(Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 8 de julho de 2023 às 11h00.
O halving do bitcoin, previsto para rolar entre abril e maio de 2024, pode ser a oportunidade da década no mercado cripto, como falei em uma coluna recentemente por aqui.
Isso significa que você tem quase 10 meses para se preparar até o grande evento, que historicamente vem desencadeando ciclos de alta. Sei que alguns interessados vão partir para a ação agora, mas acredito que boa parte das pessoas vai deixar para amanhã - aquele que nunca chega.
Isso acontece porque tem gente que prefere ser “torcedor” de criptomoedas a ser investidor. Quando a alta chega e vê o vizinho ganhando dinheiro, vira um oceano de lamentações: “Por que não investi antes?”. Daí, vai e compra tudo no topo.
E por que chamo o lamentador de “torcedor”?
O torcedor é a pessoa que tem a esperança de que o bitcoin (ou outra cripto) vai cair sempre mais e fica procurando um fundo, ao invés de começar a investir pouco a pouco para lucrar mais à frente. Quem tem perfil de investidor mesmo leva fé no projeto e faz aportes regulares, é coerente com seu plano de longo prazo.
O papo aqui é para quem vai agir e não lamentar. Agora, como começar?
Estudando e praticando.
Aos meus alunos que estão desembarcando no mercado, eu sempre sugiro que peguem R$ 20 ou R$ 50 e comprem bitcoin ou ether. A mão na massa é essencial, porque você começa a entender o mecanismo das corretoras e dos protocolos, ganha intimidade com o processo e, com o tempo, mais confiança.
Quem deseja ser investidor precisa treinar, abrir conta em corretora, testar carteiras digitais como a MetaMask, fazer transferências de ativos entre corretoras, entre corretoras e carteiras, fazer negociações através de protocolos DeFi, explorar pools de liquidez, etc..
Agora, tão importante quanto se tornar um “atleta” da criptoesfera com exercícios constantes é estar consciente dos riscos. Em um mercado altamente volátil e, infelizmente, ainda sem uma regulamentação clara, perigos circulam as exchanges centralizadas, descentralizadas e os protocolos DeFi em geral disponíveis para os investidores.
As exchanges centralizadas (CEX), como a Binance e a Kraken, por exemplo, são alternativas mais simples para os novos adeptos das criptomoedas, enquanto os projetos de finanças descentralizadas (DeFi) costumam exigir um pouco mais de prática, pois seus mecanismos não são tão intuitivos quando comparados aos das CEX, embora muitas barreiras à adoção do DeFi venham sendo derrubadas.
Vamos, então, conhecer alguns dos riscos envolvidos.
O DeFi funciona com base em contratos inteligentes e, por isso, possui alguns riscos específicos. Lembrando que as Finanças Descentralizadas são formadas por projetos que oferecem diversos tipos de serviços financeiros via blockchain, portanto com maior transparência e sem a necessidade de intermediários. Alguns exemplos desses serviços são as DEX (corretoras descentralizadas), protocolos de pools de liquidez, empréstimo, staking e até derivativos.
Acredito que vocês estejam em dia com as notícias. Vimos um triste festival de falências e insolvências em 2022, sendo o processo mais famoso o da corretora centralizada FTX.
A estimativa de prejuízo aos clientes com o show de horror liderado por Sam Bankman-Fried era, segundo a Commodities Futures Trading Commission, de US$ 8 bilhões. A empresa anunciou há pouco que teria recuperado US$ 7,3 bilhões em “dinheiro, criptomoedas e títulos de investimento líquidos”, e supostamente pagaria os lesados. Na melhor das hipóteses, pode até ser que os prejuízos financeiros sejam sanados, mas os danos psicológicos às vítimas e os de reputação ao mercado permanecem.
Acreditem vocês ou não, um porta-voz da empresa anunciou recentemente que estariam se preparando para voltar à ativa…. E mais: o token da corretora dobrou de preço depois do anúncio. Cilada, Bino!
É super importante pesquisar sobre a reputação e a solidez financeira de uma corretora antes de lhe confiar fundos muito robustos. E atenção porque, muitas vezes, a reputação é construída sobre casa de palha. Fique esperto.
Em 2022, o cibercrime resultou em quase US$ 3 bilhões em criptomoedas roubadas. Explorações em contratos inteligentes e pontes, manipulação de mercado e phishing foram alguns dos golpes praticados.
O DeFi é alvo preferencial dos invasores. No primeiro semestre deste ano, os hacks aumentaram em comparação com o mesmo período de 2022: 23 contra 20. Os valores, no entanto, caíram. De janeiro a março do ano passado, o total drenado dos protocolos de finanças descentralizadas foi de US$ 1,18 bilhão, quase 80% maior que no mesmo intervalo em 2023.
Soa como uma boa notícia, mas o jogo pode virar, já que estamos possivelmente caminhando para um 2024 de boas valorizações com a aproximação do Halving.
Que se informar sobre os golpes que circulam no ambiente das criptomoedas? Leia a minha coluna sobre o tema.
As corretoras e os protocolos DeFi dependem de sistemas e softwares complexos que podem ser interrompidos por problemas técnicos. A interrupção geralmente resulta em atrasos nos processos e, em muitos casos, chegam a impedir que os usuários acessem seus fundos.
Isso pode ser especialmente problemático em mercados voláteis como o cripto, já que a velocidade e o tempo de resposta são cruciais. As falhas operacionais podem resultar em prejuízos para os usuários.
O risco de operação também pode vir do próprio usuário. Eu explico.
Em DeFi, acontece muito de transferências irem parar no lugar errado. O manuseio das criptomoedas é muito mais complexo nesse ambiente quando comparado com o necessário para as operações online em um banco tradicional.
Ao fazer uma transferência via blockchain, os usuários devem estar cientes de que não existe um chat ou suporte técnico que simplesmente vá reverter uma operação feita de forma inadequada. Afinal, no DeFi, você é o seu próprio banco.
Por isso, eu digo que o investidor deve treinar bastante a transferência de fundos e estar totalmente atento ao endereço de destino, seja o de um outro usuário ou até mesmo outro endereço próprio.
Existem muitas histórias de investidores que perderam milhões desta forma, por puro descuido.
As corretoras centralizadas coletam informações pessoais dos usuários para fins de conformidade e segurança.
Assim, existem riscos de vazamento, o que pode resultar em roubo de identidade, de endereços e outras formas de fraude.
Huobi, BitMEX, Gemini e Binance, entre outras, já tiveram episódios sérios de vazamento.
As CEX também ficam encarregadas da custódia dos ativos de seus usuários. Isso significa transferir o controle de suas chaves privadas para a plataforma, que se torna responsável pela segurança dos fundos.
Como dizemos, “se as chaves não são suas, as criptomoedas não são suas”, expressão que vem do famoso “mantra” em inglês “Not your keys, not your coins”. Prefira fazer você mesmo a custódia das suas criptomoedas. Mas, para isso, também terá de arcar com a responsabilidade sobre as chaves, que se perdidas colocarão em risco o seu patrimônio.
No universo DeFi, em geral, ainda não é necessário passar por um processo de identificação, o Know Your Customer (KYC) ou Conheça Seu Cliente. Assim, o usuário não precisa ceder os seus dados pessoais. Tudo o que o investidor tem de fazer é possuir uma carteira cripto e conectá-la ao protocolo que deseja usar.
Corretoras devem trabalhar em conformidade com o país ou região onde atuam, portanto estão sujeitas a mudanças regulatórias e intervenções do governo. Nesses casos, as operações podem ser afetadas e, assim, a disponibilidade de serviços para os usuários.
Isso pode incluir restrições em relação a depósitos, saques e negociações, como também serem exigidos requisitos adicionais de conformidade.
Recentemente, a comissão de valores imobiliários dos EUA (SEC) processou as exchanges Binance e Coinbase alegando que ambas não teriam cumprido com os regulamentos ao permitir a negociação de uma série de tokens que, na visão da reguladora, são títulos não registrados.
Moedas como Cardano (ADA), Solana (SOL), Binance Coin (BNB) e Polygon (MATIC), entre as maiores do mercado, foram classificadas como valores mobiliários pela SEC e acabaram sendo retiradas de negociação em diversas corretoras, entre elas a americana Robinhood, uma das maiores do mundo, e até a brasileira Xtage, plataforma cripto da XP.
O halving do bitcoin pode trazer uma temporada de valorizações muito interessantes em 2024 e a hora de se preparar é agora. Enquanto o torcedor está esperando as criptos caírem mais, o investidor já está acumulando para gerar riqueza no longo prazo.
Quem chega ao mercado agora também pode lucrar com a alta, desde que estude e pratique muito. Deve ainda estar totalmente atento aos riscos, que obviamente costumam dar prejuízos ainda maiores quando o mercado está aquecido.
*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.
Sabia que você pode investir em Bitcoin, ether, Polkadot e muitas outras moedas digitais direto no app da Mynt? Comece com R$ 100 e com a segurança de uma empresa BTG Pactual. Clique aqui para abrir sua conta gratuitamente.
Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok