar a avaliar casos de uso para o Real Digital, em uma versão exclusiva do seuLaboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT), chamado de LIFT Challenge Real Digital. Em março, nove entre 47 propostas recebidas foram aprovadas pela instituição para participar do projeto.
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