Empresa responsável pela USDC substitui títulos do Tesouro dos EUA usados como reserva
Circle, que emite a stablecoin, afirmou que tomou a decisão após a recente possibilidade de calote por parte do governo dos EUA
Redação Exame
Publicado em 1 de junho de 2023 às 13h01.
A Circle, empresa responsável pela emissão da stablecoin USDC, anunciou que se desfez dos todos os seus investimentos em títulos do Tesouro dos Estados Unidos após a demora do país para aprovar uma elevação do seu teto de dívida e evitar um possível calote. Os títulos faziam parte das reservas da companhia para garantir a paridade do ativo com o dólar.
O fundo da companhia, que é controlado pela gestora de fundos BlackRock, possui cerca de US$ 24 bilhões em ativos sob gestão até a última terça-feira, 30. No fim de abril, porém, os ativos sob gestão totalizavam US$ 30 bilhões apenas em títulos do Tesouro.
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O CEO da companhia, Jeremy Allaire, já havia informado anteriormente que a companhia não buscaria renovar seus investimentos em títulos depois do vencimento dos que já haviam sido adquiridos. O último título venceu nesta semana, indicando que a empresa cumpriu com o anunciado.
Conforme os títulos foram vencendo, a empresa os substituiu por moedas fiduciárias, em especial o dólar, e acordos de recompra com bancos como BNP Paribas, Goldman Sachs, Barclays e o Royal Bank of Canada. Os acordos, na prática, funcionam como empréstimos colateralizados de curto prazo.
Atualmente, a USDC possui um valor de mercado de cerca de US$ 29 bilhões. Segundo a empresa, a estratégia faz parte de um esforço para proteger a stablecoin de uma "potencial turbulência" no mercado de títulos dos Estados Unidos. O Congresso do país tem até o dia 5 de junho para elevar o teto de dívida e evitar um calote do país. Um acordo sobre o tema foi aprovado na quarta-feira, 31, na Câmara e agora segue para o Senado.
Paridade com o dólar
Em março, a USDC chegou a perder brevemente sua paridade com o dólar após a falência do Silicon Valley Bank. A Circle, que emite a USDC, revelou que tinha US$ 3,3 bilhões no banco em reservas que garantem a paridade da criptomoeda com o dólar. A informação gerou pânico no mercado e levou à saída de investidores.
O movimento resultou em uma perda temporária da paridade da USDC em relação ao dólar. A stablecoin chegou a valer US$ 0,87. Entretanto, em poucos dias ela já iniciou um movimento de recuperação após os reguladores dos Estados Unidos anunciarem um plano que permitiu que os clientes do bancos acessassem seus depósitos, recuperando a paridade e a mantendo até o momento.
Apesar do caso, a stablecoin continua sendo a segunda maior do mercado em número de investidores e capitalização. Atualmente, as stablecoins correspondem por quase todo o volume movimentado de criptomoedas no Brasil. Esses ativos têm chamado a atenção de grandes empresas e ganhado cada vez mais espaço no mercado. Também no Brasil, o banco BTG Pactual se tornou o primeiro do mundo a lançar uma stablecoin pareada ao dólar , o BTG Dol.
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