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Felippe Percigo: Renda passiva para aquecer o inverno cripto

Entenda como movimentar as suas criptomoedas paradas na carteira ou na corretora para ganhar dinheiro sem correr muitos riscos

BEE4: a primeira exchange de tokens de ações de empresas do país (blackdovfx/Getty Images)

BEE4: a primeira exchange de tokens de ações de empresas do país (blackdovfx/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2022 às 10h00.

Por Felippe Percigo*

Existem muitos indivíduos na criptoesfera dispostos a desbravar uma verdadeira selva especulativa para ganhar dinheiro. São muitas as estratégias arriscadas, o day-trade é uma das mais emblemáticas, mas são poucas as chances de sucesso.

Em especial porque a volatilidade, consideravelmente alta em cripto, se apresenta em duas vias possíveis: a da oportunidade, logicamente para quem tem muita intimidade com toda a engrenagem, e a que leva ao precipício, para os que têm pouco ou nenhum conhecimento, só ganância.

Parece assustador e realmente é. Mas a boa notícia é que existem formas muito mais seguras de multiplicar os seus ativos que não se metendo em uma savana africana financeira. Assim como no mercado tradicional, os entusiastas de criptomoedas encontram refúgios mais confortáveis em um território de instabilidade: a renda passiva.

(Mynt/Divulgação)

É preciso lembrar, no entanto, que estamos falando aqui de ativos de risco. Sempre haverá perigos.

Na atual fase bearish, as opções de renda passiva podem ser uma boa saída para movimentar suas criptos sem maiores arrojos, já que o momento econômico pede cautela. Vamos a algumas delas:

Staking

É uma alternativa muito popular e pode produzir ganhos extras sem despender tanta energia. Na modalidade, o investidor opta por deixar suas criptomoedas paradas no blockchain e, por isso, é recompensado com mais moedas.

O funcionamento é parecido com o de um CDB. Os usuários disponibilizam os ativos para a plataforma de staking (que seria o banco no mercado tradicional) e recebe juros por isso. No caso, os rendimentos do staking podem ser mais interessantes do que os oferecidos pelas instituições financeiras convencionais. Mas tudo vai depender do protocolo escolhido. É bom pesquisar bem e testar os serviços antes para evitar surpresas.

Se você é um holder ou quase não opera com os seus ativos, o staking é uma maneira de tirar a teia de aranha dos ativos que estão ociosos em carteira. O tempo de bloqueio e de resgate das criptomoedas após o término do staking também vai depender do operador cripto escolhido.

Existem as formas centralizada e descentralizada de usar o serviço. A mais cômoda é através das exchanges, as corretoras centralizadas (CEX), como Binance e Coinbase, por exemplo. As plataformas são bastante intuitivas e exigem menos conhecimento para fazer o staking.

As plataformas DeFi, por outro lado, oferecem uma variedade maior de criptomoedas para staking em comparação com as CEX, mas também exigem um certo conhecimento dos mecanismos das finanças descentralizadas.

Um dos pontos de atenção do staking é o tempo de aplicação. Alguns produtos exigem que os ativos fiquem bloqueados por um período mais longo. Outros propõem resgates mais flexíveis. É bom ficar ligado.

O staking surgiu como uma alternativa aos protocolos baseados no algoritmo de consenso de Prova de Trabalho ou proof-of-work (PoW), usado hoje pelo bitcoin e outras criptos, mas muito criticado por demandar um alto consumo energético.

Lending

Lending ou empréstimo é uma forma bem básica e amplamente usada para gerar renda passiva com cripto.

Funciona de forma semelhante a um empréstimo tradicional. Como investidor, você pode ganhar juros emprestando suas criptomoedas por meio de plataformas centralizadas ou descentralizadas. Os retornos são normalmente pré-determinados e pagos em intervalos regulares. A comunidade geralmente contribui com liquidez.

Nas finanças descentralizadas, o processo é automatizado e assegurado através de contratos inteligentes, ou smart contracts, programados em blockchain.

Todas as regras determinadas no empréstimo, como os juros e as garantias exigidas, são previamente definidas e executadas pelos smart contracts, eliminando a figura do intermediário.

E quais são os riscos nesse caso? Um dos mais comuns resulta da volatilidade. Você pode ser liquidado caso os preços das criptomoedas usadas como garantia caia de repente. Outro tem a ver com os smart contracts, que podem conter erros e ser hackeados, gerando perdas.

Yield farming

O “cultivo de rendimentos”, como diz o nome, é outro tipo de engenharia DeFi criada para gerar renda passiva. No processo, os usuários fornecem liquidez aos protocolos de finanças descentralizadas, mantendo as criptomoedas bloqueadas, e recebem recompensas por isso. Em geral, os ganhos vêm na forma de tokens nativos das plataformas DeFi usadas.

É comum o yield farming ser confundido com o staking. O yield farming é alimentado por usuários que funcionam como provedores de liquidez (LP) ao adicionar suas criptos a pools de liquidez (contratos inteligentes) em plataformas DeFi. No caso do staking, o esforço de bloqueio dos tokens é direcionado a dar suporte ao blockchain da plataforma e, assim, colaborar na validação de blocos e transações.

Como os LPs depositam seus ativos em certos pools de liquidez, outros usuários podem pegar emprestado e negociar as criptomoedas disponibilizadas. As transações que são feitas com as criptos têm uma taxa de serviço, que é distribuída entre os LPs. O incentivo ao financiamento do pool também pode vir da distribuição de seu token nativo.

Os yield farmers geralmente cultivam rendimentos fazendo movimentações de seus fundos entre diferentes protocolos. Existem diversos tipos de incentivos oferecidos pelos protocolos para atrair cada vez mais liquidez.

Airdrops

Os airdrops são uma manobra promocional que as empresas de blockchain usam para lançar seus projetos ou chamar a atenção para a criação de novos tokens nativos, por exemplo. Geralmente, são financiados por fundadores e desenvolvedores, que organizam uma distribuição gratuita de tokens. A ideia é premiar os early adopters da ideia e atrair novos usuários.

Como é uma ferramenta de construção e fortalecimento da comunidade, os usuários precisam deter uma certa quantidade do token para ter direito ao airdrop. Para os não detentores, é exigido o cumprimento de determinadas tarefas e, caso tenham sucesso, poderão ser considerados durante a distribuição gratuita. A maioria das incumbências tem a ver com o engajamento nas redes sociais do projeto, como seguir, comentar e compartilhar postagens, e funcionar como um canal de conexão entre os membros.

Airdrops podem gerar boas oportunidades, mas também devem ser encarados com cautela. Alguns projetos mal-intencionados podem usar a estratégia para atrair usuários e, com a demanda em alta, fazer o esquema conhecido como “pump and dump”. Ou seja, aguardar que os preços subam para vender as criptos no topo de sua valorização e, assim, lucrar em cima do interesse dos usuários. Com o despejo dos tokens no mercado, eles perdem valor e os detentores ficam a ver navios.

A distribuição gratuita de tokens também pode diluir o valor de mercado da cripto e impactar o seu preço no futuro. É sempre importante estudar o projeto e ter uma tese de investimento para não correr riscos desnecessários.

*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

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