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"Infraestrutura de cripto": a nova aposta da Rússia para contornar sanções

País avançou na adoção de criptomoedas como uma forma de realizar negócios internacionais e contornar sanções

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 15h13.

Última atualização em 6 de setembro de 2024 às 16h23.

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A Chainalysis, um das mais conhecidas empresas de análises de criptoativos, divulgou nesta semana um relatório em que afirma que a Rússia está desenvolvendo uma "infraestrutura cripto" como forma de contornar sanções internacionais de diversos países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.

Segundo o relatório, o movimento está sendo liderado pelo Banco Central da Rússia e envolve a incorporação das criptomoedas na infraestrutura financeira do país, permitindo negociações internacionais sem violar as sanções impostas nos últimos anos, em especial após a invasão da Ucrânia.

Entre as medidas, a Chainalysis cita uma lei recente aprovada na Rússia que legalizou a mineração de criptomoedas e também permitiu o uso desses ativos como meio de pagamento internacional. O conjunto de medidas foi sancionado pelo presidente Vladimir Putin em 8 de agosto.

Agora, o país deverá começar os testes para a implementação dessa nova forma de pagamento. Segundo o relatório, "estes recentes esforços legislativos de avanço de cripto fazem parte dos esforços mais amplos da Rússia para desenvolver mecanismos de pagamentos alternativos para aliviar a pressão das sanções ocidentais".

Ao mesmo tempo, as medidas também buscam "diminuir a dependência do dólar dos Estados Unidos, que tem sido um objetivo de longo prazo para a Rússia, especialmente em meio ao aumento das tensões geopolíticas".

Além das criptomoedas, o banco central do país também está desenvolvendo uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). Conhecido como Rublo Digital, o projeto pode ser lançado em 2025 e expandiria a estrutura digital para operações financeiras.

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O conjunto de ações resultou em uma "iniciativa para integrar as criptomoedas no sistema financeiro da Rússia para pagamentos transfronteiriços, criando uma infraestrutura experimental que permite que empresas e entidades russas aprovadas utilizem moedas digitais para o comércio internacional".

Analistas da Chainalysis comentaram ainda que a estratégia pode envolver o uso de corretoras de criptomoedas sediadas na Rússia como entidades para processar esses pagamentos transfronteiriços, facilitando a evasão de sanções.

Rússia e criptomoedas

O possível resultado desses esforços seria a criação de um "ecossistema de criptoativos para pagamentos transfronteiriços" que pode acabar "introduzindo uma complexidade significativa" para investigações de autoridades de outros países para identificar a violação de sanções.

Por outro lado, o relatório lembra que a tecnologia blockchain possui um grau de transparência inerente, o que também pode resultar em mais informações sobre as táticas da Rússia para burlar sanções.

Em conjunto com as criptomoedas, o relatório cita ainda um movimento do país para criar um sistema de trocas financeiras alternativo ao SWIFT e o trabalho com países do Brics - grupo integrado pelo Brasil - para usar a tecnologia blockchain em pagamentos internacionais.

O resultado é o que a Chainalysis chama de "reversão significativa" da postura da Rússia com relação às criptomoedas. Até 2022, o banco central russo defendia uma proibição total do setor. Mas, mesmo com a mudança, o uso de moedas digitais para pagamentos no mercado interno segue proibido.

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